sexta-feira, 30 de agosto de 2013

MÉDICOS: NÃO IMPORTA A COR DO GATO

É preocupante ódio destilado pela direita brasileira com relação ao programa “Mais Médicos”. Tome-se, por exemplo, a frase dita pelo presidente do Conselho Regional de Medicina da MG: “Vou orientar meus médicos a não socorrerem erros dos colegas cubanos". O agravante nesta frase é que um líder profissional, além de estimular um crime (a não prestação de socorro), ainda requenta um ódio ideológico contra os cubanos como se estivéssemos em plena Guerra Fria. Vale lembrar que os médicos estrangeiros serão enviados para os locais onde não há médicos que atendam às necessidades da população. Em Marília, por exemplo, estimativas indicam a carência de pelos menos 30 profissionais. No entanto, pouquíssimos médicos atenderam ao edital do Governo Federal para o preenchimento de vagas nos locais mais carentes. Diante da insuficiência, desinteresse ou boicote de profissionais brasileiros, abriu-se a possibilidade de contratar médicos de outros países, como de Portugal, da Espanha, da Argentina ou de Cuba. Num país carente de médicos, a gritaria sobre o programa “Mais Médicos” é uma mistura de corporativismo (menor a oferta, maior o preço) com oportunismo político. Nas pequenas cidades e nas periferias (incluindo a de Marília), o principal profissional de saúde é o balconista da farmácia, seguido pela vizinha (que tomou um remédio muito bom e sarou) e por fim pela benzedeira. A incompetência e a mesquinhez ideológica da elite são tamanhas que o país não consegue resolver nenhum de seus problemas seculares, como a educação, a saúde, a reforma agrária ou o déficit habitacional. Os recursos para a saúde são escassos, mas ninguém diz isso nos cartazes dos manifestantes (de direita), porque implicaria aumentar os impostos dos ricos. O fim da CPMF retirou R$ 42 bilhões do sistema e não caiu o preço de nenhum alfinete. Inteligente era Deng Xiaoping, que não estava preocupado com a cor do gato, mas se o gato pegava ou não ratos. Para mim, não importa a origem do médico, desde que os mais pobres tenham alguma assistência em seu infortúnio. Publicado no Jornal Bom Dia Marília em 25/08/2013

MARÍLIA: UMA CIDADE INCULTA E DOENTE

O título do artigo desta semana pode chocar a alguns, mas está baseado na mais crua constatação: em nossa cidade se consume remédios com voracidade, mas se lê livros com a parcimônia de quem faz dieta. Alguém já contou a quantidade de farmácias que existe na Av. Sampaio Vidal, no trecho entre a Av. Rio Branco e a Rua São Carlos? Passa de uma dezena. Se a essas somássemos as das ruas no entorno, o número seria o dobro. No entanto, quantas livrarias há nesse mesmo trecho, a área nobre do comércio de Marília? Eu não levantei esta lebre, mas sim um professor da Universidade de Córdoba (Argentina) que estagiou na Unesp por um mês. Isto me fez pensar numa brincadeira dos colegas argentinos que dizem que na Av. Corrientes, no centro de Buenos Aires, há mais livrarias e teatros do que em todo o Brasil. Com vergonha reconheci que isso é muito próximo da realidade. Não vamos discutir sobre teatro porque “não se fala de corda em casa de enforcado”... Voltemos para os livros. No primeiro semestre de 2013, a cidade perdeu mais uma livraria: a do campus da Unesp, que faliu por falta de demanda. Não adianta falar das cópias de capítulos de livros, porque o problema é mais básico: a população brasileira é semianalfabeta, não apenas os pobres, mas também os “universitários”, a classe média e a elite. É mais rápido sorver um copo de Chopp do que ler uma página de livro. Apesar de tudo, há os heróis que ainda tentam sobreviver vendendo livros, mas a tarefa é tão inglória que tiveram que rechear suas livrarias com vinhos, instrumentos musicais, bolsas da Barbie e até mesmo confecções. Vender livro numa cidade doente e inculta é duro! Se por acaso a população que se diz alfabetizada lesse um livro POR ANO, seriam vendidos mais de 200 mil exemplares, considerando aí livros didáticos, de autoajuda, de dietas, religiosos e de vampiros. Se isso ocorresse, talvez tivéssemos menos farmácias (e também menos botequins), já que vender cultura também poderia ser uma atividade lucrativa. Publicado no Jornal Bom Dia Marília em 18/08/2013

DIREITO À PRIVACIDADE

Recentemente, a população ficou atônita com a divulgação de que o governo dos EUA montou uma rede de espionagem que vem violando a privacidade de milhões de pessoas no mundo inteiro, incluindo os brasileiros. Pior ainda, que nessa empreitada conta com o apoio do Google, da Microsoft, do Skype e do Facebook. Isto implica dizer que tudo o que postamos ou falamos pela Internet é sujeito à interceptação pelos espiões norte-americanos. Recentemente, de acordo com o The Guardian, uma jornalista dos Estados Unidos teve sua casa vasculhada pelo FBI porque havia feito uma busca no Google por “panela de pressão” e “mochila”, enquanto que o filho adolescente fazia buscas para obter informações sobre os atentados de Boston. O perfil da família se encaixava com o dos terroristas de explodiram as bombas na Maratona de Boston... Apesar de tudo, esta discussão parece estar longe de nosso cotidiano. Mas qual seria a reação do leitor se nesse estoque de quebra de privacidade fossem incluídos os seus dados cadastrais? Alguém já se perguntou qual a origem da SERASA-EXPERIAN, a maior empresa de dados cadastrais do Brasil? Ficariam chocados ao saber que se trata de uma multinacional norte-americana? Nesta semana tivemos mais um choque: quase que o Tribunal Superior Eleitoral disponibiliza os dados de 140 milhões de brasileiros para a SERASA. A Presidenta do TSE, Carmem Lúcia, barrou a transação, mas fica a dúvida sobre o porquê o Estado iria disponibilizar dados dos cidadãos para uma empresa multinacional. Dessa questão surge outro ponto que merece ser mais bem tratado: o Cadastro Positivo. Por ele, o próprio consumidor abre mão de seu sigilo e o repassa para a SERASA. Em princípio, o chamariz é a possibilidade, ainda não escrita em lugar algum, de que o bom pagador seria beneficiário de juros menores. Pergunto: alguém acredita em Papai Noel? Quando o consumidor já foi beneficiado pelo sistema de crédito? Desconfio que o tal Cadastro será utilizado apenas para cobrar mais caro daqueles que foram insolventes, não melhorando em nada a vida de bons pagadores. Vamos apostar? Publicado no Jornal Bom Dia Marília em 11/08/2013

MÉDICOS E AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO

A criação de uma economia capitalista não foi obra da mão invisível, mas de um projeto político da burguesia em eliminar todas as resistências à mercantilização da vida social. No alvorecer capitalismo, as corporações de ofício foram derrotadas liberando o mercado de qualquer restrição. Antes, se alguém quisesse vender um produto numa determinada cidade ele deveria ser membro de uma corporação, por exemplo, a dos sapateiros de Londres, e eram proibidos os descontos ou as inovações técnicas que não fossem autorizados pela corporação. Do ponto de vista dos associados, a corporação foi muito importante, pois evitou a concorrência e a queda nos preços dos produtos. Poderia existir um sapato mais barato e de melhor qualidade em Kent, mas os produtores de lá não podiam vender fora de seu mercado. Pior para os consumidores, que eram forçados a comprar o sapato de Londres sem poder escolher o melhor preço e qualidade. Quando observamos a atuação das entidades médicas no Brasil, como o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira, é impossível não interpretar suas posturas como a de uma corporação de ofício que busca defender seus associados sem se preocupar com seus “clientes”. Duas atitudes saltam aos olhos: a restrição à ampliação dos cursos de medicina no Brasil e a proibição velada para que médicos de outros países trabalhem no Brasil. Digo isto porque se o exame “Revalida” fosse aplicado no Brasil para os formandos da maior parte das Faculdades de Medicina, teríamos uma tragédia do tamanho da OAB. Resultado, a relação médico por habitante no Brasil é metade da média europeia. Talvez os médicos estejam certos em defender o seu quinhão. Se os professores universitários limitassem a formação de novos doutores talvez nosso salário fosse bem melhor, pela escassez de doutores. Mas aí pergunto: seria melhor para a sociedade? Se a oferta é grande, pode-se escolher entre os ótimos, bons e medíocres... Mas se a oferta é menor do que a demanda, muitos médicos incompetentes acabam tendo mercado, justamente atendendo as pessoas mais pobres que não têm opção. Publicado no Jornal Bom Dia Marília em 04/08/2013

UNESP DE MARÍLIA: QUE VERGONHA!

