domingo, 16 de fevereiro de 2014

John Kerry: Faça o que eu digo, não faça o que eu faço

Muito interessante o conselho dado pelo Secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, aos países em desenvolvimento da Ásia: diminuam a emissão de gases de efeito estufa, pois "Não é um exagero dizer que toda o estilo de vida que vocês vivem e amam está em risco."

No momento em que os Estados Unidos estão prestes a suplantar a Rússia como os maiores produtores de petróleo e gás, graças ao pouco sustentável "shale gas", parece uma piada a exortação ao controle de emissões. Veja a matéria abaixo extraída do estadão de hoje:



Kerry pede que Ásia leve mais a sério mudança climática
16 de fevereiro de 2014 | 11h 53

Agência Estado

O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, fez um apelo às nações em desenvolvimento da Ásia para que levem mais a sério a ameaça representada pela mudança climática. Em discurso neste domingo na Indonésia, ele pediu que as nações de crescimento rápido, que até agora têm sido relutantes em se comprometer com metas ambientais ambiciosas, busquem estabelecer limites para as emissões de gases do efeito estufa.

"Jacarta está realmente da linha de frente das mudanças climáticas", disse Kerry. "Não é um exagero dizer que toda o estilo de vida que vocês vivem e amam está em risco." Ele mencionou que o aumento do nível do mar poderia colocar metade de Jacarta debaixo de água.

No discurso, Kerry explicou que foi encorajado por um acordo anunciado depois de sua visita a Pequim na sexta-feira, que prevê que os EUA e a China compartilhem informações sobre os respectivos planos pós-2020 para limitar as emissões de gases estufa.

Segundo ele, o aumento da coordenação com Pequim no combate às alterações climáticas "pode ajudar a dar um exemplo" para outras nações.

Os países em desenvolvimento hoje respondem por cerca de 55% das emissões globais. Esse porcentual, no entanto, deverá crescer para cerca de 65% ou mais até 2030, o que reforça a importância de "convencer" essas economias a aderir a qualquer pacto climático internacional, disseram autoridades norte-americanas. Fonte: Dow Jones Newswires.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

UM MUNDO PÓS-GUERRA FRIA: Opinião Pública dos Estados Unidos é contrária ao Bloqueio a Cuba

Os norte-americanos pedem mudanças na política para Cuba

A maioria da população, com a Flórida à frente, apoia o degelo em relação à ilha
PETER SCHECHTER / JASON MARCZAK 11 FEV 2014 - 21:00 BRST

Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/11/opinion/1392120311_135251.html

A questão de Cuba se tornou uma pedrinha do tamanho de uma rocha no sapato das relações entre Estados Unidos e o restante da América. As políticas de Estado para Cuba se viram condicionadas pela política interna, e especialmente pela opinião da Flórida, onde vive a maioria dos cubano-americanos. Para ver se algo mudou, fizemos uma consulta sobre esse tema por meio de uma pesquisa aprofundada em todo os Estados Unidos, com uma amostra reforçada na Flórida.

O que encontramos nos surpreendeu.

Antes de mais nada: depois de cinco décadas tentando cercar Cuba, quem está isolado é Washington. O bloqueio de Cuba é um mito. Há poucas semanas, Cuba recebeu os presidentes latino-americanos e os secretários-gerais da OEA e das Nações Unidas na cúpula da CELAC. A União Europeia está a ponto de liberalizar suas relações com a ilha. O Brasil investe bilhões para criar um porto de águas profundas. A ilha é um dos destinos turísticos preferidos de canadenses e europeus. Até mesmo os Estados Unidos fornecem uma quantidade importante de produtos agrícolas e farmacêuticos consumidos em Cuba.

No entanto, graças à hábil pressão de grupos de lobby, as relações oficiais entre EUA e Cuba ficaram paradas no tempo. Por um lado, o horror sofrido pelos refugiados cubanos, que deixaram o país natal no começo da década de 1960, ainda tem uma grande relevância entre a comunidade de exilados e em Washington. Por outro, o Governo cubano soube explorar o regime de sanções –o que Fidel Castro chama de bloqueio– como uma muleta para deixar em segundo plano o atraso econômico e a péssima situação dos direitos humanos na ilha.

