quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

TERRORISMO NOSSO DE CADA DIA

O ano de 2014 começa com desejos terroristas. A extrema direita sonha com violentas manifestações para derrubar o governo de Dilma Rousseff. A extrema esquerda sonha com manifestações para acuar a burguesia e criar um suposto “socialismo”. Como vimos em junho de 2013, as duas correntes estavam irmanadas naquilo que para cada uma delas seria a sua redenção.

Sob diversos aspectos, a extrema direita e a extrema esquerda são similares. Há uma anedota que diz que o espectro ideológico é como o globo terrestre: partindo-se de Greenwich, onde seria o centro, no meridiano oposto se encontrariam os fascistas e os esquerdistas.

Quanto se lê artigos de jornalistas “neo-com” (eufemismo para fascista), eles tentam despertar o povo para sair às ruas em meio à Copa do Mundo. Seria o grito da classe média tradicional contra a corrupção e tudo o que está errado desde que Cabral chegou ao Brasil. A extrema esquerda que mobilizar as “massas” para reclamar contra os gastos ditos públicos, contra a FIFA e às desocupações que estão permitindo a construção das obras de mobilidade urbana. Em meio aos dois grupos, a mentira, a desinformação e a manipulação de almas inocentes.

Quanto é gasto com estádios e quanto é gasto com obras de mobilidade urbana? Não se trata da mesma coisa. Na manipulação, são incluídos EMPRÉSTIMOS do BNDES como se fossem recursos do orçamento. Um site (apública.org), apoiado pelas fundações Ford e Open Society, chegou a se desculpar depois de afirmar que se gasta mais dinheiro com a Copa do que com saúde e educação no Brasil.

Veja-se o caso do estádio do Corinthians. Confunde-se a criação de leis de incentivos para atrair empresas para Zona Leste como dinheiro público para a Copa. Já os empréstimos do BNDES são feitos dentro da lógica bancária, ou seja, concede-se um empréstimo mediante ao fornecimento de garantias, não é dinheiro a fundo perdido.

Para quem quer fazer terrorismo, não precisa que algo seja verdadeiro. Basta apenas que caiba no preconceito das pessoas. Construir não é fácil, mas para destruir, basta um palito de fósforo. Que as previsões apocalípticas não se realizem, e que em janeiro de 2015 assistamos a posse do novo(a) presidente eleito num processo livre, limpo e transparente.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

PRESIDENTE DO BRADESCO CRITICA EXCESSO DE PESSIMISMO SOBRE O BRASIL

Crítica do mercado ao Brasil é exagerada, diz Bradesco
22 de janeiro de 2014 | 11h 26

FERNANDO NAKAGAWA, ENVIADO ESPECIAL - Agencia Estado

DAVOS, SUÍÇA - O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, avalia que a recente crítica do mercado financeiro à economia brasileira tem certa "dose de exagero". Presente ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, o executivo reconhece que analistas estão mais críticos com alguns pontos da economia, mas diz que é possível "exorcizar" preocupações dos investidores.

"Essa crítica tem uma dose de exagero", disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, ao comentar que em momentos de estresse o mercado parece reviver temores antigos com relação ao Brasil. "É evidente que o Brasil de algumas décadas atrás era um País em desenvolvimento, demorou para chegar à categoria emergente e isso só foi possível depois da estabilização da moeda. A inflação brasileira nos anos 60 e 70 teve uma trajetória muito longa. Em um momento de alguma dúvida, isso aflora uma experiência passada negativa", diz o presidente do Bradesco.

Para o presidente do segundo maior banco privado do Brasil, é possível responder aos temores dos investidores. "Eu acho que nós temos condições de exorcizar certos temores que o investidor possa estar tendo atualmente", disse. Entre os motivos para que Trabuco seja otimista com a economia estão as vantagens do País em relação a outros mercados. "Por mais que o Brasil possa viver algum momento em que se tem um debate um pouco mais pessimista, o contato que fizemos ontem (na terça-feira, 21)com investidores mostra que ninguém quer ficar fora do Brasil", resume.