Para aqueles que na Unesp de Marília repetem o mantra de “defesa do ensino público, gratuito e de qualidade”, como o fazem certos professores e seus discípulos, não há nada mais contraditório do que as deliberações da Comissão de Ensino 15/07, que instituiu a sistemática de reposição de aulas frente à paralisação dos alunos. Desde 23 de abril eles se recusam a assistir aulas, perfazendo o total de 55 dias sem atividades. Foi decidido que serão repostas 27 aulas, sendo que as demais serão registradas como aulas dadas e falta coletiva. Informalmente, houve um acordo que prevê que as faltas anteriores à decretação da “greve” deverão ser “diluídas” na carga faltante de forma a não reprovar ninguém. Quanto ao conteúdo das aulas, isto é um mero “detalhe”! Nesse contexto, vejam a resolução da última assembleia de docentes da Unesp de Marília: “[Decide-se] manter a mobilização e deliberar sobre o indicativo de greve na próxima Assembleia em 30/07, já que a reitoria pouco avançou frente a Pauta de Reivindicações (...) Respeitar as deliberações da Comissão de Ensino sobre a reposição de aulas”. Resoluções da Assembleia da ADUNESP DE 17/07/2013. Complemento esta reflexão com um “post” extraído do Facebook, em que um aluno ironizou a tal reposição: “[Os professores] só estão realmente preocupados em retornar as aulas, para cumprir uma Reposição que não contempla a nenhum dos alunos (creio eu). Sendo que, sabemos e não vamos ser hipócritas, que estas aulas de reposição mesmo não sendo repostas integralmente, ainda assim serão dadas "malemá" (sic). Retirado do grupo “Greve e Ocupação 2013 UNESP-MARILIA” –FACEBOOK – 20/07/2012 ÀS 00:40H. (Grifos meus) Diante do exposto, os inimigos da Unesp de Marília podem se dar por satisfeitos: nenhuma difamação é pior do que a cultura lá enraizada. Como resultado, docentes e funcionários somos objeto de escárnio nos círculos sociais nos quais participamos. Sei que com esta denúncia estou subindo o Gólgota, mas pior do que peso da cruz é o peso da vergonha. A propósito, todos os meus alunos foram reprovados por falta. Publicado no Jornal Bom Dia Marília em 21/07/2013

GLOBO, SONEGAÇÃO E SAÚDE

Nas duas últimas semanas a Internet esteve recheada de notícias que davam conta da sonegação de impostos por parte da Rede Globo. O caso ocorreu em 2002, quando a emissora de TV comprou os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002 e os pagou com dinheiro de paraísos fiscais, no caso, as Ilhas Virgens Britânicas. O valor em questão: R$600 milhões! A denúncia do “Blog do Cafezinho” divulgou os documentos que comprovam a autuação da Receita Federal e também o sumiço da documentação original por parte de uma servidora da Receita, em 2006. Esta foi condenada pela Justiça Federal, mas se encontra em liberdade por meio de “Habeas Corpus” concedido pelo STF. A Globo emitiu nota, em 09/07/2013, se posicionando sobre o tema, afirmando que a “que não tem qualquer dívida em aberto com a Receita”. O caso em si é emblemático, pois a linha editorial da Rede Globo se pauta por um moralismo hipócrita e seletivo, da mesma maneira que Carlos Lacerda criou o “mar de lama” de acabou no suicídio de Getúlio Vargas. Ora, os malfeitores que são demonizados na telinha poderiam ser encontrados também por detrás das câmeras. Esta questão nos remete à enorme sonegação de impostos por parte dos ricos. Enquanto a classe média e os pobres em geral não tem como fugir da elevada tributação, os ricos encontram meios sofisticados para burlar o Fisco, não apenas pela evasão de divisas, mas também por meio de tributaristas que fazem “planejamento tributário”, um eufemismo para a sonegação pura e simples. Enquanto isto, cria-se a ilusão de que os problemas básicos do Brasil, como educação e Saúde, não são resolvidos apenas por falta de vontade política. É MENTIRA! Em todos os níveis de governo o orçamento é muito baixo, mesmo considerando os péssimos salários dos servidores. Como um país com renda per capita de US$10.000,00 pode oferecer a todos os cidadãos saúde e educação gratuitos e ainda de qualidade se países com renda cinco vezes maior não o fazem, como os EUA? Se falta dinheiro, por que não recriar a CPMF, o único imposto que não pode ser sonegado pelos ricos? Publicado no Jornal Bom Dia Marília em 14/07/2013

QUEM TEM MEDO DO POVO?

Os analistas políticos e os partidos de oposição vêm gastando muita tinta contra a proposta de plebiscito da Presidenta Dilma Rousseff a respeito da reforma política. Em parte, eles até tem razão, dada a dificuldade de mobilizar o Congresso para aprovar a consulta popular e também frente a exíguo prazo para tramitar todo o processo a tempo de influenciar a eleição de 2014. A concordância com a oposição para por aí. A Revista Veja dedicou sua última edição para escrachar a ideia de plebiscito ao formular teses ultraconservadores quando não lunáticas. A GloboNews também rechaça a ideia acusando o governo de “chavismo”, um novo tipo de insulto depois do fracasso do “comunismo”. Eles têm medo do povo. Se o governo FHC perguntasse ao povo se queria a privatização da Vale do Rio Doce, a resposta popular seria um rotundo NÃO! Por isso, os partidos de oposição e seus porta-vozes tem um profundo medo de ouvir o povo, diferentemente de Chávez ou dos norte-americanos. A questão da reforma política é muito sensível. Ela está em discussão há pelo menos 20 anos, quando da derrubada de Collor. Desde lá, ela trava no Congresso, por que? Ora, um congressista teria interesse em mudar as regras que o levaram a conquistar um mandato popular? Por que restringir a principal fonte de corrupção que é o financiamento de empresas às milionárias campanhas eleitorais? Por que acabar com as coligações proporcionais se este é o pré-requisito para a existência de partidos sem conteúdo ideológico e programático? Por que não discutir a criação ou não de distritos e que cada deputado seja eleito pelo voto majoritário, com dois turnos? O eleitor mariliense que quiser ter uma ideia de como este sistema é perverso, basta observar com atenção a composição de nossa Câmara Municipal e a real representatividade de nossos vereadores. Não há um que foi eleito com seus próprios votos, necessitando de contar com o coeficiente da coligação, ademais, formada por uma federação de partidos nanicos, sem expressão real. Frente a isto, por que não perguntar ao povo se ele está satisfeito com este sistema político? Deixe o povo opinar! Publicado no Jornal Bom Dia Marília em 07/07/2013

PERGUNTAS DE UM LEIGO AO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

As manifestações de médicos contra a entrada de profissionais estrangeiros e a luta de outras categorias contra a lei do “Ato Médico” me fizeram levantar algumas questões aos conselheiros do CFM. São perguntas de leigo, logo, um tanto inocentes: 1) Num mundo em que a interdisciplinaridade é regra, há alguma explicação científica para a lei do Ato Médico, este que cerceia o trabalho de fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiros, fonoaudiólogos, biomédicos, etc.? 2) Se o exame de validação de diplomas de médicos estrangeiros fosse aplicado aos nossos atuais médicos, será que eles teriam desempenho melhor do que os formandos de Direito no Exame da OAB? 3) A propósito, por que o CFM não defende a obrigatoriedade de um exame para os formandos de medicina? Isto não evitaria a série de erros médicos que a imprensa tanto denuncia? 4) Todos querem um país “novo”. Não seria o caso de o CFM caçar o registro de médicos que burlam o Fisco ao importar (para si) equipamentos se valendo do certificado de filantropia de “Santas Casas”, por exemplo? 5) O vendedor de banana emite nota fiscal eletrônica. Não seria o caso de instituir medida similar para evitar a evasão de impostos de profissionais liberais? 6) Por que o CFM não pune médicos que cobram “por fora” de clientes de planos de saúde? 7) É moral médico viajar com despesa paga por laboratório farmacêutico, justamente aquele que produz o remédio que este mesmo médico prescreve? 8) No hospital do Dr. House há indianos, judeus, chineses, africanos, etc. Pelo menos 25% dos médicos nos EUA são estrangeiros. Por que no Brasil só há 1,5%? 9) O Brasil é o 85º no ranking do IDH da ONU e Espanha (23º), Portugal (43º), Argentina (45º) e Cuba (59º). Por que a formação de profissionais desses países seria pior que a do Brasil? 10) Em cidades miseráveis, onde não há médicos, a presença de um não ajudaria a diminuir o índice de mortalidade? Se onde morriam 10, com a chegada de um médico este número caísse para 5, já não seria uma vitória? Como diz o título, são perguntas de um leigo. Publicado no Jornal Bom Dia Marília em 30/06/2013

O GOLPE E O ÓDIO QUE EMERGEM DAS RUAS

Há uma perplexidade geral com as manifestações que vem abalando o Brasil nos últimos dias. Elas começaram com um inexpressivo grupo que lutava pela gratuidade do transporte público e acabou por catalisar uma série de descontentamentos. Transporte, moradia, corrupção, educação, saúde, etc. são temas que todos os brasileiros gostariam de ver solucionados. Da mesma forma como são difusas as pautas, são difusos os manifestantes. Eles vão de militantes de grupelhos da extrema esquerda até grupos assumidamente neonazistas. No meio disso, uma massa fluída que não sabe qual será o desfecho de sua revolta. Chama atenção a postura da mídia. Quando a cobertura se restringia aos grupos do Movimento Passe Livre, ressaltava-se o radicalismo e a necessidade de a polícia agir com vigor. De uma hora para outra, a própria grande mídia passou a liderar a convocação de manifestantes e a incorporar no debate as pautas defendidas por seus editorialistas. Muito do que se vê como descontentamento, faz parte da pauta política destes grupos. É um ódio construído. A animosidade contra os grandes eventos internacionais vem de longe. Eu, que frequentemente passo por aeroportos, sempre deparo com alguém da elite torcendo o nariz contra a “nova classe média” e utilizando o bordão de “imagine na Copa?”. Uma revista semanal chegou a diagnosticar que os estádios só seriam entregues em 2037. De fato, as correntes que há tempos buscam desestabilizar o governo fizeram do limão limonada. Ao hostilizar os partidos e a classe política, indistintamente, jogam a massa no colo de fascistas, buscando viabilizar um golpe contra as instituições e quebrar o ciclo de governos progressistas, aqui e na América Latina. Derrubar o governo brasileiro será a senha para outros golpes. As pessoas que de boa vontade engrossam estas manifestações devem começar a refletir: para onde vai o movimento? As lideranças ditas “revolucionárias” tem algo a oferecer? O que fez a elite conservadora do Brasil, ao longo de cinco séculos, senão criar o país mais desigual do mundo? Vale o dito antigo acerca desse movimento: o que é bom, não é novo, e o que é novo não é bom! Melhor a chatice da normalidade democrática do que a adrenalina de ditaduras. Publicado no Jornal Bom Dia Marília em 23/06/2013