Abraham Lincoln disse: “A opinião pública é tudo. Com o sentimento público, ninguém pode falhar; sem a opinião popular nada pode ter êxito”. Estamos de acordo e decidimos pôr a discussão a respeito de Cuba sob a lupa da opinião pública.

As novas gerações de origem cubana consideram Miami e Los Angeles como seu lar
Existe um consenso entre a população norte-americana de impulsionar a mudança em relação a Cuba. Dos consultados, 56% estão de acordo com a ideia de normalizar as relações com Havana. Mas o que mais chamou a atenção foi o fato de que o apoio é ainda mais forte entre latinos e residentes na Flórida. Entre os latinos, 62% querem uma mudança, e o mesmo pensam 63% dos residentes da Flórida.

Vale a pena se deter aqui um segundo. A Flórida, lugar de maior concentração de cubanos e o suposto motivo de mais de 50 anos de congelamento da política para Cuba, lidera hoje a nação no apoio à normalização das relações com a ilha. Essa é uma mudança importante.

O questionário aprofundou em detalhes as múltiplas leis que sustentam o embargo. Mais de 6 de cada 10 entrevistados se mostraram favoráveis à proposta de facilitar o intercâmbio comercial entre os dois países, como também apoiam a liberalização sem restrições para viajar e gastar em Cuba. Aqui, também, entre os residentes da Flórida e os latinos, os números são ainda maiores que os do restante do país. Mais de 80% das pessoas na Flórida estão a favor de um maior diálogo com o Governo cubano sobre temas de interesse comum, como a luta contra o narcotráfico, o terrorismo e a cooperação para emergências no meio ambiente.

Esses resultados têm importantes implicações políticas. Queremos destacar três:

1. Embora a total normalização da política para Cuba seja majoritária, o que parece mais popular é desmontar o embargo passo a passo, e tema por tema. Eliminar a proibição de viajar, de gastar dinheiro, de cooperar com o Governo cubano em questões de mútuo interesse, retirar Cuba da lista de países terroristas... recebem, pelo menos entre 6% e 8% mais de apoio que a normalização total.

2. Os líderes políticos norte-americanos que consideravam um suicídio político apoiar qualquer mudança em relação a Cuba já não devem temer. A Flórida não só deixou de ser um empecilho, mas também lidera os EUA no apoio a uma mudança de política para Cuba. Parece que as novas gerações de origem cubana têm uma visão muito diferente; em primeiro lugar, são norte-americanos, orgulhosos de sua herança cubana, mas falam principalmente inglês e consideram Miami, Newark e Los Angeles como seu lar, e não mais Havana, Santiago ou Mayagüey.

3. O governo do presidente Obama fez ajustes nos últimos anos em relação à liberalização de viagens e de remessa de dinheiro para a ilha, mas essas alterações não são suficientes. Tirar Cuba da lista de países terroristas tem o apoio de 67% dos moradores da Flórida e de 61% do conjunto dos norte-americanos, e poderia ser a primeira prioridade. Levantar a proibição de viajar e de intercâmbios comerciais devem ser a segunda e terceira metas. A grande maioria dos consultados concorda que o Governo cubano é repressivo e ditatorial, mas reconhece que os Estados Unidos falam e negociam todo o tipo de coisa com um sem-número de países com Governos condenáveis.

Os norte-americanos dizem que o momento chegou. O embargo não melhorou a situação dos direitos humanos em Cuba: é possível que o intercâmbio possa, sim, fazer isso.

Peter Schechter é diretor e Jason Marczak é subdiretor do Adrienne Arsht Latin America Center no Atlantic Council em Washington DC.

OS WHITEBLOCS DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS


A NOVA ERA DA VIOLÊNCIA


por Wanderley Guilherme dos Santos

Professores universitários do Rio de Janeiro, de São Paulo e outras universidades falam do governo dos trabalhadores como se fosse o governo do ditador Médici, embora durante aquele período não abrissem o bico. Vetustos blogueiros, artistas sagrados como marqueteiros crônicos, jovens colunistas em busca da fama que o talento não assegura, políticos periféricos ao circuito essencial da democracia, teóricos sem obra conhecida e de gogó mafioso, estes são os mentores da violência pela violência, anárquica, mas não acéfala. Quem abençoa um suposto legítimo ódio visceral contra as instituições, expresso em lamentável, mas compreensível linguagem da violência, segundo estimam, busca seduzir literariamente os desavisados: a violência é a negação radical da linguagem. Mentores whiteblocks, igualmente infames.