"Isso acontece porque o Brasil oferece possibilidades de extensão territorial, população, democracia, aparelho jurídico que tem funcionado. O Brasil acaba tendo vantagens comparativas muito importantes com outros países. Essa vantagem desperta a atração de investidores", disse. Trabuco disse ainda que o Brasil oferece taxas de retorno extremamente favoráveis para o capital externo, e que a sua expectativa é de que a presidente Dilma Rousseff se posicione como parceira dos investidores na sua apresentação no Fórum Econômico Mundial.

"As empresas americanas têm mais de US$ 1 trilhão ancorados no seu disponível bancário. Uma hora esse capital vai se movimentar, vai se mexer, e o Brasil tem de se gabaritar para ser um bom endereço para estes investimentos", disse o presidente do Bradesco ao Broadcast.

Para o presidente do Bradesco, "o Brasil precisa reafirmar a confiança num modelo que não seja estatista, que seja de convivência entre o público e o privado". Ele disse ainda que "as concessões foram o grande sinalizador positivo de 2013, e são primorosas porque desoneram o Estado de investimentos ao mesmo tempo em que aumentam a arrecadação de impostos e ajudam o esforço fiscal".

Trabuco enfatizou a importância da política fiscal neste momento. "Unicamente a política monetária pode ser insuficiente para trazer a inflação para o centro da meta", ele afirmou, acrescentando que "o esforço do Banco Central foi determinado e este ciclo de taxas de juros foi forte - de 7,25% para mais de 10% é um choque monetário importante".

Para o presidente do Bradesco, "as políticas monetária e fiscal têm de caminhar juntas, porque assim o ajuste é menos difícil". Ele disse estar otimista em relação à política fiscal em 2014, porque "as lições dos anos anteriores foram aprendidas". Segundo Trabuco, a sinalização de um superávit primário em torno de 2% do PIB seria um bom começo.

Para ele, um crescimento do PIB acima de 2% mantém o nível de emprego, o que, por sua vez, garante que a inadimplência bancária permaneça reduzida. "Com emprego, renda e crédito sem problemas, vamos ter condição de nos reequilibrar", disse Trabuco, mas chamando a atenção mais uma vez para a necessidade de "um compromisso fiscal mais decisivo, que é o que dá sustentabilidade à solvência do País no longo prazo".

O presidente notou que as reservas internacionais brasileiras e o montante de depósitos compulsórios "dão condições de solvência inéditas quando se compara com outros países". Comentando a expectativa em relação à apresentação da presidente Dilma Rousseff em Davos, Trabuco disse que "posicionando-se como parceira dos investidores, ela será muito bem vinda".

domingo, 12 de janeiro de 2014

INTERESSANTE ARTIGO DO PROFESSOR PAUL SINGER: LUTA DE CLASSES E POLÍTICA ECONÔMICA


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/147480-luta-de-classes.shtml

Luta de classes
Reconhecer a pancadaria ao redor de nossa política econômica como luta de classes é necessário para que o público que vai decidir essa parada nas urnas não seja levado a pensar que se trata de uma contenda entre peritos e jovens ingênuos

Desde que a presidenta Dilma Rousseff denunciou a "guerra psicológica" que estaria sendo travada contra os esforços de seu governo para acelerar o crescimento da economia brasileira, os adversários acirraram suas críticas à política econômica vigente, tornando o debate sobre essas questões um dos mais importantes pomos de discórdia que animam os embates entre os candidatos à Presidência nas próximas eleições.

É interessante observar como esses debates --travados num país como o nosso, em pleno emprego há cinco anos-- não se distinguem na essência dos debates travados na maioria dos países capitalistas que são democráticos.

Nestes países, quase sempre o desemprego é o mais importante problema social, causa de profundo sofrimento dos que se sustentam mediante trabalho assalariado, tanto dos que têm emprego e temem perdê-lo como dos que foram demitidos e enfrentam grandes dificuldades em conseguir outro.