UNESP: SUPERAR A INERCIA DA CONGREGAÇÃO

Nesta segunda-feira, a invasão do Prédio de Administração da Unesp de Marília completa 56 dias. O período coincide com a suposta “greve” dos alunos. Por decisão intempestiva e unilateral, uma parcela dos estudantes inviabilizou o primeiro semestre de 2013, além de paralisar parte das tarefas administrativas do campus. Ao longo deste período, as vias para o diálogo sempre estiveram abertas, principalmente no âmbito da própria unidade. Não se esperava outra postura do atual Diretor, Dr. José Carlos Miguel. Ele, ex-presidente da Associação de Docentes, tem sua trajetória na Unesp marcada pela democracia e por sua atuação nas lutas da comunidade, cujo exemplo mais recente foi a suspensão do decreto do ex-Governador Serra, em 2007, que tentava coibir a autonomia universitária. Além disso, as instâncias superiores da Unesp, como a Pró-Reitoria de Extensão, dirigida pela ex-Diretora do Campus de Marília, Dra. Mariângela Fujita, têm buscado junto com a Direção local atender parte das reivindicações dos alunos, como o aumento do número de bolsas de custeio e a ampliação do restaurante universitário. A despeito dos esforços em buscar uma solução condigna para os problemas, persiste a intransigência de parcela dos alunos. Tal postura parece que não será demovida pelo diálogo. Frente a isto, o que fazer? Cruzar os braços e ver o trabalho de centenas de profissionais simplesmente ir para o ralo? Ficar inerte vendo erodir o prestígio de nosso Campus junto à comunidade? Os impasses numa sociedade democrática, em última instância, são superados pela aplicação da Lei. Diante disso, pergunto ao Sr. Diretor e à Egrégia Congregação da Faculdade de Filosofia e Ciência de Marília: até onde continuará a omissão frente à arrogância e irracionalidade de poucos alunos? O Estatuto e o Regimento da Unesp têm algum instrumento para casos como este? A estrutura legal do Estado brasileiro tem algum remédio para esta situação? Se a legislação não é omissa, seria injustificável a inação dos órgãos máximos da Faculdade. Às vezes, prudência em excesso pode ser confundida com covardia. Publicado no Jornal Bom Dia Marília em 16/06/2013

Sobre os prejuízos de uma greve na Universidade

Retorno ao tema da greve na Unesp. Em princípio, quando se fala de uma greve em Universidades a primeira coisa que vem à mente é a perda de aulas. De fato, este prejuízo é o mais aparente para a comunidade. É na sala de aula onde o aluno tem a maior parte de sua formação, porém, este não é o único espaço. Numa Universidade com U maiúsculo, as atividades acadêmicas não se restringem às aulas. A aprendizagem passa por atividades de pesquisa e de extensão, além de uma série de eventos científicos, como congressos, colóquios, seminários, mesas redondas etc. e também pelo convívio no espaço universitário, como em atividades esportivas e culturais ou mesmo no silêncio da biblioteca. Somos contrários ao ensino superior à distância porque isto priva o estudante de uma experiência única que é o período em que ele desfruta desse ambiente. Na área de pesquisa, o trabalho de grupos de pesquisa coloca o estudante em contato com discussões de ponta na sua área de conhecimento. Os congressos e seminários possibilitam a ele entrar em contato com pesquisadores de renome que de outra forma não teria acesso. No caso da extensão universitária, pensemos, por exemplo, em atividades da área de pedagogia que podem ser desenvolvidas em conjunto com a rede estadual de educação básica, ou ainda, o aprimoramento de alunos de fisioterapia em contato com pacientes que necessitam de cuidados. A formação se complementa e se enriquece. Na conta do prejuízo, compartilho um desgosto pessoal. Sou um dos coordenadores do Grupo de Pesquisa dos BRICS, certificado junto ao CNPq. Neste semestre, não pude organizar nenhuma reunião por conta das “greves”. Por outro lado, decorrente de um convênio da com a Universidade de La Plata, receberíamos em nosso campus para a oferta de um curso de pós-graduação um pesquisador que fora Vice-Ministro de Defesa da Argentina e um dos idealizadores da UNASUL. Devido à greve, tivemos que cancelar sua vinda. Como vemos, a falta de estabilidade institucional na Unesp de Marília tem inviabilizado atividades essenciais. Infelizmente! Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 09/06/2013

UNESP DE MARÍLIA: ABISMO QUE CAVASTES COM SEUS PÉS

Até hoje me abstive de mencionar a crise por que passa a Unesp de Marília. De fato, tinha a ilusão de que o mal estar causado pela ocupação da Diretoria por parte dos alunos iria se exaurir e a normalidade retornaria ao campus. Ledo engano! Nesta segunda-feira uma greve de docentes e servidores irá paralisar de vez a nossa unidade. É preciso considerar que em todos os movimentos sociais há sempre uma justa motivação para a adoção de medidas extremadas: a ausência de moradias para estudantes pobres ou a insatisfação com o salário por parte de docentes e servidores. Isto talvez justificasse a ocupação da Diretoria ou a decretação de uma greve. No entanto, a experiência da luta social mostra que as vitorias de movimentos reivindicatórios não dependem da justeza dos pleitos, mas da viabilidade político/econômica oferecida pela conjuntura, além da capacidade de mobilização massiva dos descontentes. Não é isso o que acontece neste momento. Há uma anomalia no campus da Unesp de Marília. Criou-se um mito de que a Faculdade é uma base revolucionária e referência nas lutas políticas no âmbito das universidades estaduais. Esse vanguardismo é insuperável: enquanto o Fórum das Seis (entidade que agrega a representação da USP, Unicamp e Unesp) defende a paralização de um dia para forçar a negociação com o Reitores em 11 de junho, os luminares de Marília decretam uma greve na expectativa de acender uma faísca revolucionária nos demais campi. O resultado disso é uma situação patética em que o conjunto das universidades estaduais se encontra em plena atividade e o nosso campus fica paralisado à espera do juízo final. Já se perdeu o primeiro semestre, a não ser que se consiga fazer reposições de aula de “mentirinha”. Quanto às demais atividades acadêmicas, estas foram irremediavelmente prejudicadas. A despeito do mantra de defender uma “universidade pública, gratuita e de qualidade”, o movimento reivindicatório na Unesp faz o oposto, ao depreciar o nome da Instituição e jogar no lixo a pretensa “qualidade” tão exaltada... Para concluir, cito Cartola: “quando notares estás à beira do abismo, abismo que cavastes com teus pés”. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 02/06/2013

A APM, A FAMÍLIA E O ESTADO

Um Estado democrático deve oferecer aos seus cidadãos as condições necessárias para que todos possam atingir suas potencialidades. Na Escandinávia, o Estado oferece um serviço de qualidade para todos os alunos, sejam eles filhos de um militar, do diretor de uma multinacional ou de um imigrante. O oposto, o neoliberalismo, busca acabar com a igualdade de oportunidades e recriar uma grande segmentação da sociedade. O auge dessa política foi quando Margareth Thatcher reduziu a um terço a oferta de leite para as crianças nas escolas, porque afirmava que os pais poderiam arcar com este custo. Apesar de ela ser exaltada pela direita, os britânicos foram às ruas festejar a sua morte. A educação pública, por convicção, deve ser gratuita para garantir a todos uma igualdade de oportunidades, dando acesso àqueles que historicamente foram dela marginalizados. Feita esta declaração de princípios, indagamos se somente ao Estado deve recair a responsabilidade sobre TUDO aquilo que é necessário para o funcionamento das escolas e universidades públicas. Restaria à comunidade apenas o papel passivo de esperar as eleições para se manifestar? Seria tal atitude adequada para a construção da democracia? Não deveria a comunidade organizada contribuir para o aprimoramento dos espaços públicos? Podemos constatar esta passividade com o esvaziamento de uma entidade que décadas atrás era muito importante para a democratização da vida escolar: a Associação de Pais e Mestres (APM). Por mais que se diga que é dever do Estado, é DEVER da família contribuir para a melhoria dos espaços onde nossos filhos são socializados. Fico aqui pensando no peso que uma taxa da APM no valor de R$10,00 poderia provocar no orçamento de 90% das famílias, já que os outros 10% seriam objeto das ações organizadas pela APM. Quanto isto custaria, o valor de um frango? A propósito, os primeiros professores de Harvard foram remunerados com frangos, trigo, lenha e outras coisas que uma comunidade pobre poderia fornecer àqueles que ajudavam a estruturar a vida social de um lugar distante e rude como Massachusetts do século XVII. Hoje, Harvard é a universidade mais importante do mundo! Por fim, devemos cobrar do Estado o seu dever, mas sem esquecer que também temos responsabilidades. Que revivam as APMs que agonizam em todo o Brasil! Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 12/05/2013