A era da violência produziu a proliferação dos algozes e a democratização das vítimas. Antes, a era das máquinas trouxe a direta confrontação entre o capital e o trabalho, as manifestações de protesto dirigiam-se claramente aos capitalistas em demanda por segurança no serviço, salário, férias, descanso remunerado, regulamentação do trabalho de mulheres e crianças. Reclamos precisos e realizáveis. Politicamente exigiam o fim do voto censitário, o direito de voto das mulheres, o direito de organização, expressão e manifestação. Exigiam, em suma, inclusão econômica, social e política.

Os mentores dos algozes possuíam nome e residência conhecida. Os executores eram igualmente identificáveis: as forças da repressão, fonte da violência acobertada pela legislação que tornava ilegais as associações sindicais, as passeatas, os boicotes e as greves. As vítimas estavam à vista de todos: operários, operárias, desempregados, além de cidadãos, escritores e jornalistas solidários com a causa dos miseráveis.

Não há porque falsificar a história e negar que, ao longo do tempo, sindicatos mais fortes e oligarquizados também exerceram repressão sobre organizações rivais, bem como convocatórias grevistas impostas pela coação de operários sobre seus iguais. A era das máquinas não distribuía a violência igualitariamente, mas algozes e vítimas possuíam identidade social clara.

A atual era da violência, patrocinada por ideólogos, jornalistas, blogueiros, ativistas (nova profissão a necessitar de emprego permanente), professores, artistas, em acréscimo aos descontentes hepáticos, testemunha a agregação de múltiplos grupelhos, partidos sem futuro e fascistas genéticos aos tradicionais estimuladores da violência, os proprietários do capital, São algozes anônimos, encapuzados, escondidos nos codinomes das redes sociais, na covardia das palavras de ordem transmitidas a meia boca, no farisaísmo das negaças melífluas. Os whiteblocs disfarçam o salário e a segurança pessoal nas pregações ao amparo do direito de expressão e de organização. Intimidam com a difamação de que os críticos desejam a criminalização dos movimentos sociais. Para que não haja dúvida: sou a favor da criminalização e à repressão das manifestações criminosas, a saber, as que agridam pessoas, depredem propriedade, especialmente públicas, e convoquem a violência para a desmoralização das instituições democráticas representativas.

As vítimas foram, por assim dizer, democratizadas. Lojas são saqueadas, vidros de bancos estilhaçados, passantes, operários, classes médias, e mesmo empregados e subempregados que a má sorte disponha no caminho da turba são ameaçados e agredidos. A benevolência do respeito à voz das ruas é conivência. Essas ruas não falam, explodem rojões. Não há diálogo possível de qualquer secretaria para os movimentos sociais com tais agrupamentos porque estes não o desejam. E, quando um quer, dois brigam.

A era da violência é obscura. Não me convencem as teorias do trabalho precário porque não cobrem todo o fenômeno, também é pobre a hipótese de uma classe ascendente economicamente com aspirações em espiral (já sustentei esta hipótese), e, sobretudo, não dou um centavo pela teoria de que almejam inclusão social. Eles dizem e repetem à exaustão que não reclamam por inclusão alguma, denunciada por seus professores como rendição à cooptação corrupta.

Os autores intelectuais dos assassinatos já acontecidos e por acontecer são os whiteblocs. Têm que ser combatidos com a mesma virulência com que combatem a democracia. Não podem levar no grito.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Protestos e Terrorismo

Não caiu bem a proposta do Senador Tião Vianna (PT-AC) de acelerar a votação no Congresso da lei que tipifica terrorismo, justamente no calor dos acontecimentos relacionados à morte do jornalista Santiago Andrade.

