domingo, 29 de dezembro de 2013

ALUNOS SE PREPARAREM PARA AS AULAS, ISSO É MESMO UM MÉTODO MADE IN USA?

Abaixo republico um texto extraído do jornal Folha de São Paulo sobre um "novo método" de ensino em que os estudantes universitários já venham para a aula preparados, com a leitura prévia de textos. O papel do professor, nesse caso, seria apenas de coordenar os debates, buscando levar os alunos à reflexão. Se isso é feito em forma de círculos, colmeias ou coisas assim, não importa. Onde isto é novidade? Não é uma questão de método, é uma questão de postura.

O fato é que a qualidade dos alunos de instituições de ensino superior, os da Unesp, INCLUSIVE, é sofrível. Conservei com alguns alunos de haviam retornado de intercâmbio na França e eles me disseram que em Lille a carga de leitura era pesada. Pois bem, perguntei a eles, e aqui não é? O problema é que aqui vocês não leem texto algum, respondi a eles. Nessa conta de mediocridade, grande parte de meus colegas professores apenas assistem passivos a essa situação, talvez até eu mesmo, em algum momento... isso quando não são cúmplices desse crime contra a sociedade.

Se o professor lecionar numa instituição privada e cobrar leitura prévia dos alunos e se esses se revoltarem contra o método "mágico", o professor não dura até o final do semestre. Instituições privadas gostam de clientes satisfeitos, mesmo que saiam néscios de suas salas de aula.

O Brasil é o país do "faz de conta". Como podemos ser dinâmicos e líderes em pesquisas científicas e tecnológicas se a qualidade moral de nosso povo, em grande parte, deixa a desejar? Como formar um grande especialista em Relações Internacionais se, na prática, ele não estuda mais do que três horas por dia se fizer o curso no horário noturno?

Não me canso de falar para meus alunos: independentemente do que eles fizerem ou souberam, o mundo deles estará garantido por conta de sua origem familiar, da cor da pele e da textura do cabelo. Como são brancos de classe média e estudaram em colégios particulares, já possuem a rede de relações que irá garantir a sua existência de maneira bem melhor do que a da massa da população brasileira que, diga-se de passagem, também não "boa bisca", como diria a operária italiana, já que tem as mesmas características morais da elite que a detesta, com raras exceções.

Leiam o texto da Folha:


Faculdades privadas modernizam aulas com método dos EUA
Algumas instituições brasileiras têm trocado a tradicional exposição do professor pelo debate entre alunos em sala

Formato inspirado nas aulas da Universidade Harvard (EUA) deve se espalhar pelo país, dizem educadores

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
Estudantes em filas, professor à frente, explicação na lousa ou no projetor. É tudo que algumas faculdades particulares têm buscado evitar em seus cursos de graduação.

Há pouco mais de um ano, ao menos quatro instituições brasileiras adotaram metodologias em que os estudantes precisam ler textos ou ver vídeos antes das aulas, para terem um conhecimento básico prévio do conteúdo.

Nas aulas há debates entre os alunos, e não a convencional exposição do professor. A tradicional escola Belas Artes de São Paulo foi uma das que adotou o método.

Educadores afirmam que o formato, inspirado em aulas da Universidade Harvard (EUA), deve se espalhar pelo país, ainda que haja dificuldades de implementação.

Na nova metodologia, ao professor cabe apresentar temas a serem debatidos e acompanhar se as conclusões dos alunos caminham para a direção correta.

Os alunos são distribuídos em mesas redondas de oito lugares cada uma, em geral. O grupo deve apresentar resposta a uma pergunta posta pelo docente --que conduz as discussões até que todos saibam a alternativa certa.

Um dos métodos, chamado "peer instruction" (formação por pares), foi criado pelo professor Eric Mazur, que leciona física em Harvard.

Ele estava incomodado com o fato de que poucos docentes conseguiam prender a atenção dos estudantes por uma aula inteira --problema que atinge cursos superiores no mundo todo.

Pesquisas de Mazur mostram que, com o novo formato, os alunos fixam melhor conteúdos e ganham capacidade de resolver problemas.

ATUALIZAÇÃO

"As aulas precisam ser mesmo atualizadas", disse o consultor de ensino superior Roberto Lobo, ex-reitor da USP. "Mas os temas a serem abordados devem ser bem administrados, senão, os alunos ficam com lacunas".

Diretor acadêmico da Unipac (MG), Gustavo Hoffmann afirma ser essencial, no novo formato, que o aluno se prepare antes das aulas. "No modelo tradicional, os professores até podem pedir leitura prévia. Mas a aula ocorre normalmente se o aluno não se preparar", afirma.

"No novo modelo, não se consegue debater algo sem que você tenha uma base."

O preparo prévio exige cerca de uma hora por dia do aluno. Os cursos são presenciais, ou seja, ao menos 80% da carga horária tem de ser cumprida na faculdade.

"No começo, ficamos preocupados", disse José Augusto dos Santos Dias, 23, que teve a nova metodologia em algumas matérias do curso de direito da Unisal (Lorena-SP). Um dos conteúdos que ele estudou no sistema foi quais recursos poderiam ser impetrados para cada decisão judicial. "No final, gostei."

A inclusão da nova metodologia nas grades curriculares varia entre as faculdades. As mesmas instituições também têm adotado outras modalidades parecidas ao "peer instruction", como a resolução de problemas.