O FEIJÃO E O TERRORISMO DA INFLAÇÃO

Novamente a politização do tema da inflação volta à baila. Depois de toda demagogia relacionada ao preço do tomate, a grande imprensa e os especuladores ameaçam a sociedade brasileira com o terrorismo do preço do feijão. De fato, o preço do produto no atacado está no nível mais alto desde maio de 2010, quando a saca de 60 kg. chegou a custar R$140,00. Em março, o preço da saca chegou bem próximo dos R$180,00. Se a tendência se repetir, nos meses de maio e junho teremos um novo pico no preço ao consumidor. O que explica a alta dos preços? De novo, o clima é o principal culpado, pois qualquer variação no ritmo de chuvas, tanto para mais quanto para menos, interfere na produtividade. Por outro lado, com o preço elevado da soja decorrente da quebra da safra de grãos dos Estados Unidos, levou muitos produtores a abandonarem o feijão adotar a soja. Outro ponto que deve ser destacado é uma mudança nos hábitos de consumo dos brasileiros. Se antes a dupla “arroz e feijão” eram a base inconteste da dieta do brasileiro, o aumento da renda per capita e uma maior sofisticação das refeições derrubaram o consumo do produto. Na década de 1990, consumíamos em média 19 kg de feijão. Em 2012, esta média caiu para 15 kg. Ora, como ampliar a produção de um produto que vê sua demanda declinando tão fortemente? Diante deste quadro, é certo que os consumidores enfrentarão nos próximos meses um forte aumento no preço do feijão. Quem não puder substituí-lo por outra leguminosa não terá escapatória. Já estou imaginando o colar de feijão no pescoço de certa apresentadora e a campanha terrorista com relação à inflação. No entanto, para acalmar os leitores, deve se pensar que a inflação é um índice que mede a variação de preços de uma série de itens. Neste mês de maio, por exemplo, ela vai declinar com a diminuição do preço do tomate e dos bens industrializados. Apesar de elevada, a média da inflação sob o governo Dilma está menor que nos governos de Lula e FHC. É preciso ter sangue frio para não se aterrorizar com a politização da inflação e tocar a vida em frente. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 05/05/2013

A QUEM INTERESSA A CRISE POLÍTICA?

A primeira pergunta que um investigador experiente faz quando se depara com um crime é: a quem interessa o ocorrido? Mutatis mutandi , quando nos deparamos com os atritos surgidos entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) e a crise política que se forma em seu entorno, me pergunto, a quem interessa esta crise? Por que a grande imprensa potencializa a crise? Estaria a grande imprensa e setores do empresariado interessados numa crise institucional que derrubasse o governo da Presidenta Dilma? A sua origem está na interferência do Ministro Gilmar Mendes em acatar um mandato de segurança do líder do PSB impedindo o trâmite no Congresso Nacional de lei que visa coibir a infidelidade partidária e a transferência de tempo de propaganda gratuita e dos recursos do Fundo Partidário a novos partidos. Esta proposta é apoiada pelos maiores partidos do Congresso, como o PMDB, o PT, o PP, o recém-criado PSD e até mesmo o DEM. Se aprovada a legislação, os candidatos oposicionistas enfrentariam dificuldades adicionais, visto que o tempo de propaganda gratuita seria distribuído na proporção atual de cadeiras na Câmara dos Deputados. Ao interferir no Legislativo, o Ministro Gilmar Mendes está criando uma crise institucional porque joga para o STF a decisão sobre uma prerrogativa exclusiva do Congresso Nacional, que é a de criar leis. Aventando a hipótese de que o STF acate a liminar de Mendes, o que faria o Congresso. Conformar-se-ia em ver suas funções constitucionais sendo manietadas por outro poder? O STF está se transformando no biombo da oposição. O julgamento do processo 470, em que foram condenados réus por presunção de culpa, mostrou que a maioria do STF tem partido. O Congresso pode não ser grande coisa, mas expressa o perfil do povo brasileiro, tanto daqueles que lutam pela justiça, como daquela grande parcela que sonega impostos e atravessa o sinal vermelho. Este é o melhor Congresso que nossa incompleta democracia pode produzir. Ruim com ele, pior sem ele. Voltemos à pergunta inicial, a quem interessa tumultuar a vida política nacional? Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 28/04/2013

E AÍ, VAI TOMATE?

Foi risível a campanha dos especuladores financeiros pelo aumento das taxas de juros. A imagem de uma conhecida apresentadora de televisão com um colar de tomates, como se fosse joia, e ainda a capa de duas revistas semanais conservadoras chamando atenção para o preço da fruta foi parte de uma campanha orquestrada para forçar o Banco Central a subir os juros. De fato, na última reunião do COPOM, em 17 de abril, a taxa básica subiu 0,25%, para 7,5% ao ano. Além de uma campanha oportunista, pois já se sabia que o teto da meta de inflação seria superado, este alarde se confunde com o processo de desgaste da imagem da Presidenta Dilma Rousseff, cujos níveis de popularidade continuam elevados. Busca-se criar uma crise de confiança na economia para, com isto, derrubar as taxas de crescimento do PIB e daí influenciar a eleição de 2014. O grande problema de influenciar a opinião pública com algo tão superficial é ter que enfrentar a realidade: no momento em que escrevo este artigo, o portal G1, de 19 de abril, chamava atenção para a queda de 75% no preço do tomate, apostando que o preço da fruta cairia para algo em torno de R$1,50 nas próximas semanas. Enquanto que os conservadores daqui exigem que o governo crie uma recessão, o novo governo do Japão adota um pacote bilionário de incentivos à economia. Na semana passada, o Banco do Japão anunciou que iria criar uma forte liquidez na economia para estimular a criação de empregos e modernizar a indústria local. O especulador George Soros clamou para que a Alemanha ajude os países devedores da Zona do Euro para que estes adotem políticas de expansão da atividade econômica. Na opinião dele, persistir na recessão é colocar em risco a paz na Europa. Na mesma linha, a Diretora-Gerente do FMI, Christine Lagarde, defendeu que os países europeus afrouxem suas políticas de austeridade com vistas a evitar uma catástrofe econômica e social. Já no Brasil, a grande imprensa ligada ao capital financeiro pede recessão e desemprego para controlar a inflação. Felizmente, a Presidenta Dilma não lhes dá ouvido. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 21/04/2013

DESPROPORCIONALIDADE ELEITORAL

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de redistribuir a representação de 13 Estados na composição da Câmara dos Deputados criou um grande debate no seio da classe política nesta semana. Alguns Estados perderão representação, como Alagoas, Espírito Santo, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul que terão uma cadeira a menos. Já Paraíba e Piauí perderão dois deputados. Em compensação, Amazonas e Santa Catarina ganharão uma cadeira cada. Ceará e Minas Gerais passarão a ter mais dois deputados, e o Pará passará de 17 para 21 cadeiras. Apesar dessa redistribuição, o principal problema da representatividade do Parlamento brasileiro sequer foi tocado, qual seja, a falta de proporcionalidade entre o voto de cada brasileiro. São Paulo, com 40 milhões de habitantes possui 70 cadeiras na Câmara dos Deputados, enquanto que o Rio Grande do Sul, com uma população quatro vezes menor, possui 31 deputados. Se houvesse proporcionalidade, a representação de São Paulo subiria para 111 deputados. Para explicitar a distorção, tomemos como exemplo a representação de um brasileiro de São Paulo. O voto do paulista chega a valer (11) onze vezes menos do que o de um eleitor de Roraima ou 7 (sete) vezes menos do que o eleitor de Acre ou Amapá. Um deputado paulista representa 569.000 habitantes, já o de Roraima apenas 50.000, e um gaúcho ou carioca, apenas 341.000. Quando a Constituição de 1988 foi promulgada, argumentava-se que cada Estado da Federação deveria possuir pelo menos 8 deputados. No entanto, pela mesma Constituição, quem representa os Estados é o Senado Federal e a Câmara deve representar o povo. Por isso, devemos nos resignar com o fato de Estados menos populosos como os do Norte e do Nordeste, com 36% da população, controlarem 60% dos votos do Senado, e o Sudeste, com 43% da população do país, possuir apenas 15% da representação. Agora, não dá para ficar calado com a distorção na Câmara dos Deputados. Haja desproporcionalidade! Nossa democracia precisa ser aperfeiçoada. Começar com a garantia do princípio de “uma pessoa, um voto” já seria um bom começo. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 14/04/2013