Não se pode misturar as coisas. O terrorismo é urdido nos subterrâneos e seu impacto é elevado e imprevisível. Mesmo o conceito é muito controverso: o que é terrorismo, uma resposta de grupos minoritários contra a ordem estabelecida? Uma resposta da massa da população contra um Estado autoritário? Historicamente, o dito "terrorismo" só se estabelece se os seus agentes não tiverem êxito em suas ações... se obtiverem, os supostos terroristas são transformados em heróis, como George Washington, Michael Collins ou Moshe Dayan. Qual a diferença material entre as ações dos grupos sionistas na Palestina (Haganá) durante o mandato britânico entre 1920 e 1948 e as ações de grupos como a Fatah e o Hamas após a criação do Estado de Israel? Dor, destruição, fogo e sangue caracterizaram ambas as ações.

As palavras de John Adams não deixam dúvidas sobre a lógica dos rebeldes, que facilmente seriam chamados de terroristas pela Coroa Britânica: “Let justice be done though the heavens should fall.”

Já quando se trata de manifestações, por mais que haja uma preparação prévia para a sua realização, elas são feitas nas ruas, com suas pautas e suas palavras de ordem. Os seus participantes, por mais exaltados que sejam, podem ser identificados e enquadrados em eventuais crimes que venham a cometer. No entanto, no caso dessas últimas ondas de manifestações, nota-se algo orquestrado, de tão complexo que não se sabe se são de direita, de esquerda ou ainda ligadas ao crime organizado. Mesmo assim, o Código Penal já tem a devida tipificação sobre cada um dos eventuais delitos que podem ocorrer.

A atitude do Senador Tião Vianna é vergonhosa e mancha a história de seu partido e a de inúmeros militantes que construíram suas reputações nas ruas e nas greves. Afinal, quantos dos dirigentes do PT, e até mesmo do PSDB, já não foram rotulados de terroristas quando estavam na trincheira contra a ditadura militar?

domingo, 9 de fevereiro de 2014

SOBRE APAGÃO E TERRORISMO

Alguns post atrás eu advertia que 2014 seria o ano do terrorismo. Nesse processo, a extrema esquerda e a extrema direita iriam se irmanar, cada uma do seu jeito, para tentar derrubar o governo. Para uns, o governo do PT é de esquerda demais, para outros, de esquerda de menos.

Nesta semana, TODOS os meios de comunicação gastaram tinta por conta de uma crise de abastecimento de energia elétrica decorrente da queda do sistema de transmissão que liga Colinas (TO) a Imperatriz (MA). A interrupção demorou 4 minutos no Tocantins e menos de duas horas nos demais estados atingidos pelo corte de energia. Nós, de Marília, nem tomamos conhecimento do problema, assim como outros 190 milhões de brasileiros.

O sistema de distribuição de energia no Brasil é bem complexo. Diferentemente da Europa, onde a geração por termelétricas é local, nós de São Paulo consumimos energia elétrica gerada em diversos pontos do país, desde Itaipu até Tucuruí, no Pará. Esta interligação é importante porque permite ao sistema contrabalançar o excesso de chuva em uma região frente à estiagem em outras. É essa interligação que nos livra de APAGÕES, com letra maiúscula, como aquele que ocorreu entre 2000 e 2002, durante o segundo governo de FHC. Ademais, a construção de dezenas de termelétricas garante o suprimento de energia elétrica mesmo com estiagens prolongadas.

A memória do nosso povo é curta, o que pode aterrorizar algumas almas bem intencionadas frente a um problema pontual. Mas nós que vivenciamos 2001, não podemos nos esquecer da catástrofe que foi o racionamento de energia, obrigando o governo dar descontos aos consumidores que diminuíssem em pelo menos 20% seu consumo. Empresas tiveram que reduzir a produção diante da falta de energia. Aqueles que continuaram seus processos tiveram que gastar rios de dinheiro para alugar geradores a preço de ouro. O PIB potencial diminuiu 2% frente ao APAGÃO.

Aquele APAGÃO com letra maiúscula fez do Natal de 2001 o mais escuro da história, já que o governo proibia a iluminação do comércio por conta do racionamento. Hoje, quanto alguém falar de apagão e não comparar com 2000/2002 estará fazendo um mero terrorismo e mostrando a sua falta de caráter.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A REUNIÃO DE DAVOS


Anualmente, a estação de esqui da Suíça, Davos, recebe o Fórum Econômico Mundial. O evento reúne a fina flor do capitalismo mundial: grandes financistas, presidentes de empresas multinacionais, economistas da moda e também diversos Chefes de Estado do mundo inteiro. O objetivo do Fórum é o de debater os grandes desafios da economia global e também articular investidores e governos para impulsionar novos negócios. É uma festa concorrida, mas os convidados são poucos.