Neste caso, o professor apresenta um problema real, enfrentado por uma instituição, e os alunos têm de apresentar soluções. Depois, compara-se com a solução adotada no caso concreto.

"A ideia é evitar que o aluno vá para a aula apenas para ouvir o professor. Hoje, ele deve ser ativo", disse Marcilene Bueno, da área de novas metodologias da Unisal.




quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

UMA MULTIPOLARIDADE DIFERENTE: O JAPÃO TENTA SAIR DA TUTELA DOS ESTADOS UNIDOS

BBC: http://www.bbc.co.uk/news/world-asia-25411653
17 December 2013 Last updated at 12:28 GMT

Japan boosts military forces to counter China

Japan's cabinet has approved a new national security strategy and increased defence spending in a move widely seen as aimed at China.

Over the next five years, Japan will buy hardware including drones, stealth aircraft and amphibious vehicles.

The military will also build a new marine unit, an amphibious force capable of retaking islands.

The move comes with Tokyo embroiled in a bitter row with Beijing over East China Sea islands that both claim.

'Transparent'

Japan first increased defence spending in January, after a decade of cuts.

Prime Minister Shinzo Abe, who was elected a year ago, has called for Japan to broaden the scope of activities performed by its military - something currently tightly controlled by the post-war constitution.

He has also established a National Security Council that can oversee key issues.

Approving the national security strategy made Japan's foreign and security policy "clear and transparent - for both the Japanese people and all the world to see", he said.

Spending over the five years is expected to amount to 23.97 trillion yen ($232bn, £142bn), a rise of 2.6% once billions of yen in cost savings are taken into account.

Japan plans to buy anti-missile destroyers, submarines, 52 amphibious vehicles, surveillance drones, US fighter planes and 17 Boeing Osprey aircraft, capable of vertical take-off.


Nationalist dreams

The announcement of more Japanese military spending comes weeks after China established an air defence identification zone (ADIZ) over a swathe of the East China Sea, including islands controlled by Japan.

It says all aircraft transiting the zone must obey certain rules, such as filing flight plans, or face "measures".

Japan, US and South Korea - which claims a rock that lies within China's declared zone - have strongly criticised the move, with the US calling it "an attempt to unilaterally change the status quo" in the region.


Japan's new military strategy explained in 60 seconds

In its latest expression of concern, the US has warned China against establishing another ADIZ over the South China Sea.

Speaking at a news conference in the Philippines, Secretary of State John Kerry said the East China Sea zone should not be implemented and "China should refrain from taking similar, unilateral actions elsewhere in the region and in particular, over the South China Sea."

China had already criticised the outlines of Japan's defence policy and says it is "closely watching Japan's security strategy and policy direction".

Japan's military shopping list

Two destroyers equipped with Aegis anti-missile system
Five submarines
52 amphibious vehicles
28 F-35 fighter planes
17 vertical take-off Boeing Osprey aircraft
Japan ranks fifth in the world for military spending, according to the Stockholm International Peace Research Institute, while China is in second place behind the United States.

Mr Abe's government says the strategy is a measured and logical response to a real and increasing threat, reports the BBC's Rupert Wingfield-Hayes in Tokyo.

But many on the left in Japan think Mr Abe is using the threat from China to pursue his own nationalist dreams, our correspondent adds.


COMENTÁRIOS

O reaparelhamento militar japonês pode ser identificado sob três aspectos:

1) Uma tática visando fazer frente à emergência econômica e militar da China;

2) A tentativa da elite japonesa de viabilizar os meios de sair da tutela imposta pelos Estados Unidos desde o final da II Guerra Mundial;

3)Reativar a economia do país por meios de gastos militares.

Independentemente dessas questões, o resultado disso só pode ser a reemergência do Japão como Potência "de facto" na Ásia Pacífico e a estruturação de uma ordem mundial multipolar, já que as opções para a suplantação da hegemonia dos EUA ainda são um projeto.



sábado, 21 de dezembro de 2013

GOLPE DO JUDICIÁRIO... MAIS UM

Faz alguns dias que eu postei aqui a denúncia de golpes brancos desferidos contra as instituições democráticas por parte do Poder Judiciário. Sem votos populares, a elite faz da justiça a sua trincheira contra os governos populares. Naquele momento mencionava a destituição do prefeito eleito de Bogotá pelo Procurador Geral da Colômbia.

O mais novo golpe se no Brasil, por conta da discussão sobre a reestruturação da cobrança do IPTU na cidade de São Paulo. A FIESP e os partidos de oposição foram à justiça para vetar a progressividade do imposto, isentando os mais pobres e cobrando mais daquela parcela da população que está usufruindo dos ganhos da ENORME especulação imobiliária, chamada pelo Professor Samy Dana, com propriedade, de Bolha Imobiliária.

A discussão chegou ao stf e, pelos mãos de seu presidente, anulou a medida democraticamente adotada pela Câmara Municipal de São Paulo. Entretanto, conforme é definido pelo artigo 156 da Constituição de 1988, que caracteriza o IPUTU como imposto municipal, ou seja, somente os municípios têm competência para aplicá-lo. No Brasil, o IPTU costuma ter papel de destaque entre as fontes arrecadatórias municipais, figurando muitas vezes como a principal origem das verbas em municípios médios, nos quais impostos como o ISS (Imposto Sobre Serviços, outro imposto municipal brasileiro de considerável importância) possuem menor base de contribuintes.