NÃO À RECESSÃO E AO DESEMPREGO

Lendo as manchetes dos grandes jornais e assistindo aos comentaristas da TV, pode se chegar à conclusão de que a economia brasileira estaria falida, o desemprego está nas alturas e a inflação na casa dos 90% ao mês, como na época de Fernando Collor. Mas afinal de contas, a economia brasileira está tão mal assim? De fato, o desemprego está no mais baixo nível da série. O salário real vem subindo. O consumo continua forte e a inadimplência está sob controle. As contas de energia elétrica, para quem duvidava, caíram quase 20% no mês de março. Houve a redução de impostos na cesta básica e a redução de IPI em automóveis, bens da linha branca e materiais de construção. No entanto, por que a gritaria dos donos do dinheiro? Ela se situa em dois pontos: na inflação que está dentro da faixa de variação da meta e, principalmente, na taxa de juros que está em seu menor nível histórico, em 7,25%. Há dez anos, os juros básicos da economia estavam em 26% ao ano. Esta queda de 18,75% é um tombo muito grande nas contas daquelas pessoas que só vivem da especulação financeira. Há 10 anos, uma aplicação de 1 milhão de reais rendia bruto por ano R$ 260.000,00. Hoje, este valor caiu para R$72.500,00. Este é o motivo para criar o pânico, pois o lucro fácil diminuiu. Como os especuladores tem muito dinheiro, eles trazem consigo uma série de jornalistas e economistas que tomam suas dores. Ocupam os jornais e telejornais defendendo uma política recessiva por meio da elevação da taxa de juros. Alguns dizem, é preciso criar desemprego! Ora, quem ganha com isso a não ser os especuladores? Com juros mais altos, diminui-se a produção, corta-se a oferta de crédito para o consumo e, por conta disso, aumenta-se o desemprego, diminui-se o consumo e obtém-se uma queda pequena nas taxas de inflação. Para a inflação cair de 6,0% para 4,5% vale a pena aumentar as falências, criar desemprego e aumentar o desespero de parte da população? Ao povo brasileiro não interessa recessão nem desemprego! Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 31/03/2013

BASTA DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Apesar de termos certo orgulho sobre a tolerância do povo brasileiro, não se encontra no mundo lugar mais violento do que o nosso país. Somadas as mortes por homicídio e as por acidentes automobilísticos, temos uma vexatória soma de quase 100 mil pessoas mortas por ano! O dobro das baixas americanas no Vietnam. Em meio a esta violência endêmica, temos um dado a mais para nos envergonhar: a cada duas horas uma mulher é assassinada no Brasil por pessoas próximas, como maridos, namorados ou parentes. Nem a Lei Maria da Penha tem conseguido diminuir esta barbaridade. Essa violência é reforçada por fatores culturais. Quando se depara com uma briga de casais, sempre surge o bordão de que “em briga de marido e mulher ninguém põe a colher”. A cultura popular reforça esta tendência. Escrito na década 1950, o samba “Na subida do morro”, de Moreira da Silva, começa desta forma: “Na subida do morro me contaram/ Que você bateu na minha nêga/ Isso não é direito/Bater numa mulher/ Que não é sua”... Ou seja, está implícito que o homem pode bater na dele, pois esta lhe pertence, as outras não! Deixando o samba e indo para o sertanejo, vemos coisas similares: “Não era preciso chorar desse jeito/ Menina bonita anjo encantador/ Aquele tapinha que dei no seu rosto/ Não foi por maldade, foi prova de amor” (Tapinha De Amor, Léo Canhoto e Robertinho). Não podemos ser cúmplices de tamanha covardia. É preciso reverter esta cultura de machista, incutindo já nas crianças a noção de respeito e tolerância. Além disso, as pessoas conscientes devem exigir não apenas o fim da violência contra as mulheres, mas também a punição contra os agressores. Juízes, promotores e policiais devem dar sua quota de contribuição. Enquanto isso, nesta semana, Marília deu a sua contribuição para essa vexatória estatística: ex-marido assassina a sogra e a cunhada, apesar de, em vão, haver sido denunciado pelas vítimas. Não dá para tolerar isto. Não sejamos cúmplices! Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 20/12/2012

O MAR DE LAMA DA DIREITA

O julgamento do chamado “mensalão”, vem sendo utilizado pelos setores mais conservadores da política e da sociedade com o intuito de quebra a ordem constitucional. Jornalões estão dedicando páginas e mais páginas para desgastar as forças políticas que se aliaram ao projeto presidencial de Lula em 2002 e, desde então, têm hegemonizado a política nacional. Órgãos do Estado, como a Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal estão sendo envolvidos nesta aparente trama golpista. A crise foi inflada com a divulgação seletiva do depoimento de Marcos Valério, em que procurou envolver o ex-presidente no episódio do mensalão, em meio ao julgamento do STF. Além das acusações, que merecem ser apuradas, causa estranheza o fato de o Procurador-Geral ter, aparentemente, vazado o depoimento para o elitista jornal O Estado de São Paulo, o que por si só dá dimensão do golpismo em curso. Os leitores podem pensar que estou exagerando quanto às minhas percepções, mas a História brasileira já foi manchada por episódios similares em que um falso moralismo foi utilizado para derrubar processos políticos que ampliaram os direitos e oportunidades das camadas mais pobres da população. Em 1954, a mesma grande imprensa que hoje massacra o governo progressista liderado pelo PT (mas também composto pelo PMDB, PSB, PCdoB, PDT, PRB, PR, PP, PSD e PSC) e que criou o mito do “Mar de Lama”, esteve por detrás do suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e do golpe militar, de 1964. A tática é a mesma: demonizar a política, atacar a honra dos principais atores políticos e poupar de qualquer crítica os aliados que, por conta da estrutura política brasileira, são responsáveis por atos similares àqueles praticados por seus inimigos. É um moralismo seletivo. As forças progressistas do país devem estar em alerta: ou se mobiliza as forças vivas do povo, ou estamos à beira de um novo ciclo de autoritarismo, dessa vez travestido da fantasia da legalidade, como ocorrera recentemente no Paraguai. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 13/12/2012

A China de Hu Jintao

Entre 2002 a 2012, a China alcançou notáveis progressos em todos os campos. Consolidou-se como o maior exportador do mundo. Seu PIB ultrapassou com folga a Alemanha e o Japão, sendo hoje a segunda maior econômica do mundo com a perspectiva de superar os Estados Unidos até o final desta década. Levou ao espaço a sua primeira nave tripulada, êxito obtido sem o auxílio de nenhum outro país. Empresas chinesas adquiriram grandes marcas no exterior e cada vez mais o país deixa de ser produtor de bens de baixo valor agregado e se insere no rol dos países que dominam alta tecnologia. Este novo protagonismo da China também se refletiu na América Latina. Em menos de uma década o país se tornou um parceiro de peso da Região. Em 2001, a China era apenas o oitavo principal parceiro comercial do Brasil, hoje, já é o principal. A forte demanda chinesa por commodities tem possibilitado a estabilidade econômica da região, mesmo enfrentando crise que vem se arrastando desde 2008. Um aspecto importante da gestão de Hu Jintao diz respeito à busca de uma “sociedade harmoniosa”. Isto porque, a aceleração do desenvolvimento econômico gerou o aumento da disparidade de renda entre as famílias chinesas, notadamente as da zona rural. A esse respeito, destaca-se o forte aporte do governo à construção de moradias para as famílias do campo e também a supressão dos impostos sobre a atividade agrícola. Destaca-se, por fim, o início de uma forte guinada no modelo de desenvolvimento da China, revertendo a dependência que a economia do país ainda possui com relação aos investimentos e à demanda interna. A recessão na Europa e da lenta recuperação dos Estados Unidos obriga todos os principais países em desenvolvimento e reforçar estratégias que privilegiem a demanda interna e também a uma maior integração no eixo Sul-Sul. Nesse sentido, ganha especial projeção o Grupo dos BRICS, em particular o Brasil, que pode criar um novo eixo de crescimento da economia mundial. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 29/11/2012

Perplexidade

Fiquei perplexo ao receber a notícia de que a Justiça Eleitoral de Marília havia cassado a candidatura do Dep. Vinicius Camarinha. O argumento central da decisão se baseou em “abuso de poder econômico” decorrente do uso de jornais ligados ao “grupo de Camarinha” que haviam feito campanha ostensiva em favor de Vinícius e malhado os adversários. Quem é morador da cidade tem por costume ouvir que determinado grupo jornalístico é vinculado a este ou aquele político. Não é novidade. Na cultura política brasileira, é “normal” esperar um bom tratamento aos amigos e uma crítica implacável aos inimigos. Mutatis-mutante, foi o que ocorreu com relação à ação penal 470, o caso do “mensalão”, em que toda a “grande imprensa” massacrou o PT como se somente este partido se desviasse da ética. O Procurador Gurgel chegou mesmo a torcer para que o julgamento influenciasse as eleições. Às vésperas da eleição municipal, o Jornal Nacional dedicou 18 minutos de seu tempo para martelar na cabeça da população a sua visão de mundo. Chegou-se ao absurdo de tratar a ação 470 com o “o maior caso de corrupção da História”! (Fico aqui pensando na privatização da Vale, no governo FHC, e me pergunto: “quantas centenas de mensalões seriam necessários para fazer frente àquela transação?”) Sou cético com as coisas da vida. Já vi boas intenções servirem a objetivos inconfessáveis. Duvido, por exemplo, de um ativismo jurídico que em tese busca “purificar” a política. De uma hora para outra, o Poder Judiciário se sobrepõe à política se esquecendo de outros contrapesos sociais que garantem a institucionalidade democrática. Em princípio, parece coisa boa, mas na prática, penso, há sempre uma impressão de casuísmo. A operação “mãos limpas” na Itália gerou o fenômeno Berlusconi. Não votei em Vinícius. No entanto, seria improvável, do ponto de vista político, que o jogo, tal como foi jogado, não refletisse a opinião dos eleitores de Marília. Na política, como no futebol, o embate deve ocorrer dentro de campo e durante o tempo regulamentar. O juiz deve apitar o impedimento quando ele ocorre. Depois que o jogo acabou não se pode usar “vídeo-tape” para anular um gol. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 22/11/2012