Isso se aplica tanto a países tidos como "falidos", como a Grécia e outros da periferia sul da Europa, como aos Estados Unidos e outros que hospedam poderosas multinacionais financeiras e utilizam seu poderio político-econômico para impor a países esmagados por portentosas dívidas públicas ruinosas políticas de "austeridade", cujo efeito é produzir recessões sucessivas, que ampliam o desemprego e a desgraça dos que não são donos de empresas nem sequer de instrumentos de trabalho que lhes permitiriam ganhar a vida por conta própria.

A maior parte das divergências que atualmente alimentam as controvérsias giram ao redor da questão do emprego e do tamanho e destino do gasto público e de como o ônus dele decorrente é repartido entre as classes sociais que compõem o universo dos contribuintes.

Ao lado desses dois temas, aparecem assuntos correlatos: como os ganhos de produtividade do trabalho são repartidos entre lucros e salários, como a inflação responde ou não aos aumentos de salários e como a valorização cambial da moeda nacional afeta as exportações e as importações.

A base da maioria dessas controvérsias está no tamanho do poder do Estado em controlar e conduzir a economia nacional, tendo por objetivo atender mais ou menos as reivindicações da maioria pobre da população, que constitui também a maioria do eleitorado.

A classe dominante é formada pelos capitalistas que têm por objetivo a sua "liberdade" de fazer o que quiserem com o câmbio, com a localização geográfica de seus investimentos, com os preços e juros que eles cobram dos clientes. Para tanto, eles reivindicam a exclusão do Estado da arena econômica.

A esse respeito, os interesses dos capitalistas e das classes trabalhadores não podem deixar de se contrapor. O povo trabalhador depende das políticas ditas "sociais" que tomam a forma de serviços públicos essenciais: saúde, segurança, transporte, energia, telecomunicações, educação de crianças, jovens, adultos e idosos, habitação social, previdência, cultura etc..

Embora os serviços públicos estejam à disposição de toda a população, somente os pobres dependem deles. As classes abastadas não os usam, porque quase todos eles têm como contraparte serviços análogos prestados por empresas capitalistas privadas.

O entrechoque de interesses fica flagrante no caso do transporte urbano: o espaço de circulação é disputado por automóveis de passageiros e ônibus e outras modalidades de transporte público.

A mesma disputa fica tristemente óbvia quando os porta-vozes da classe capitalista encenam campanhas contra o tamanho dos impostos, quando todos sabem que o SUS, o Sistema Único de Saúde do qual dependem os trabalhadores, carece de meios para curar e salvar vidas porque o Orçamento do governo federal não dispõe de recursos para tanto.

A luta de classes até o fim do século passado se travava entre liberais extremados, conhecidos como neoliberais, e partidários de diferentes socialismos então sendo praticados em diversos países. Atualmente, a maioria desses socialismos "realmente existentes" não existe mais. A plataforma dos críticos e adversários do capitalismo hoje é inspirada tanto no marxismo como em autores profundamente comprometidos com a democracia como Keynes, Gramsci, Karl Polanyi, Rosa Luxemburgo e Baruch Spinoza.

O que atualmente surge como alternativa mais significativa ao capitalismo é a economia solidária, praticada por setores organizados em movimentos sociais em todos os continentes, geralmente sob a forma do cooperativismo.

A economia solidária é um modo de produção que surgiu nos alvores da primeira revolução industrial, no início do século 19, na Grã-Bretanha e na França, como reação aos salários miseráveis pagos então aos operários, operárias e crianças nas fábricas por jornadas extenuantes de 15 ou mais horas...

Ocorrendo conflitos com os patrões, os grevistas eram despedidos e, em reação, formavam suas próprias oficinas, uma vez tendo aprendido os segredos do ofício.

Desse modo surgiram as primeiras cooperativas de trabalho, empresas pertencentes aos trabalhadores, que as administravam coletivamente, cada sócio tendo um voto nas assembleias em que as decisões eram adotadas. Os ganhos resultantes do trabalho comum eram repartidos por critérios de justiça distributiva entre os sócios, adotados por maioria ou unanimidade nas assembleias.