O sft imiscuir nesta questão é golpe, mais um daqueles perpretrados pelo titular do órgão.

Lamentável!

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A mão que toca um violão: sobre a clareza na informação

Como historiador, aprendi que uma fonte não deve ser tratada de forma isolada. Ela deve ser colocada num contexto e cada fragmento deve ser analisado à luz do interesse de quem a criou. De forma similar, aplicando essa premissa aos princípios da comunicação, uma mensagem não deve ser analisada somente à luz do seu emissor, mas, principalmente, na perspectiva do receptor. Há momentos em que julgamos que nossas mensagens são claras e inequívocas, mas para o receptor podem ser objeto de dúvidas e angústias.

Faz inveja a linguagem da diplomacia. Em momentos de grande tensão, podem ser reafirmados princípios sem se colocar “lenha na fogueira”. Na outra direção, o discurso “low profile” busca a refrear a euforia de uma vitória retumbante por meio de uma mensagem conciliadora que chega aos ouvidos dos derrotados como um bálsamo. Uma mensagem dura pode ser enviada por gestos: em meio às turras com a espionagem dos EUA, a diplomacia brasileira mandou um recado duro ao destacar diplomatas do “segundo escalão” para o almoço de despedida do embaixador Thomas Shannon. Por mais que o ex-embaixador seja uma pessoa cordial, o recado foi enviado ao Departamento de Estado norte-americano.

Neste momento de balanço e reflexão por conta das festas de final de ano, é importante refletir sobre a força das palavras. Aos ouvidos calejados pela dor, uma palavra amiga pode ser compreendida como zombaria ou menosprezo. Aprendi recentemente que devo ler e reler uma mensagem e escolher melhor as palavras para que elas cheguem aos ouvidos do interlocutor com a pureza que a gente imagina ter.

Viola Enluarada, de Marcos Valle nos faz refletir sobre isto, a mesma mão que toca o violão pode empunhar um punhal:



Viola Enluarada

A mão que toca um violão
Se for preciso faz a guerra,
Mata o mundo, fere a terra.
A voz que canta uma canção
Se for preciso canta um hino,
Louva à morte.
Viola em noite enluarada
No sertão é como espada,
Esperança de vingança.
O mesmo pé que dança um samba
Se preciso vai à luta,
Capoeira.
Quem tem de noite a companheira
Sabe que a paz é passageira,
Prá defendê-la se levanta
E grita: Eu vou!
Mão, violão, canção e espada
E viola enluarada
Pelo campo e cidade,
Porta bandeira, capoeira,
Desfilando vão cantando
Liberdade.
Quem tem de noite a companheira
Sabe que a paz é passageira,
Prá defendê-la se levanta
E grita: Eu vou!
Porta bandeira, capoeira,
Desfilando vão cantando
Liberdade.
Liberdade, liberdade, liberdade...

Para os meus amigos, espero que minhas palavras sejam o mais perfeito invólucro de minhas ideias. Pois para meus amigos, só tenho o desejo de coisas boas, justas e sinceras.

Tudo de bom em 2014!

domingo, 15 de dezembro de 2013

MAIS UM GOLPE BRANCO NA AMÉRICA LATINA

Se há algo que desperta o ódio da elites latino-americanas é o voto popular. Com liberdades democráticas, o povo pode escolher os políticos que mais bem representam os seus interesses.

A eleição de Lula, sua reeleição e a vitória de Dilma Rousseff em 2010 estão atravessados na garganta das elites como um espinho que não para de doer. Ao se confirmar as pesquisas eleitorais, há uma grande chance de reeleição de Dilma em 2014, fato admitido pelo Presidente do Grupo Itaú, Roberto Setúbal.

O ódio provocado nas elites pela eleição de governos progressistas e a extemporaneidade de golpes militares fazem com que a direita busque um novo tipo de virada de mesa: a judicialização da política.

A tática é sempre a mesma: a imprensa cria um fato político que tumultua o debate político; os partidos de oposição buscam abrigo na justiça (com "j" minúsculo) e iniciam processos viciados contra os seus inimigos "populistas". Sob tiroteio da mídia (ou coisa pior) os juízes e procuradores vão para cima dos "populistas" e encontram um argumento qualquer para perpetrar o golpe. Assim foi em Honduras. Assim foi no Paraguai. Assim foi no Brasil no caso do "mensalão".

A mais nova investida desse modelo de "golpe branco" foi desfechada contra o prefeito progressista de Bogotá. Sob acusação de de cometer faltas gravíssimas e de forma dolosa quanto tentou, em 18 de dezembro de 2012, mudar o sistema de limpeza urbana da capital colombiana, tirando o serviço de empresas privadas para entregá-lo a uma pública, a Procuradoria-Geral do país cassou o mandato do Prefeito Gustavo Petra, ex-guerrilheiro do M-19 que abandonou a luta militar pela luta democrática.

A consciência democrática da América Latina não pode se calar frente a mais esta arbitrariedade.