Como diz o ditado, quem organiza a festa escolhe os comensais, os pratos e também a música ambiente. O Fórum de Davos reflete a visão do capitalismo financeiro, predominantemente neoliberal. As ideias lá discutidas dão o tom com que a grande imprensa mundial formará a opinião pública, tornando palatável para a população medidas que são tomadas justamente para prejudicar o seu interesse frente ao interesse do capital. Muitas vezes, quando a população de Portugal ou da Espanha sai às ruas, a grande imprensa doura a pílula amarga do desemprego como se isso fosse o ÚNICO caminho a seguir.

Esta mesma imprensa no Brasil tratou de dar ampla cobertura à participação da Presidente Dilma Rousseff no Fórum. Segundo seus articulistas, a presidente deveria ir a Davos para beijar a cruz do neoliberalismo financeiro e fazer “mea culpa” de sua política econômica que mantem baixo o nível de desemprego, que garante aos pobres o acesso ao consumo e ainda mantém a inflação mais baixa do que nos governos de FHC e Lula. Por outro lado, ela busca emparedar o governo com o objetivo de realizar reformas, como a trabalhista, que tem justamente o efeito de retirar direitos dos trabalhadores.

Seguindo a visão de Davos, recente editorial do jornal O Globo desfiava um rosário de críticas à política de valorização do salário mínimo, alegando que isto elimina a competitividade do Brasil. A menos que se queira reduzir o nível de vida do nosso povo ao nível de um haitiano médio, para com isso competir com a produção manufatureira do Vietnam ou de Bangladesh, a solução não está em arrochar os salários, mas sim melhorar a qualidade da formação de nossa força de trabalho, aumentar investimentos em ciência e tecnologia e fortalecer o nosso mercado interno, justamente com políticas que elevem o nível de renda no país mais desigual do mundo.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

The Empire Strikes Back: uma nova era para o combustível fóssil

Muitos analistas políticos classificam o governo do presidente norte-americano Barack Obama como um dos mais fracos dos últimos tempos. Se olharmos para a agenda do então candidato, poderia se imaginar a emergência de uma agenda reformista nos Estados Unidos,enfrentando problemas como a desigualdade social crescente, o problema imigratório que faz a população hispano-americana alvo das mais impensadas ações de preconceito e injustiças, a criação de um amplo sistema de saúde pública, o combate à imoralidade de Wall Street ou ainda o incentivo à geração de energia limpa tal qual defendem os grupos ambientalistas. Na conta das promessas havia a busca de soluções pacíficas para os conflitos internacionais e também a criação de milhões de empregos para os seus nacionais.

Passados cinco anos de governo Obama, muito de suas promessas foram esquecidas, quando não invertidos os seus sinais. O caso da indústria petrolífera é um deles. Em pouco tempo, os Estados Unidos diminuíram pela metade as importações de petróleo ao elevar a produção interna, principalmente do controverso "shale gas", o gás de xisto, cujos impactos ambientais são lembrados pelos ambientalistas.

De qualquer forma, do ponto de vista do Império, antes de se preocupar com questões globais, o importante é garantir os meios para a sua sobrevivência. Acompanhe a seguir uma interessante reportagem de El País sobre este tema:


EE UU retrasa la hora de su ocaso
El auge en la producción de petróleo y gas y la recuperación económica afirman la supremacía de Washington mientras los emergentes sufren turbulencias

A. RIZZI Múnich 1 FEB 2014 - 22:02 CET
Fonte: http://internacional.elpais.com/internacional/2014/02/01/actualidad/1391288553_636224.html

Las profecías acerca del ocaso de la supremacía global de Estados Unidos circulan desde hace tiempo y han proliferado con especial intensidad desde el estallido en 2008 de la crisis financiera incubada en Wall Street y aledaños. El reciente bloqueo político en Washington y el constante ascenso de China, entre otros elementos, han ofrecido sólidos apoyos para esa tesis. Los errores de Bush (en Irak) y los titubeos de Obama (en Siria) han echado más leña al fuego, igual que los límites mostrados por la intervención en Afganistán y ciertos éxitos diplomáticos de Rusia. Sin embargo, el conjunto de los debates, análisis y maniobras diplomáticas desarrolladas en la Conferencia de Seguridad de Múnich proyecta serias dudas sobre la teoría del desvanecimiento de esa supremacía en el corto y medio plazo.