Esse modelo aperfeiçoado pelos Pioneiros de Rochdale, em 1844, continua sendo praticado, com aprimoramentos de todas as filiadas à Aliança Internacional de Cooperativas, inclusive as agrárias, de consumo, de crédito, de moradia e de diversas outras modalidades.

Hoje, 170 anos depois, o cooperativismo surge como um modo de organizar atividades de produção, comércio justo, poupança e crédito, consumo consciente e responsável e sob a forma de movimento social dedicado à luta contra a miséria e naturalmente como alternativa ao modo de produção dominante --o capitalismo.

Com a difusão da democracia como modelo de normalidade politica, a economia solidária torna-se cada vez mais atraente para os que almejam igualdade e justiça para suas comunidades.

Os seus partidários defendem em geral políticas econômicas inspiradas pelo keynesianismo, cujo objetivo maior é o pleno emprego e a eutanásia do rentista, o que significa o fim da hegemonia global do capital financeiro, que é o maior responsável pelas frequentes crises internacionais, das quais os trabalhadores são as principais vítimas.

O trágico fiasco que precipitou o fim pacífico da maioria dos regimes ditos comunistas abriu um imenso vazio ideológico, político e, por que não, ético que o novo papa Francisco começa a preencher em nome da Igreja Católica.

Por tudo isso, reconhecer a pancadaria ao redor de nossa política econômica como luta de classes é necessário para que o público que vai decidir essa parada nas urnas não seja levado a pensar que se trata de uma contenda entre peritos (experts em inglês) e jovens ingênuos que pouco entendem do que está em jogo.

Os que reagimos aos excessos do neoliberalismo temos em vista, acima de tudo, preservar e enriquecer a democracia em nosso país, como garantia de que a luta por uma sociedade mais justa poderá prosseguir até que seus frutos possam ser usufruídos por todos.

PAUL SINGER, 81, é secretário nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego. Foi secretário municipal do Planejamento de São Paulo (gestão Luiza Erundina)

É disso o que se fala quando se reclama de guerra psicológica: Globo News manipula gráfico para aterrorizar a população


Já mencionamos aqui do papel deletério da grande imprensa brasileira em criar um clima de terror com relação às taxas de inflação no Brasil. No entanto, os ataques orquestrados pelos porta-vozes do mercado financeiro passaram dos limites: qual a escala matemática que coloca índices de 6,50% ou 5,92% acima de 5,91%? A manipulação é tão grosseira que acaba por contribuir para desmoralizar ainda mais a Rede Globo.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Artigo de Clóvis Rossi desmonta a lógica do pessimismo artificial do rentismo brasileiro

CLÓVIS ROSSI

Quem deveria ficar "nervosinho"
Um estranho país em que os ricos batem recorde de pessimismo, mas os pobres parecem contentes

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/146671-quem-deveria-ficar-quotnervosinhoquot.shtml

Há algo de profundamente errado em um país, um certo Brasil, em que os ricos choram (e de barriga cheia), ao passo que os pobres parecem relativamente felizes. Na ponta dos mais ricos, refiro-me à pesquisa da consultoria Grant Thornton que o caderno "Mercado" publica hoje, páginas adiante, e que mostra um absurdo recorde de pessimismo entre os executivos brasileiros.

Na ponta dos pobres, valem as sucessivas pesquisas que mostram satisfação majoritária com o governo Dilma Rousseff, a ponto de 11 de cada 10 analistas apostarem, hoje por hoje, na reeleição da presidente. Como ninguém vota em governo que o faz infeliz, só se pode concluir que uma fatia majoritária dos brasileiros, especialmente os pobres, está rindo.

Que a economia brasileira tem problemas, ricos, pobres e remediados estão cansados de saber. Problemas conjunturais (o crescimento medíocre dos anos Dilma ou a forte queda do saldo comercial, por exemplo). Problemas estruturais que se arrastam há tantos séculos que nem é preciso relacioná-los aqui. Daí, no entanto, a um pessimismo recorde vai um abismo. Um país em que há pleno emprego e crescimento da renda não pode ser campeão de pessimismo nem pode ficar em 32º lugar, entre 45, no campeonato mundial de pessimismo. É grotesco.