Trago aos leitores a reportagem completa de El Pais, de 14/12/2013:


Milhares vão às ruas na Colômbia contra a destituição do prefeito da capital

Gustavo Petro exige explicações da Presidência sobre o que considera "golpe de Estado" e pede que “indignados” continuem se mobilizando pela paz e a democracia
Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2013/12/14/internacional/1387034064_939008.html

Perante uma multidão mobilizada para se manifestar contra sua destituição como prefeito de Bogotá, o que pode representar a sua morte política por acarretar a cassação de direitos políticos durante 15 anos, Gustavo Petro pediu ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, que intervenha no que considera um “golpe de Estado”.

“Que o presidente da República – para defender a paz na Colômbia – saia em defesa da Convenção Interamericana de Direitos humanos, saia em defesa da Constituição que atribui a ele, e não ao procurador-geral, [a autoridade para determinar] a destituição do prefeito, e saia em defesa da lei da República, da lei de Bogotá”, disse o mandatário municipal na noite desta sexta-feira na emblemática praça de Bolívar, em pleno centro de Bogotá, a poucas quadras do palácio presidencial, enquanto seus seguidores gritavam “Petro, não se vá!”. Ele também insistiu para que Santos se pronuncie de maneira imediata. “É o momento de atuar, é o momento de se fazer a paz”, disse Petro.

A Procuradoria-Geral colombiana destituiu Petro na última segunda-feira e o inabilitou de exercer cargos públicos pelos próximos 15 anos, sob a acusação de cometer faltas gravíssimas e de forma dolosa quanto tentou, em 18 de dezembro de 2012, mudar o sistema de limpeza urbana da capital colombiana, tirando o serviço de empresas privadas para entregá-lo a uma pública, o que gerou caos na coleta de lixo.

A decisão neutraliza ainda um dos mais pujantes líderes da esquerda e um exemplo de reinserção, já que Petro se lançou na política depois de abandonar o movimento guerrilheiro M19. Além de provocar atritos entre o Governo e a procuradoria, o ministro da Justiça, Alfonso Gómez Méndez, já anunciou que revisará as leis que permitem ao Ministerio Público destituir funcionários eleitos por voto popular.

Desde o início desta tarde, milhares de cidadãos começaram a se mobilizar a partir de 17 localidades, convocados pelo prefeito, até encherem por completo a praça que Petro batizou como a “praça da democracia”. Cartazes com mensagens de apoio ao prefeito e contra o procurador-geral Alejandro Ordóñez, que anunciou a destituição dele, tomaram as ruas. Lá estava Leonardo Barbosa, que desde aquele dia se instalou na praça e não a abandonou. “É uma arbitrariedade muito grande, uma decisão arrogante”, disse.

No discurso do prefeito, que se prolongou por duas horas, este afirmou que o procurador Ordóñez violou a lei ao destituí-lo, já que essa atribuição, segundo um artigo da constituição colombiana, é exclusiva do presidente da República, por ser Bogotá uma jurisdição especial. Além disso, ele afirmou que a decisão contra si é ilegal, já que ele não foi condenado por um juiz penal. “Procurador, o senhor não é um juiz”, acrescentou ele em uma das sacadas do Palácio Liévano, sede da prefeitura, insistindo que não se pode cassar os direitos políticos de quem se elegeu pelo voto popular, com mais de 700 mil sufrágios, no seu caso.

Petro mencionou o Estatuto Orgânico de Bogotá, que também determina que cabe apenas ao presidente destituir o prefeito da capital, e alertou que a sua cassação viola a Convenção Interamericana de Direitos Humanos. Ele anunciou que, se o presidente Santos autorizá-lo, na próxima semana se reunirá com o secretário-geral da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), atendendo a um convite dessa organização. “E terá início a sua reflexão sobre a sentença administrativa que eu considero um golpe de Estado”.

Durante toda a semana, o prefeito de Bogotá, que continuará exercendo seu mandato até que se ratifique a sentença da Procuradoria, criticou Ordóñez fortemente, e na sexta-feira o acusou também de “esvaziar as competências constitucionais do presidente, porque quer jogar fora a possibilidade da paz”, conforme disse, fazendo um apelo pela aposta na democracia.

Também advertiu Santos de que, com sua cassação, o procurador Ordóñez está mandado uma mensagem de que a democracia é “descartável”. “Estão nos dizendo que homens que pegaram em armas e escolhem o caminho da democracia [como é o caso dele] não podem governar na Colômbia”, disse, em referência ao processo de paz em curso com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), no qual um dos pontos principais é a participação política dos guerrilheiros eventualmente desmobilizados.

Desde que a destituição foi anunciada, Petro apostou em mobilizar pacificamente os cidadãos da capital para que rejeitem a decisão que o afastaria do segundo cargo mais importante do país. A mobilização da sexta-feira contou inclusive com a presença da Guarda Indígena, que chegou do departamento (estado) do Cauca para apoiar Petro e proteger a sede da prefeitura. Petro chama de “indignados” os que responderam à sua conclamação, e lhes pediu que continuem mobilizados.

Santos, por sua vez, afirmou na sexta-feira, antes do discurso do prefeito, que se reunirá separadamente com Petro e com os organismos de controle (Procuradoria-Geral, Controladoria e Ministério Público) para superar a crise “dentro da institucionalidade”. É a primeira vez que o mandatário nacional se pronuncia sobre a destituição do prefeito, fato que gerou toda uma polêmica nacional e internacional sobre a autoridade da Procuradoria para cassar um funcionário eleito pelo voto direto. Santos reiterou que respeita as decisões dos organismos de controle, assim como o direito de Petro de se defender.