China e Estados Unidos

Neste mês de novembro ocorrem duas eleições que tendem a moldar o mundo para os próximos 10 anos: de um lado, a eventual vitória de Barack Obama nos Estados Unidos; de outro, a eleição de Xi Jinping como futuro presidente da China. Tratam-se das duas maiores economia do mundo e, sob muitos aspectos, estes países se posicionam contraditoriamente, ora como fortes aliados, ora como fortes concorrentes. O relacionamento entre China e Estados Unidos foi retomado em 1972, quando Richard Nixon visitou o país de Mao Tsé-Tung e estabeleceu uma aliança estratégica contra a ex-União Soviética. Desde então a relação vem crescendo em importância. A China se tornou o maior detentor de títulos da dívida dos EUA e também um dos maiores exportadores para o país. Por outro lado, as multinacionais dos Estados Unidos encontraram na China um espaço promissor para produzir bens industrializados, sendo uma plataforma de exportações e também um grande mercado consumidor. O desenvolvimento da China tem despertado desconfiança em Washington, pois o seu o rápido crescimento tem viabilizado um maior gasto militar, reequilibrando o poder na Ásia. Apesar de a China reafirmar seu compromisso com a paz mundial, os Estados Unidos estão se reposicionando na região da Ásia-Pacífico com vistas a conter a expansão chinesa. Duas iniciativas são dignas de nota: a divulgação da estratégia “Um século americano na Ásia-Pacífico”, em 2011, que busca direcionar o esforço dos Estados Unidos do Oriente Médio para esta região, e a “Parceria Trans-Pacífico”, que visa construir uma imensa área de livre-comércio na região sem a presença chinesa. Em síntese, há pontos de atrito, mas também há boas perspectivas para a relação bilateral. O futuro da paz mundial dependerá da habilidade dos governantes da China e dos EUA em encontrar um meio termo entre a competição e a cooperação. No entanto, com pouca fé na razão humana, não é difícil imaginar que no futuro se assistirá a uma nova Guerra Fria. A ver. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 08/11/2012

A VIRADA NA ECONOMIA

A luta política faz com que a interpretação da realidade seja mascarada por preconceitos. Como diria Chico Buarque, dependendo do olhar, “um copo vazio está cheiro de ar”. No campo da economia também é assim: há setores políticos que sonham com a grande crise que irá erodir o prestígio do atual governo e, para tanto, tendem a ver somente as más notícias conjunturais como se fossem a tendência de longo prazo. O senso comum teme uma suposta “bolha de crédito” na economia brasileira. Ela, dizem os pessimistas, iria nos arrastar para uma hecatombe, de maneira similar ao que vem ocorrendo na Europa e nos EUA. Ademais, reclamam dos dados de criação de empregos, mas esquecem de que em outros países há o aumento do desemprego, como na Espanha, onde chega a quase 25% da população economicamente ativa. Há duas notícias que enchem de ódio os pessimistas: a retomada da produção industrial em agosto e, principalmente, a nota divulgada nesta semana pela Serasa-Experian, que dá conta da DIMINUIÇÃO da inadimplência entre as famílias. De acordo com a empresa, o Indicador de Perspectiva da Inadimplência do Consumidor recuou 1,5% em agosto de 2012, na comparação com julho/12. Foi a décima queda mensal consecutiva, sinalizando que a inadimplência deverá manter sua trajetória de declínio também em 2013. Ora, a que se deve esta boa notícia? Essencialmente, ao barateamento do custo das dívidas, frente à queda das taxas de juros (pressionados pelo governo federal), ao baixo desemprego, à predominância de ganhos salariais acima da inflação e ao maior rigor dos bancos na análise e concessão de crédito. Com isso, se estabelece uma trajetória gradual, porém consistente, de redução dos níveis de inadimplência. Diante desse quadro, vale advertir: industriais e comerciantes mexam-se, pois a economia neste semestre irá mais do compensar a lentidão dos primeiros meses do ano. Ao consumidor: aproveite a queda dos juros com parcimônia. A roda de economia está se mexendo mais uma vez. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 18/10/2012

Crescimento é Investimento!

Nesta semana o governo prorrogou os incentivos fiscais para a venda de automóveis: até 31 de dezembro será mantido o corte do IPI para a venda de carros novos. Muito provavelmente serão prorrogados os incentivos para a linha branca (geladeiras, fogões, lavadoras e micro-ondas) e para a construção civil. Em tempo de crise o governo deve agir para evitar o pior, que seria o aumento do desemprego. No entanto, isso não é suficiente. É preciso aumentar a produção, é preciso aumentar a taxa de investimento no Brasil! Comparado com a China, cuja taxa é de 45%, a do Brasil parece piada: desde 1980 o país não investe ao menos 20% de seu PIB. Enquanto a China irá crescer 7,8% este ano, a taxa de crescimento do Brasil não alcançará 2%. Afinal, como a China consegue esse milagre e o Brasil não? Destacamos dois fatores: a estrutura do gasto do governo e as taxas de juros. No primeiro quesito, vale lembrar que a China se desfez de grande parte de sua assistência social para sobrar dinheiro para os investimentos. Lá, a faculdade pública não é de graça, assim como os hospitais e o sistema de aposentadoria. Já no Brasil, qual governante seria eleito se prometesse acabar com o SUS, com o INSS ou com a gratuidade da educação? Ruim com, pior sem! O outro vilão são às taxas de juros. Enquanto que na China as taxas são baixas e o sistema bancário é controlado pelo governo, no Brasil a situação é vexatória. Quem consegue produzir com taxas de juros de 30% ao ano? Quanto o consumo não é restringido por taxas de 100% ao ano? Qual sistema financeiro lucra mais que o do Brasil? Para a população gastar, é preciso um estoque de produtos. Sem isso, o aumento da renda pode ser consumido pelo aumento dos preços. Só a ampliação da base de produção garante uma economia forte e sustentável. Questões que se colocam são: quem vai ampliar os investimentos? O Estado tem gordura para fazer mais? Por que o empresário brasileiro investe e inova tão pouco? As respostas a isso valem 1 milhão! Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 25/10/2012

CARTA AO NOVO PREFEITO

Exmo. Deputado Vinicius Camarinha, Não sufraguei seu nome, mas a população de Marília o elegeu prefeito para o quadriênio 2013-2016. Cabe-me, então, lhe desejar sorte nesta empreitada que é gerir um município com mais de 200 mil moradores, um orçamento que gira em torno de R$600 milhões e uma montanha de dívidas e problemas. Deixe-me apresentar. Sou professor na Unesp desde 2005. Trouxe minha família de São Paulo buscando no interior um ambiente mais propício para a criação de minha filha e de meu enteado. Não me arrependi. Apesar de alguns problemas, o balanço é muito positivo, particularmente pela acolhida que recebi das pessoas daqui. Entre os problemas que encontrei, muitos se relacionam às ações da Prefeitura, como o descaso com o Plano Diretor, o adensamento populacional sem o escoamento adequado; a falta de fiscalização no trânsito e o desrespeito aos mais básicos princípios da legislação; o odor de esgoto que emerge em nossos itambés; a falta de opções de cultura e lazer que lega à população algo como a estrofe de música sertaneja, como “beber, cair e levantar”, etc. Não me queixo de saúde, educação e abastecimento d´água. Infelizmente, por conta da baixa qualidade dos serviços sociais básicos, só me restou retirar parte significativa do salário para pagar plano de saúde, escola privada e galões de água mineral. No entanto, quantas famílias mais pobres podem fazer o mesmo? Ademais, preocupa-me o fato de nossa cidade não criar os meios para estimular investimentos que garantam renda e empregos qualificados. Mas como isso poderia ser viável se nossas crianças e professores não encontram na escola pública um ambiente que valorize o esforço, a dedicação e a criatividade? Desculpe-me pela impertinência. É provável que seus amigos alimentem seu ego e te afastem dos problemas reais. No entanto, nós estamos aqui para lembrá-lo de seus compromissos, aplaudindo seus feitos e criticando o que julgarmos equivocado. Assim é a Democracia. Boa sorte em seu mandato! Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 11/10/2012

Desenvolvimento e Eleição (2): o Plano Diretor

Na coluna de 28/09/2012 estabelecemos uma relação importante entre desenvolvimento e eleições por conta de um fator essencial para o crescimento de Marília: um forte investimento em educação. Nesta oportunidade, optamos por considerar outro aspecto essencial da atuação do futuro Prefeito rumo a uma cidade desenvolvida: a implementação de um Plano Diretor. Somente com um Plano moderno e inteligente podemos potencializar o uso do nosso território. Ele é o documento que condensa o processo de planejamento municipal, visto que delimita o território de acordo com seus usos. Fora do Plano, só há o nefasto improviso, do qual o caos urbano e as elevadas alíquotas de IPTU são os principais exemplos. Na formulação do Plano Diretor, por meios de debates democráticos envolvendo cada grupo de interesse, podem ser definidas as vocações para o município. A instalação de indústrias poluidoras ou altamente consumidoras de água, por exemplo, poderia ser refreada, enquanto que outras atividades com menor impacto ambiental poderiam ser estimuladas. O adensamento populacional em uma região e os vazios em outras poderiam ser enfrentados com políticas de zoneamento e tributação diferenciadas, onerando os proprietários de terrenos que esperam a cidade crescer de forma desordenada para depois usufruir o ganho extra com a especulação. Também o transporte urbano pode ser reorganizado visando a melhoria da qualidade de vida da população: chegar a perder duas horas por dia em deslocamentos é algo impensável para uma cidade de 220 mil habitantes. Por fim, algo que nossa cidade é pouco servida: áreas públicas de lazer, bonitas e seguras. Como cresceu sem planejamento, nossa cidade não possui espaços para o saudável convívio de seus cidadãos. Poucos são os parques, as praças e os centros comunitários que apresentam estrutura adequada para uso. Reflita sobre este tema e pense que a eleição é o momento de escolher propostas que visem melhorar a vida de TODOS. Bom voto! Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 04/10/2012