Grotesca igualmente é uma das aparentes razões para o surto de pessimismo que vem grassando desde meados do ano passado. Seria a diminuição do superavit primário, ou seja, do que sobra de dinheiro nos cofres públicos depois de descontadas as despesas e tem servido exclusivamente para o pagamento dos juros da dívida. Foi por isso que o ministro Guido Mantega apressou-se a divulgar os dados de 2013, para acalmar os "nervosinhos".

Quem deveria ficar nervoso, mas muito nervoso, não apenas "nervosinho", é exatamente quem está contente com o governo.

Basta fazer a comparação: os portadores de títulos da dívida pública (serão quantos? Um milhão de famílias? Cinco milhões no máximo?) receberam do governo, no ano passado, R$ 75 bilhões. É exatamente quatro vezes mais do que os R$ 18,5 bilhões pagos às 14 milhões de famílias (ou 50 milhões de pessoas) que recebem o Bolsa Família.

Quatro vezes mais recursos públicos para quem tem dinheiro para investir em papéis do governo do que para quem não tem renda. Seria um escândalo se os pobres tivessem voz. Mas quem a tem são os rentistas que ficam reclamando da redução do que recebem, como se houvesse de fato a mais remota hipótese de que o governo deixe de honrar sua dívida. Fazem um baita ruído com os truques contábeis que permitiram o superavit, mas não dizem que, com truque ou sem truque, a dívida líquida diminuiu este ano, de 35,16% do PIB em janeiro para 33,9% em novembro, última medição disponível.

Ou, posto de outra forma: o governo, supostamente irresponsável, gasta menos do que arrecada e ainda pinga 1,3% de tudo o que o país produz de bens e serviços na conta dos mais ricos e apenas 0,4% na dos pobres entre os pobres. E os ricos ainda choram.

crossi@uol.com.br

domingo, 5 de janeiro de 2014

Um mal presságio para o desenvolvimento sustentável: Gigante chinesa de petróleo fecha sua unidade de novas energias

Estaria a Revolução Energética bloqueada pelo ressurgimento de novas energias fósseis?

O cadáver/Do indigente
É evidente/Que morreu
E no entanto/Ele se move
Como prova/O Galileu

(Chico Buarque)

É algo comum mencionar o fim da era do petróleo. No entanto, como já advertia Ahmed Zaki Yamani, ex-Ministro do Petróleo da Arábia Saudita,"a Idade da Pedra não acabou por falta de pedras, assim como a Idade do Petróleo não acabará por falta de Petróleo"...

Há muita expectativa e muitos mitos relacionados às novas energias, como a biomassa, solar, eólica, de marés, termais, etc. As demandas por energias limpas e renováveis estão no topo da agenda internacional, vide o Painel de Mudanças Climáticas da ONU. Petróleo, carvão, gás natural, lenha vegetal estariam na origem do chamado "aquecimento global" decorrente de emissões de gases poluentes, entre os quais se destaca o CO2.

Cabe peguntar: porque uma planta de novas energias foi fechada num dos países que mais investe nessa área e, além disso, é o maior emissor de CO2 em termos absolutos (porque em termos relativos, a emissão da China é de menos de um quinto da dos Estados Unidos).

Quanto dessa medida não seria o efeito da enorme produção de gás de xisto (shale gas) nos Estados Unidos, que já reduzir à metade a dependência de petróleo do país de fontes estrangeiras?

Qual seria o impacto econômico dessa drástica redução das importações de petróleo dos EUA para o preço internacional do petróleo? E para a produção industrial: os Estados Unidos, com uma oferta de energia abundante e barata, poderia repatriar suas empresas e deixar a ver navios os chineses, vietnamitas ou indonésios?

Perguntas cujas respostas valem milhões. Vamos à reportagem do Global Times:


CNOOC to close new energy unit
Global Times | 2014-1-5 23:48:04
By Chen Tian
http://www.globaltimes.cn/content/835915.shtml


China's third-largest national oil company decided to end one of its renewable energy subsidiaries, according to media reports, as the country's lackluster new energy market continues to struggle with limited demand and high production costs, analysts said Sunday.