O rebuliço também incluiu o futuro embaixador dos Estados Unidos na Colômbia, Kevin Whitaker, que, na quarta-feira, se referiu à destituição do prefeito dizendo que poderia “erodir” o processo de paz. Whitaker falava da possibilidade de que alguns setores concluam que não está sendo respeitado o pluralismo político, já que Petro é um líder esquerdista que pertenceu no passado à guerrilha M-19. Isto gerou incômodo no governo colombiano, que criticou a intervenção em assuntos internos. Em resposta, o Departamento de Estado esclareceu que Whitaker queria dizer que “a Colômbia tem uma democracia vibrante, em que o pluralismo político é essencial”.

Algo semelhante ocorreu com a intenção do representante das Nações Unidas na Colômbia, Todd Howland, de querer analisar a decisão contra Petro. O governo, por intermédio do ministro do Interior, Aurelio Iragorri, disse que os organismos internacionais não existem para tomar partido.

Agora, resta ver o que Santos dirá a respeito do encontro já marcado entre Gustavo Petro e a CIDH.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Fracassa lançamento de satélite brasileiro em parceria com a China

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A KELAN (CHINA)

Ouvir o texto
Atualizado às 08h35.

Fracassou nesta segunda-feira a tentativa de colocar em órbita o satélite CBERS-3, o quarto lançado pelo programa de observação da Terra que o Brasil mantém em parceria com a China.

Informações preliminares apontam uma falha no foguete que efetuou o lançamento. Ainda não se sabe o que provocou o problema. O foguete caiu no polo Sul.

O lançamento, realizado na base de Taiyuan, no norte da China, aconteceu no horário previsto, à 1h26 (horário de Brasília) desta segunda-feira.

Inicialmente, as informações eram de que tudo ocorrera bem. Mas cerca de uma hora depois do lançamento, os responsáveis chineses informaram que o satélite não entrou em órbita.

A presidente Dilma Rousseff já tinha pronto um comunicado para parabenizar o sucesso da operação, mas foi informada por telefone do fracasso do lançamento do foguete.

O clima é de frustração na delegação brasileira que viajou para acompanhar o lançamento. Entre eles, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e o ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp.

Raupp disse que o plano agora é antecipar para 2014 o lançamento do Cbers-4, previsto para 2015. Os equipamentos estão prontos, mas técnicos do Inpe acham improvável que a integração da parte chinesa com a brasileira seja concluída em menos de 14 meses.

O custo do lançamento foi de US$ 15 milhões. O modelo do foguete chinês utilizado foi o Longa Marcha 4B. Esse modelo já fez 34 lançamentos de satélites com 100% de sucesso.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Brasil e China lançam 4º satélite juntos

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/142274-brasil-e-china-lancam-4-satelite-juntos.shtml


CBERS-3, novo modelo usado para observação da Terra, vai ao ar na segunda após dois anos de pausa em programa

Câmeras vão monitorar desmate, safra agrícola e alterações urbanas; embargo comercial dos EUA fez projeto atrasar

RAFAEL GARCIA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Um foguete deve decolar na madrugada da próxima segunda-feira colocando em órbita o satélite CBERS-3, o quarto lançado pelo programa de observação da Terra que o Brasil mantém em parceria com a China.

O novo orbitador possui quatro câmeras diferentes -- uma a mais do que a versão anterior (o CBERS-2B), que parou de operar em 2010. Desde então, o Brasil está sem meios próprios de observar seu território do espaço.

Durante esse período, programas importantes --como os de monitoramento do desmatamento na Amazônia-- vêm dependendo exclusivamente da compra de imagens geradas por satélites estrangeiros, como os americanos Landsat, Terra e Acqua.

O novo satélite CBERS não dá ao Brasil independência total para monitorar seu território, mas deve tornar a fiscalização mais eficaz.

Segundo José Carlos Epiphanio, coordenador de aplicações do CBERS, a nova câmera de grande campo de visão usada pelos satélites do programa, a WFI, será capaz de fazer imagens de toda a Amazônia a cada cinco dias com resolução de 64 metros. "Isso vai ser de grande utilidade para o Deter, o sistema de combate ao desmatamento em tempo real", afirma.

Hoje o Deter já conta com imagens mais rápidas do Acqua e do Terra, mas sem resolução tão boa.

A WFI e os outros componentes brasileiros do satélite foram desenvolvidos pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que também opera o satélite, em parceria com os chineses.

A principal inovação do novo CBERS em relação ao modelo 2B é a câmeran PAN, que tem um sensor de alta resolução móvel capaz de apontar para os lados e fotografar locais fora da trilha de órbita do satélite. Por isso, ela deve ser útil no monitoramento de desastres imprevistos.

Já a MUX, câmera padrão do CBERS, fará imagens cobrindo todo o território do Brasil e da China com resolução de 20 metros, automaticamente, a cada 26 dias. Todas as imagens ficarão disponíveis on-line gratuitamente.

EMBARGO AMERICANO

O lançamento do CBERS-3 estava previsto originalmente para 2011, mas atrasou dois anos em razão de imprevistos no desenvolvimento de tecnologias que o Brasil ainda não dominava, diz Leonel Perondi, diretor do Inpe.

