sexta-feira, 30 de agosto de 2013

UNESP DE MARÍLIA: ABISMO QUE CAVASTES COM SEUS PÉS

Até hoje me abstive de mencionar a crise por que passa a Unesp de Marília. De fato, tinha a ilusão de que o mal estar causado pela ocupação da Diretoria por parte dos alunos iria se exaurir e a normalidade retornaria ao campus. Ledo engano! Nesta segunda-feira uma greve de docentes e servidores irá paralisar de vez a nossa unidade. É preciso considerar que em todos os movimentos sociais há sempre uma justa motivação para a adoção de medidas extremadas: a ausência de moradias para estudantes pobres ou a insatisfação com o salário por parte de docentes e servidores. Isto talvez justificasse a ocupação da Diretoria ou a decretação de uma greve. No entanto, a experiência da luta social mostra que as vitorias de movimentos reivindicatórios não dependem da justeza dos pleitos, mas da viabilidade político/econômica oferecida pela conjuntura, além da capacidade de mobilização massiva dos descontentes. Não é isso o que acontece neste momento. Há uma anomalia no campus da Unesp de Marília. Criou-se um mito de que a Faculdade é uma base revolucionária e referência nas lutas políticas no âmbito das universidades estaduais. Esse vanguardismo é insuperável: enquanto o Fórum das Seis (entidade que agrega a representação da USP, Unicamp e Unesp) defende a paralização de um dia para forçar a negociação com o Reitores em 11 de junho, os luminares de Marília decretam uma greve na expectativa de acender uma faísca revolucionária nos demais campi. O resultado disso é uma situação patética em que o conjunto das universidades estaduais se encontra em plena atividade e o nosso campus fica paralisado à espera do juízo final. Já se perdeu o primeiro semestre, a não ser que se consiga fazer reposições de aula de “mentirinha”. Quanto às demais atividades acadêmicas, estas foram irremediavelmente prejudicadas. A despeito do mantra de defender uma “universidade pública, gratuita e de qualidade”, o movimento reivindicatório na Unesp faz o oposto, ao depreciar o nome da Instituição e jogar no lixo a pretensa “qualidade” tão exaltada... Para concluir, cito Cartola: “quando notares estás à beira do abismo, abismo que cavastes com teus pés”. Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 02/06/2013

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