Eleição e Desenvolvimento (1) - Educação

A menos de 10 dias da eleição municipal é impossível não falar sobre seu impacto no desenvolvimento da cidade de Marília. Alguns poderiam dizer que o processo eleitoral não influencia o destino econômico de nossa cidade, pois, diriam esses, a cidade cresce “apesar” dos políticos. Nessa visão, quanto menor o Estado, melhor. Discordo dessa opinião! Se Marília é o que é, deve isso à classe política que liderou a cidade durante suas primeiras décadas de existência. Mesmo com a quase extinção da cultura cafeeira, souberam incorporar à nossa economia outras atividades, como o beneficiamento de matérias-primas e indústrias de bens de consumo. Isso legou uma base cultural para desenvolvimentos posteriores, quando foram criados distritos industriais e uma ampla rede de serviços públicos, essenciais para o crescimento dos setores alimentício, metalomecânico, educacional, comercial e de serviços. Hoje, os desafios são outros. Devemos preparar a cidade para a economia do século XXI. Nesse aspecto, a capacidade de liderança do Prefeito é fundamental para estimular novas aptidões produtivas na cidade e, para tanto, devemos atacar o problema número 1: a má qualidade da Educação. É urgente aprimorar o ensino público para criar perspectiva de futuro para a juventude. Sem capacidade de criação e absorção de modernos conhecimentos, é impossível pensar numa sociedade desenvolvida. Para tanto, deve ser quebrado o pacto de mediocridade na educação. Professor tem que saber o que ensina, aluno deve se esforçar para aprender, os pais devem ser responsáveis e os dirigentes devem deixar de rimar a Educação com Licitação. A qualidade do ensino depende de escola estruturada, dirigentes responsáveis, alunos nutridos e motivados, famílias participativas e professores capazes e bem remunerados. A eleição é o momento de desenhar o futuro. Qual candidato prioriza, de fato, a educação? Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 27/09/2012.

SINAIS TROCADOS NA AGRICULTURA: VACAS MAGRAS PARA UNS, BONANÇA PARA OUTROS

A chuva desta última quarta-feira foi recebida com alívio e entusiasmo pela população de Marília. Depois de dois meses de secura, as gotas d´água trouxeram uma ótima sensação de que, enfim, a natureza volta a funcionar no seu eixo. Infelizmente, a chuva que nos alenta e que permite a renovação do ciclo da vida não aliviará a inflação dos preços dos produtos agrícolas, pelo menos nesta safra. Isso se deve, em grande parte, à forte seca que atinge os Estados Unidos. Devido a ela, os preços da soja, do trigo e do milho vêm atingindo níveis astronômicos, mesmo com a aguda recessão mundial que vivenciamos. Apenas a soja, nos primeiros oito meses de 2012, teve seus preços majorados por volta de 36%. Quem compra óleo de cozinha, frango e massas já sente o seu impacto. O que é má notícia para uns, é boa para outros. Do lado dos “ganhadores” estão aqueles produtores de grãos que se aproveitarão da quebra da safra dos Estados Unidos para alinharem seus preços ao nível internacional. Vale lembrar que os produtores de milho norte-americanos têm que dar conta da demanda por rações e outros usos alimentares e também da forte demanda por etanol. Se a safra de lá quebra, cria-se a oportunidade para que a produção local ocupe espaços no exterior. Do lado dos “perdedores”, além do consumidor final, estão os principais usuários de grãos, como os criadores de aves e suínos, os refinadores de óleos comestíveis, os produtores de biodiesel e também moinhos e pastifícios, devido à demanda por soja, trigo, fubá e amido de milho. Isso afetará a inflação e, principalmente, a oferta de alimentos baratos. A situação é preocupante. Esperar pela atuação do livre mercado é dar um tiro no próprio pé, pois quem está lucrando muito não quer nada além disso. Se o governo não intervier no mercado agora, veremos muitos produtores familiares da nossa região quebrando e jogando por terra uma estrutura produtiva essencial para garantir o suprimento de aves e suínos a baixos preços. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 20/09/2012.

Crise, incentivos e empregos

O relatório da UNCTAD, agência da ONU para comércio e desenvolvimento, divulgado nesta semana, aponta para um piora do cenário econômico mundial. Depois de crescer 4,1% em 2010, o PIB do mundo vem caindo fortemente: em 2011 o índice ficou em 2,7% e para este ano estima-se em apenas 2,3%! O relatório ainda informa que a maior parte desse crescimento se deve à contribuição dos países em desenvolvimento, enquanto que os países ricos decepcionam. O desemprego entre os jovens na Zona do Euro se aproxima a incríveis 40%, e a política de austeridade fiscal só faz piorar as coisas, com cortes nos salários, na saúde, educação e previdência. A opção pela austeridade nos países controlados pela lógica financeira tem agravado o problema, já que tais cortes levam a um maior desemprego, a um menor nível de atividade e, conseqüentemente, a uma menor arrecadação de impostos e aumento da dívida pública. Enquanto isto, o governo brasileiro tem utilizado diversos instrumentos para tentar diminuir o impacto da crise mundial sobre nossa economia, uma vez que o contágio da crise mundial é inevitável. Medidas de redução de impostos, desoneração da folha de pagamentos, redução de juros e incentivos às indústrias nacionais têm surtido efeito. Se tais medidas não fossem adotadas, a situação seria pior, pois apesar de tudo a economia brasileira continua a gerar empregos. Por fim, cabe elogiar a decisão do governo em reduzir o preço da energia elétrica. A medida ajuda o país em quatro importantes aspectos: (1) reduzirá o custo de produção da indústria: (2) aumentará a renda disponível para as famílias; (3) ajudará a combater a inflação, que vem sendo pressionada pelo aumento dos preços alimentos; e (4) oferece melhores condições competitivas, contribuindo para a atração de investimentos e para a sustentação do crescimento em longo prazo. Não se pode esperar a solução da crise de braços cruzados. É preciso agir para evitar o pior. Se o nível de emprego não se mantiver, a crise pode nos sufocar. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 13/09/2012

SOBRE POLÍTICA E ECONOMIA

Leigos tendem a pensar que Economia é uma ciência exata. Números, equações, modelos e gráficos, quando organizados por um “economista”, seriam a mais fiel expressão da realidade. Nessa perspectiva, somente técnicos poderiam dirigir os assuntos econômicos, deixando de lado qualquer tipo de intromissão indevida, principalmente a política. Está errado pensar assim. A economia não é feita por robôs, mas por gente que possui interesses, motivações, necessidades, etc. que não podem ser compreendidos essencialmente por modelos matemáticos. Num modelo específico, a queda dos juros é sempre vista como uma oportunidade para a realização de novos investimentos ou consumo. Na prática, a coisa funciona diferente. No Japão, onde as taxas de juros são negativas, o cidadão poupa ao invés de gastar. Já no Brasil, onde as taxas de juros ao consumidor são elevadas, se consume muito e pouco se poupa. A política é a variável mais importante da economia. É no âmbito do Estado que são definidos os parâmetros da atividade econômica. Seria impossível produzir sem que o Estado garantisse a estabilidade e o poder de compra da moeda, as relações trabalhistas, a taxa básica de juros, a cotação do câmbio, os impostos, a proteção contra a concorrência desleal de outros países, etc. Essas decisões sempre implicam escolhas políticas, uma vez que quem controla o Estado é o grupo político-social apoiado pela maioria dos eleitores. Pensando em Marília, há questões essenciais para garantir o desenvolvimento econômico, como as alíquotas do ISS, do IPTU e do ITBI. Para os especuladores imobiliários, por exemplo, quanto menor o IPTU melhor. No entanto, se elevasse o IPTU para esses especuladores se ampliaria a oferta de lotes, haveria uma ocupação mais ordenada do solo e ainda incentivaria o setor de construção civil, gerando mais empregos e renda. No entanto, esta decisão econômica é antes de tudo uma decisão política e dependeria do jogo de forças surgido das próximas eleições. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 30/08/2012