Um dos problemas foi o Itar, um decreto do governo dos EUA que proíbe empresas americanas de vender componentes espaciais para projetos de cooperação com a China.

O Inpe havia acertado a compra de conversores de corrente elétrica americanos, que não eram peças consideradas de uso espacial. Quando o Inpe estava prestes a obter os componentes, o governo americano resolveu inclui-los na lista do embargo, e o Brasil teve de encontrar outro fornecedor. "Só isso já representou um atraso de um ano", afirma Perondi.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Retirado de El Pais: O grande amigo de Mandela nas Américas foi Fidel Castro

http://brasil.elpais.com/brasil/2013/12/06/internacional/1386296516_464455.html


O ex-presidente sul-africano sempre se mostrou agradecido pela ajuda militar que prestou Cuba ao país na luta contra o apartheid
FRANCISCO PEREGIL Buenos Aires 6 DEZ 2013 - 01:28 BRST

Nelson Mandela era tido como um herói em todo mundo. E na América Latina não foi uma exceção. Em julho de 1998, ele visitou durante três dias a Argentina do presidente peronista liberal Carlos Saúl Menem e foi recebido no aeroporto portenho de Ezeiza com uma salva de 19 tiros de canhão. Em um dos três discursos que fez, ressaltou que o "difícil passado da Argentina" tinha servido de "inspiração" em sua luta contra o apartheid.

Uma das filhas de Mandela, Zenani Dlamini, foi designada em fevereiro embaixadora da África do Sul na Argentina. Zenani, de 55 anos, nada mais chegar a Buenos Aires, explicou ao jornal La Nacíon que não tinha pretensões de exercer a carreira diplomática, mas em janeiro de 2012, o presidente Jacob Zuma disse que convinha que uma Mandela da primeira geração ajudasse a levantar a imagem sul-africana. E a enviou a Buenos Aires num período em que Mandela já se encontrava muito doente. Zenani contou que, ao se despedir, seu pai sorriu e disse: “Estou orgulhoso de você.”

Existem associações de direitos humanos em toda a América Latina que levam o nome de Mandela. Mas o país em que mais deixou uma impressão, e com o qual teve mais afinidades afetivas, foi Cuba. E a pessoa de quem mais gostava foi Fidel Castro. Em 1991, poucos meses após sua saída da prisão, Mandela visitou Cuba. Por causa disso, foi criticado dentro e fora do país, mas fez pouco caso. Há um vídeo do encontro entre os dois líderes em que se vê Mandela abraçando Castro e o chamando de “meu irmão”. Castro vestido de terno e gravata e Mandela se expressando em inglês a uma tradutora que vertia para ele as palavras de Mandela em espanhol:

-Uma coisa antes de falar –diz Mandela em pé a Fidel Castro sentado-. Antes de falar absolutamente qualquer coisa me diga quando vai visitar a África do Sul. Uma grande quantidade de pessoas nos visitou e nosso amigo, Cuba, que nos ajudou a treinar nossa gente, que nos deu recursos, que nos ajudou tanto em nossa luta, que treinou nossos combatentes, nossos médicos… Cuba não veio nos visitar, você não foi nos visitar. Quando virá?

-Não visitei a minha pátria sul-africana –reconhece Castro.

-Mas quando vai visitar vir a África do Sul?

-Acho que vai ter que ser hoje mesmo, vou ter que voar contigo - se desculpa Castro, em tom de blague.

Ao longo dos anos a amizade e a admiração que nutriam um pelo outro não diminuiu. “Sou um homem leal e jamais esquecerei que nos momentos mais sombrios de nossa pátria, na luta contra o apartheid, Fidel Castro esteve ao nosso lado”, disse Mandela. Finalmente, Castro pôde viajar à África do Sul em 1994 e foi recebido no Senado com todas as honras. Mandela nunca dissimulou para o mundo seu relacionamento com Cuba.

Quando, em 1998, Mandela recebeu a visita do então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, o mandatário sul-africano o advertiu que convidou também Castro e o então chefe de Estado de Líbia, Muamar el Gadafi. "Faço isto porque nossa autoridade moral nos dita que não podemos abandonar aqueles que nos ajudaram durante os momentos mais sombrios da história de nosso país, oferecendo recursos e instruções para lutar e ganhar. E aqueles sul-africanos que me têm recriminado por ser leal a nossos amigos, podem, literalmente, ir a catar coquinhos, afirmou Mandela.

Como se sua postura ainda não estivesse clara, Mandela aconselhou Clinton que convocasse seus inimigos, Cuba, Irã e Líbia, para formar uma mesa de negociação e “conversar sobre a paz”. Quinze anos depois, é isso o que Barack Obama está fazendo com o regime iraniano. Naquele dia, Clinton silenciou diante das críticas de Mandela, mas seu conselheiro de Segurança Nacional, Samuel Berger, declarou: "Podemos entender a lealdade de Mandela [a Cuba, Irã e Líbia], mas nossa posição também está baseada em princípios."

Naquela viagem, Mandela mostrou a Clinton a prisão da ilha de Robben, onde permaneceu 18 anos preso e lhe presenteou com uma pedra da pedreira onde cumpriu trabalhos forçados. Depois deu a Clinton a mais alta distinção de África do Sul, a Ordem da Boa Esperança. Antes de Clinton, o último condecorado era Gadafi.