Varios elementos se yuxtaponen a la nutrida galería de recientes dificultades, límites y fracasos de Washington.

EE UU se ha convertido en 2013 en el principal productor mundial de gas y petróleo. La eficaz utilización de la tecnología de la fractura hidráulica (fracking) permite explotar nuevos yacimientos en su territorio. La producción de crudo, que en 2008 rondaba los cinco millones de barriles diarios, ahora ronda los ocho millones. En el mismo periodo, la extracción de gas ha aumentado en más de un 20%.

Esta dinámica, que según los expertos seguirá, reduce la dependencia energética del país y, además, contribuye a enfriar los precios de los hidrocarburos, de los que dependen las aspiraciones de varios rivales de Washington. Empezando por Rusia, que es un monocultivo económico, pasando por Venezuela, Irán, y otros. Si la dinámica se confirma, pronto EE UU podrá depender tan solo de las importaciones de crudo de Canadá y México, dos países amigos.

El auge energético, de paso, es un elemento importante de la resurrección económica estadounidense. Tras el pánico de Lehman Brothers, EE UU ha logrado levantarse más rápido que Europa, con una eficaz actuación del Gobierno y de la Reserva Federal. Desde entonces, el PIB ha crecido con continuidad, las empresas han escalado las listas de capitalización bursátil y se han creado casi ocho millones de empleos. La economía creció a un notable 4,1% en el tercer trimestre de 2013, y un 3,2% en el último. Las previsiones para 2014 son buenas. El déficit se está reduciendo rápidamente.

Estos elementos riegan con sangre fresca el músculo estadounidense, cuya maquinaria militar sigue teniendo una ventaja sideral con respeto a los rivales. No solo su gasto en defensa es aún superior al de las siguientes diez principales potencias juntas; sino que décadas de mayor inversión y experiencia bélica han acumulado un activo prácticamente inigualable en el breve y medio plazo. Las retiradas de Irán y, este año, de Afganistán, permitirán a unas fuerzas armadas sometidas a un enorme esfuerzo respirar y adaptarse al futuro sobre la base de las lecciones aprendidas sobre el terreno.

La maquinaria diplomática —como se ha visto aquí en Múnich— sigue teniendo la ambición de abarcar de lleno todo el planeta. “No nos vamos a retirar de ningún lugar de la tierra”, respondió el secretario de Estado, John Kerry, a una pregunta sobre la presunta tentación de Washington de reducir su abanico de actividad. Kerry explicó cómo pasó buena parte de las vacaciones de Navidad impulsando una tregua en Sudán del Sur.

Estos elementos, junto con la capacidad de innovación tecnológica, la excelencia de las universidades y el atractivo cultural que hace de imán a cerebros brillantes conforman una estructura de potencia que sigue siendo difícil igualar.

Al otro lado, China ha avanzado a pasos de titán en las últimas décadas. Su PIB ha crecido a un ritmo medio del 10% anual desde 1978. Su peso demográfico, industrial y comercial augura un claro futuro de superpotencia a Pekín. Pero China se está ralentizando —crecimiento inferior al 8% en los dos últimos años— y son grandes los desafíos que tendrá que superar para mantener el ritmo y acercarse a la capacidad militar, diplomática y tecnológica de Estados Unidos.

Entre ellos se pueden destacar tres: la creciente brecha social entre ricos y pobres amenaza con causar inestabilidad social y perjudicar el consumo interno chino, elemento indispensable para la consolidación del crecimiento económico; la subida de los salarios reduce la competitividad de los productos chinos, y está por ver que la economía del gigante asiático logre ofrecer suficiente valor añadido como para compensar esa pérdida —la llamada trampa de los países de ingresos medios—; la política del hijo único producirá una dinámica demográfica desfavorable en las próximas décadas.

A la vez, la inestabilidad que sufren en estos días sus divisas muestra que el triunfal ascenso de varios países emergentes no está exento de graves riesgos.

Pese a sus errores y límites, el ocaso de la supremacía de EE UU no parece tan cerca en el horizonte.