China National Offshore Oil Corp (CNOOC) plans to dissolve its subsidiary CNOOC New Energy Investment Co, a Beijing-based firm which mainly explores and produces several forms of renewable energy including wind power, coal-based clean energy and biomass energy, the Beijing-based Economic Observer newspaper reported Friday.

The newspaper cited an unnamed source close to the senior management of CNOOC who said that the company's top executives have lost confidence in the new energy company, which has incurred huge financial losses since its establishment in 2007.

The parent company, the source said, also decided to sell the unit's projects and transfer the firm's equity without specifying who would take the projects and shares.

Employees of CNOOC New Energy Investment can choose to quit, or be transferred to the parent company's Synthetic Natural Gas (SNG) companies in North China's Shanxi Province and Northwest China's Xinjiang Uyghur Autonomous Region, the newspaper reported. SNG is also a clean energy product.

CNOOC was not available to comment on the issue as of press time.

Many of China's large energy companies, including China Petrochemical Corporation and China National Petroleum Corp, have developed clean energy branches. That is more of a strategy to create a positive and socially responsible image for the firms themselves, and less of a means to make money, said Lin Boqiang, director of the Center for Energy Economics Research at Xiamen University.

Lin told the Global Times Sunday that the financial performances of China's renewable energy companies are highly dependent on the amount of subsidies from the central government.

"It is very costly for companies to develop clean energy businesses. Without the authorities' financial support, the price of electricity produced by renewable energy will be very expensive and consumers will not purchase it," Lin said.

CNOOC New Energy Investment Co is not a listed company, so its earnings reports are not accessible by the public.

The renewable subsidiary suffered losses for five consecutive years since its launch, the Economic Observer reported, though the firm made a profit for the first time in 2012.

The firm earned a profit of 9.93 million yuan in 2012 and its total assets stood at 7.15 billion yuan at the end of 2012, the newspaper said, while the parent company has invested more than 10 billion yuan in its renewable energy businesses.

Lin said CNOOC is selling its Beijing new energy subsidiary after it made a profit in 2012 because it could fetch a higher price now. "If CNOOC New Energy Investment announces a loss in 2013, it would be very difficult for the company to sell its unit."

Zhang Ping, president of China Renewable Energy Industry Association, told the Global Times Sunday that CNOOC is closing its new energy unit because the firm focused on developing wind power, which is not well developed in China.

"China's northern regions have abundant wind energy, but they lack upgraded power grids and strong market demand. Wind power cannot be fully absorbed," he said.

Yang Fuqiang, senior adviser on climate and energy at the Beijing Office of New York-based Natural Resources Defense Council, told the Global Times that China's new energy market has gone through a low point and will gradually recover in 2014.

"The economies of the US and Europe are getting stronger, and the governments and financial institutions in the developed countries are supporting clean energy," Yang said. "Influence from overseas will help China further strengthen its clean energy market."

The State Council said Saturday that the Ministry of Industry and Information Technology was taking measures to promote the development of the photovoltaic industry, in the latest move to support China's renewable energy market.

China added 35.95 million kW of new energy and renewable energy installed capacity from January to October last year, doubling the amount recorded during the same period in 2012, according to the National Energy Administration's forecast released in December.

Lúcido artigo de JANIO DE FREITAS: A campanha da moda

JANIO DE FREITAS

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/146413-a-campanha-da-moda.shtml


Todo o falatório em torno de PIB de 1% ou de 2% nada significa diante da queda do desemprego a apenas 4,6%

Quem não discute gosto anda na moda, que é um modo de não ter gosto (próprio, ao menos). Até por solidariedade aos raros que não se entregam à moda eleitoreira de dizer que 2013 foi um horror brasileiro e 2014 será ainda pior, proponho uns poucos dados para variar.