No entanto, Hugo Chávez, o grande amigo de Castro e Gadafi, não cultivou a amizade com o grande libertador dos negros sul-africanos. Mas Nicolás Maduro, o sucessor de Chávez, declarou três dias de luto nacional pela morte de Mandela.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O Fascismo “descolado” do Politicamente Incorreto

“Há algo de podre no Reino da Dinamarca”, dizia Shakespeare pela boca do personagem Hamlet, em peça teatral de mesmo nome. A tal conclusão também cheguei depois de passar dias atrás por dois diferentes aeroportos e verificar nas livrarias pilhas de livros que tinham por título algo como “politicamente incorreto” associado à História e Filosofia.

Aparentemente, a moda parece ser coisa inocente e “descolada”, de gente engraçada que não suporta a “ditadura” do politicamente correto. Na prática, é um movimento de extrema direita importando dos Estados Unidos, o chamado “neocon”, que não passa de uma versão moderninha de fascismo.

Esses “descolados”, que surgem com ares de celebridade, vivem de atacar valores caros à democracia, como o respeito à diversidade, a busca pela igualdade e justiça social, a liberdade de crença e também à nossa História. Esse festival de insultos se escora na liberdade de expressão, algo que para eles não deveria ter limites e tampouco ser objeto de questionamentos de ninguém, inclusive das vítimas de seus insultos.

Mas afinal, o que é politicamente correto para ser objeto de ataques tão vis por parte dos “descolados” incorretos? Em síntese, o conceito de politicamente correto surgiu em países mais avançados com o objetivo de garantir a dignidade humana, enxergando nos membros da sociedade a sua essência e tratando de respeitar com ações e palavras aquelas características importantes de cada um, como a cor da pele, a etnia, a cultura, as opções política e sexual, a religião, a deficiência física, etc.

Ao atacar e humilhar uma pessoa ou grupo por uma característica específica o tal politicamente incorreto ataca a própria democracia. Na visão deles, os torturados deveriam rir de suas próprias chagas e congratular-se com seus torturadores incorretos. Isso não é só sem graça, mas é fundamentalmente perigoso, pois ao banalizar valores essenciais da democracia, atenta-se contra a dignidade humana. Isso é fascismo!

Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 06/09/2012

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

VERGONHA NACIONAL: BRASIL CONTINUA INDO MUITO MAL EM EXAMES INTERNACIONAIS SOBRE APRENDIZADO

RANKING DE CIÊNCIAS DO PISA 2012

Economias Média
1º - Xangai-Cha 580
2º - Hong Konga 555
3º - Cingapura 551
4º - Japão 547
5º - Finlândia 545
6º - Estônia 541
7º - Cor.do Sul 538
8º - Vietnã 528
9º - Polônia 526
10º - Canadá 525
Média OCDE 501
57º - Jordânia 409
58º - Argentina 406
59º - Brasil 405
60º - Colômbia 399
61º - Tunísia 398
65º - Peru 373

A tabela acima indica a classificação geral do PISA 2013, exame que abrange os conhecimentos de leitura e de matemática. Pode-se concluir que há dois problemas distintos: cultural e de infraestrutura.

Digo cultural por que nota-se a predominância de países asiáticos entre os 10 primeiros colocados. Há uma clara influência do confucionismo e da valorização que estas sociedades conferem à figura do Professor. Veja-se, por exemplo, a colocação do Vietnam nesse ranking. Apesar de ter uma renda per capita bem inferior à média brasileira, o país está bem colocado no exame. A América Latina aparece em situação pior do que países com renda per capita mais elevada.

De outro lado, mostra problemas estruturais, visto que o desempenho dos países de nossa região é medíocre. O investimento é baixo, o professor é pouco valorizado e a sociedade, de maneira geral, não confere à educação um papel importante em suas vidas, preferindo o consumo de bens supérfluos, ou obras "faraônicas", ao investimento contínuo na formação de nossos jovens e crianças.

Quando se pensa no tempo efetivo de aula de um aluno de período noturno, mesmo na universidade pública, nota-se que a quantidade de conhecimento que ele pode adquirir é muito pouco. Quando se pensa na formação do professor de nossas escolas públicas da vontade de chorar... quando se pensa que a escola pública no Brasil se assemelha a uma penitenciária, só podemos olhar o futuro com pessimismo.

Há outros motivos que podem explicar nosso fracasso e merecem ser investigados.

O Brasil é uma país que está em meio de um dilema: a renda per capita é elevada para concorrer com a China e o Vietnam; o conhecimento técnico de sua população é insuficiente para concorrer com economias desenvolvidas. Cabe aí uma pergunta: estamos condenados à mediocridade?

domingo, 1 de dezembro de 2013

A QUEM INTERESSA A INSTABILIDADE POLÍTICA NO EXTREMO ORIENTE?

Desde 2005, o governo chinês tem se esforçado em difundir sua estratégia pacífica de desenvolvimento. Em setembro de 2011, mais uma vez o Conselho de Estado da China (China, 2011) lançou um documento afirmando que a China necessita de um ambiente internacional de paz para garantir o seu processo de desenvolvimento e que não busca nenhuma proeminência, nem a nível regional e tampouco em nível mundial.