Estado, Mercado e Desenvolvimento

Na semana passada, a Presidenta Dilma Rousseff lançou um abrangente programa de concessões na área de transportes, prevendo a duplicação de rodovias e a construção de trechos importantes do malha ferroviária nacional. Para o mês de setembro, está prevista uma nova rodada de concessões, dessa vez nos setores portuário e aeroportuário. A expectativa é a de incentivar setores empresariais a investir fortemente nesses setores relacionados ao chamado “Custo Brasil”, diminuindo custos, aumentando a eficiência e tornando mais competitiva a economia brasileira. A imprensa conservadora festejou esta onda “privatizações”, acusando de incoerente o Governo e o PT, que em época de eleição critica os processos de “privataria” do governo FHC. Por conta disso, a opinião liberal retoma sua artilharia contra o Estado, defendendo o mercado autorregulado como o único meio para garantir o desenvolvimento. Observando o problema com cuidado, vemos que a crítica desses setores é extemporânea. Depois da falência do Banco Lehman Brothers, em 2008, que iniciou a grave crise financeira que atormenta a economia mundial até hoje, ficou indefensável a posição de apologia ao livre mercado e ao Estado mínimo. A economia sem pesos e contrapesos (Estado, sociedade, sindicatos) é um convite ao mais selvagem egoísmo, deixando a população à mercê das aves de rapina. Veja-se o exemplo da China: apesar de desestatizar milhões de empresas, o país reteve sob controle estatal uma centena de megaempresas que lideram o processo de crescimento do país. É conhecida a frase de Deng Xiaoping de que “não importa a cor do gato, o que importa é se ele pega o rato”. De forma similar, a liderança brasileira deve libertar a mente e adotar as soluções que efetivamente resolvam os problemas, seja com o Estado, seja com o mercado. Não podemos abrir mão do BNDES, do BB, da Caixa, da Petrobrás ou da Eletrobrás. Mas também podemos pensar que o Estado resolva TODOS os gargalos da economia brasileira. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 23/08/2012

ENSINO SUPERIOR, QUOTAS E QUALIDADE

Em 07/08/2012, o Senado Federal aprovou a quota de 50% das vagas em universidades federais para alunos oriundos de escolas públicas. Tal medida gerou um festival de reclamações nas redes sociais. Afinal, para alguns privilegiados isto é um absurdo, pois se trocaria um suposto mérito do candidato por sua origem social. Também as mantenedoras de escolas privadas reclamaram muito dessa “discriminação” contra os seus clientes, já que em tese podem perder alunos para escolas públicas. No Brasil há um contrassenso: pobres estudam em escolas públicas e ingressam em faculdades privadas. A elite estuda em escolas privadas e ingressa em universidades públicas. Afinal, por que famílias mais abastadas escolhem a universidade pública ao invés da particular? Creio que o problema delas não é a falta de dinheiro para pagar a universidade privada, mas a convicção de que nas públicas a qualidade e a formação são melhores. Afinal, elas concentram professores mais bem titulados e uma estrutura que integra o ensino, a pesquisa e a extensão. Para exemplificar, esta semana a OAB publicou a lista dos 20 cursos que mais aprovaram alunos em seu exame. De 20 cursos, 19 são públicos. De São Paulo, só figuram na lista a USP e a Unesp. Frente a isso, não seria justo indagar às mantenedoras privadas o porquê de não oferecer cursos de alta qualidade para atrair a clientela das escolas privadas, concorrendo assim com as universidades públicas? A resposta é clara: porque isso custa caro. Se o objetivo principal dessas instituições é o lucro fácil, não faz sentido aumentar os custos com professores e uma estrutura adequada. Termino fazendo uma advertência: seriedade e comprometimento não são privilégios das universidades públicas, mesmo porque nelas também há gente sem compromisso. Existem instituições sérias que com pouca estrutura ajudam a formar profissionais que de outra maneira não teriam nenhuma oportunidade. Mas volto à questão, por que não melhorar a qualidade? Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 16/08/2012

O QUE VOCÊ TEM A VER COM A CRISE DA EUROPA?

Na condição de professor de Economia Política, muitas vezes sou questionado por leigos sobre o porquê de a crise europeia influenciar negativamente a economia brasileira. Apesar de o problema não ter sido criado aqui, seus impactos estão afetando a vida das pessoas no Brasil e no mundo inteiro. Vale lembrar que a economia mundial é fortemente integrada. Veja-se o caso das exportações de minério de ferro: por que os preços estão caindo? Nossa maior compradora é a China e lá muito desse ferro é utilizado para produzir bens que são exportados para a Europa e para os Estados Unidos. Se os mercados daqueles países se contraem, diminui a demanda por ferro e, consequentemente, seus preços tendem a baixar, impactando a nossa balança comercial. Já quando se pensa nas exportações de bens industrializados, o maior mercado do Brasil é a América Latina. Aí vemos o mesmo efeito. Se a China vende menos para o exterior, caem os preços de outras matérias primas, como o cobre chileno. Se a renda dos chilenos diminui, os produtos brasileiros lá vendidos ficam encalhados, causando mais problemas por aqui. Ao observar o fluxo de capitais, ocorre a mesma coisa. O Brasil é importador de capitais, seja para apoiar empresas privadas e bancos, seja para ajudar o governo a fechar as contas externas. Em meio a crises, como a que ocorre na Europa, a finança internacional tende a ser mais seletiva, o que reduz a possibilidade de empresas conseguirem dinheiro para produzir mais, tanto lá como cá. O grande problema está no fato de que a crise europeia não é passageira. Com governos endividados, bancos quebrados e uma política econômica conservadora, as coisas tendem a piorar. Quem paga a conta, mais uma vez, são os trabalhadores, que estão vendo seus salários caindo e o aumento do desemprego e do desespero. A situação fica pior para a juventude. Na Espanha, mais da metade dos jovens está desempregada... Cabe perguntar: até quando o Brasil aguentará firme? Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 09/08/2012

No esporte, o importante é ... Dinheiro!

Daqui até 12 de agosto a atenção das pessoas estará voltada para as Olimpíadas de Londres. Nesse ínterim, muito se falará de medalhas, recordes e frustações. No entanto, além da paixão, os Jogos tem sido uma atividade muito lucrativa, que envolve bilhões com direitos de transmissão, patrocínios e licenciamentos. O negócio também está dentro dos locais de competição. Para o atleta, a conquista de uma medalha de ouro pode significar, de pronto, mais de 1 milhão de dólares, isto sem contar a renda obtida com patrocínios, como os cereais “que preparam os futuros campeões”! O esporte “amador” já não existe. A preparação de cada campeão é coisa de profissionais. Por detrás do atleta de alto desempenho há uma estrutura que visa garantir sua nutrição, preparação, viagens, assistência médica, fisioterapia, relações públicas e, é claro, um empresário. A agência 9ine, de Ronaldo Nazário, gerencia a imagem de esportistas como Neymar, Bruno Rezende e Anderson Silva, faces frequentes nas mais variadas propagandas. Para se ter ideia do volume de dinheiro envolvido, somente o recém-cancelado contrato de Ronaldinho Gaúcho com a Coca-Cola rendia a ele 1,5 milhão de reais por ano! A marca “Corinthians” já vale mais de 1 bilhão de reais e a gigante de material esportivo Nike fatura aproximadamente 20 bilhões de dólares por ano. A propósito da Nike, quantas fábricas ela possui no mundo para ganhar tanto dinheiro? O leitor se surpreenderia se disséssemos que a Nike não possui uma máquina de costura sequer para fazer suas camisetas, calçados ou bolas? Tudo é muito simples: o que agrega alto valor como marketing, desenvolvimento e pesquisa, comercialização e finanças fica nos Estados Unidos; aquilo que agrega pouco valor, como a produção em si, é feito por milhares de fábricas espalhadas pelos países pobres mundo onde o que conta são os baixíssimos salários. Antes, o importante era competir e não vencer... hoje, esporte significa, sobretudo, dinheiro! Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 02 de agosto de 2012

Crise, pessimismo e otimismo

As notícias sobre a crise internacional tem deixado muita gente preocupada. Afinal, estamos acostumados, desde o primeiro Choque do Petróleo, em 1973, a sofrer com os efeitos das turbulências econômicas. Desde então, já se passaram inúmeras crises e apesar dos percalços, estamos aqui, vivos, lutando para sobreviver e realizar nossos objetivos. Já que passamos por todas estas crises, por que então cair num pessimismo exagerado justamente agora quando a situação do Brasil é bem melhor do que no passado recente? A dívida externa pública é muito pequena. As reservas internacionais estão acima de US$350 bilhões. O país é quase autossuficiente em energia. O endividamento das famílias, em proporção do PIB, é bem menor do que o das famílias dos países ricos. A taxa de juros básica (SELIC) está em seu menor nível na História. A relação dívida/PIB do Brasil está abaixo de 50%, enquanto que a de países como a Itália ou o Japão passa de 100% do PIB. A História mostra que não há uma relação automática entre crise externa e crise interna. No mesmo instante em que ocorria a Grande Depressão do século XIX (1870-1893) e a hegemonia da Inglaterra era contestada, novas potências emergiram, como Estados Unidos, Alemanha e Japão. O Brasil também já surpreendeu: na década de 1930, em meio à Depressão que se seguiu ao colapso da Bolsa de Nova York, o PIB industrial brasileiro cresceu 109%! No século XX, o país foi um dos campeões de crescimento econômico. Diferentemente de discursos apocalípticos, a atual crise econômica mundial é uma crise de crescimento. A ascensão da China, da Índia e de outros países em desenvolvimento vem chacoalhando a ordem internacional. A incorporação de mais de 2,5 bilhões de pessoas ao mercado mundial, desde 1980, tende a criar riscos e oportunidades. No caso do Brasil, o horizonte parece promissor. Cabe-nos levantar a cabeça, olhar o futuro de frente e arregaçar as mangas. Mesmo porque, crises vão e vêm, mas nossos sonhos continuam. Publicado no Jornal Bom Dia Marília em 26/07/2012