Com franqueza, mais do que a solidariedade, que tem motivo recente, é uma velha convicção o que vê importância em tais dados. Um exemplo ligeiro: todo o falatório em torno de PIB de 1% ou de 2% nada significa diante da queda do desemprego a apenas 4,6%. Menor que o da admirada Alemanha. Em referência ao mesmo novembro (últimos dados disponíveis a respeito), vimos as manchetes consagradoras "EUA têm o menor desemprego em 5 anos: cai de 7,3% para 7%". O índice brasileiro, o menor já registrado aqui, excelência no mundo, não mereceu manchetes, ficou só em uns títulos e textos mixurucas.

Mas o índice não pode ser positivo: "O índice caiu porque mais pessoas deixaram de procurar emprego". Se mais desempregados conseguiam emprego, como provava o índice antes rondando entre 5,6% e 5,2%, restariam, forçosamente, menos ou mais desempregados procurando emprego? PIB horrível, falta de ajuste fiscal, baixa taxa de investimentos, poucas privatizações, coitado do país. E, no entanto, além do emprego, aumento da média salarial, a ponto de criar este retrato do empresariado de São Paulo: a média salarial no Rio ultrapassou a dos paulistas.

A propósito: com as alterações do Bolsa Família pelo Brasil sem Miséria, retiraram-se 22 milhões de pessoas da faixa dita de pobreza extrema. Com o Minha Casa, Minha Vida, já passam de 1 milhão as moradias entregues, e mais umas 400 mil avançam para a conclusão neste ano. A cinco pessoas por família, são 7 milhões de beneficiados com um teto decente, água e saneamento.

Sobre dados assim e 2014, escreve o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale: "Infelizmente, veremos mais promessas de ampliação do Bolsa Família e do salário mínimo, que, no frigir dos ovos, é o que tende a reeleger a presidente". Da qual, aliás, acha que em 2014 "deverá se apequenar ainda mais". Da mesma linhagem de economistas --a que domina nos meios de comunicação--, Alexandre Schwartsman dá à política que produziu aqueles resultados o qualificativo de "aposta fracassada", porque só deu em "piora fiscal, descaso com a inflação e intervenção indiscriminada, predominando a ideologia onde deveria governar o pragmatismo".

"Infelizmente" e "aposta fracassada" para quem? Para os 22 milhões que saíram da pobreza extrema, os 7 milhões que receberam ou receberão um teto em futuro próximo, os milhões que obtiveram emprego, os milhões ainda mais numerosos que tiveram melhoria salarial?

E, claro, ideologia existe só no que se volta para os problemas e possíveis soluções sociais. Quem se põe de costas para o que não interesse à elite financeira e ao poder econômico, não o faz por ideologia, não. Por esporte, talvez.

Foi a esse esporte, quando praticado orquestradamente nos meios de comunicação, que Dilma Rousseff se referiu como uma "guerra psicológica", e gerou equívocos críticos. Não se trata de "expressão antidemocrática", nem própria dos tempos da ditadura. É a denominação, técnica ou científica, como queiram, de métodos de hostilidade não militares, diferentes das campanhas por não serem declarados em sua motivação e seus fins, e buscando enfraquecer o adversário por variados tipos de desgaste.

Não é o caso da pregação tão óbvia no seu propósito de prejudicar eleitoralmente Dilma Rousseff. E prática tão evidente que, já no início de artigo na Folha, o empresário Pedro Luiz Passos definiu-a como "o negativismo que permeia as análises sobre a economia brasileira, em contraste com a percepção de bem-estar especialmente da base da pirâmide de renda". Ou seja, há um negativismo, intenção de concentrar-se no negativo, real ou manipulado, e a desconsideração do que deu à "base da pirâmide" social alguma percepção de bem-estar.

O elemento essencial na existência de uma nação é o povo. Não é o território, não é o Estado, ambos inexistentes em várias formas de nação ao longo da história e ainda no presente (os curdos, diversos povos nômades, povos indígenas). O PIB e os ajustes feitos ou reivindicados nunca fizeram nada pelos brasileiros que são chamados de povo. A cliente do PIB, dos gastos governamentais baixos e dos juros bem altos são os que compõem a mínima minoria dos que só precisam, para manter o país, do povo.