Não obstante, em outubro de 2011, no Havaí, a secretária de Estado norte-americana, Hilary Clinton, divulgava uma nova estratégia norte-americana de abandonar a conflitiva região do Oriente Médio para direcionar os esforços militares e estratégicos para a região da Ásia-Pacífico, local de maior potencial econômico e onde poderá ser garantida a sua liderança mundial. Desde então, os norte-americanos ampliaram a presença de tropas no porto de Darwin, na Austrália, e tem dado mostra de apreço aos países que desafiam a China nos conflitos territoriais no Mar da China Meridional.

Nessa região, chineses e outros países da Associação de Nações do Sudeste da Ásia (ASEAN), além de Japão e Coreia do Sul, disputam a posse de arquipélagos onde se presume existir jazidas de minerais estratégicos. Diante deste quadro, é preciso refletir sobre os possíveis desdobramentos desse eventual conflito de interesses entre China e Estados Unidos, além de especular sobre a viabilidade de uma superação de hegemonia dentro da ordem, evitando a ocorrência de perturbações de largas proporções, como ocorrera no período de 1870 a 1914.

É nesse contexto que se insere a mais nova "crise" no Extremo Oriente, desta vez relacionada à diretriz chinesa de incluir as Ilhas Diaoyu (ou Senkaku, para os japoneses) no controle do espaço aéreo chinês. Tal medida, anunciada em 22 de novembro passado, já foi testada com o sobrevoo de aviões norte-americanos sobre a área sem aviso prévio ao controle de voo chinês.

Cabe perguntar: os Estados Unidos estariam interessados em "testar" a estratégia pacífica da China ao agudizar uma relação tão tumultuada como a sino-japonesa? A quem interessaria uma nova Guerra Fria (ou Quente) na região? Os focos de atrito são inúmeros. Há disputas territoriais envolvendo a China com a Índia, com o Vietnam, com a Malásia, com as Filipinas e com o Japão. Ademais, a tensão na Península Coreana é sempre intensa, sendo um problema por si só, assim como o é o "problema" de Taiwan.

Penso que com paz e concentrada no seu crescimento a China não se converte em ameaça aos seus vizinhos. No entanto, ao exacerbar tensões, pode se levar a um improvável conflito de proporções catastróficas.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Como Marília está na Grande Bauru, trago a bela memória de Luiz Carlos Azenha sobre seu pai

Nas piscinas, bandeira vermelha
publicado em 21 de abril de 2012 às 2:12


por Luiz Carlos Azenha

Outro dia a dona Lourdes descobriu, nos arquivos familiares (na verdade, caixas de sapato da Casa Carvalho) esta foto. Foi feita durante a campanha das Diretas, em 1984, em Bauru. Como diria o pessoal do antigo DOPS, a polícia política dos tempos da ditadura, lobos em pele de cordeiro.

O primeiro à esquerda (sempre à esquerda) é o sr. Azenha. José Rodrigues Azenha, meu pai. Depois o Ladeira, o meu padrinho e o então prefeito de Itapuí, cujo nome agora me foge. Itapuí é uma cidade na região metropolitana de Bauru.

Bauru, como vocês sabem, tem mania de grandeza. Acho que existia Grande Bauru antes de existir Grande São Paulo. O viaduto local, que permitia atravessar a linha de trem, já nos meus tempos de adolescente era chamado de Elevado João Simonetti. O prefeito queria agradar os parentes do dono da rádio e chamou o viaduto de Elevado.

E como o Elevado ficava perto da sede da rádio — mas, pensando bem, nem tanto –, todo dia, durante o jornal radiofônico, na hora de dizer a temperatura, o locutor disparava: “No Elevado João Simonetti, 33 graus”.

Curiosamente, como diz outro jornalista bauruense, o Arnaldo Duran, a rádio resolveu fazer como as cidades do litoral, onde as emissoras anunciam as condições de banho nas praias. Assim, depois de anunciar a temperatura no Elevado João Simonetti, o locutor dizia: “Nas piscinas, bandeira azul”.

Sendo Bauru onde é, no coração do estado de São Paulo, nunca me lembro de ter ouvido sobre bandeiras vermelhas nas piscinas da cidade.

A não ser, lógico, que o seo Azenha estivesse por perto. A essa altura vocês notaram que o velhinho da foto é o Cavaleiro da Esperança, Luiz Carlos Prestes. Não, não foi meu padrinho de verdade, mas não preciso explicar a origem de meu nome.

Olhar a foto me fez viajar no tempo. É sempre interessante refletir sobre a extraordinária experiência que muitas pessoas têm ao longo de uma única vida.

O seo Azenha é de Cadima, Cantanhede, na região de Trás-os-Montes, Portugal. De uma família da zona rural. A gripe espanhola dos anos 20 matou vários parentes, inclusive o meu avô. Contava o meu pai que, criança, observou os carros de boi que vinham apanhar os mortos. A família não era pobre, mas meu pai gostava de dramatizar. Quando queria nos convencer a não deixar nada no prato, relembrava. “Em Portugal, fazíamos sopa de pedra”. Sopa de pedra? Ficávamos todos curiosos. E ele: “Minha mãe fervia água e eu apanhava uma pedra no quintal. Depois de lavar, a pedra era colocada na panela. Deixava um gostinho. Era a sopa de pedra”. Educação alimentar à portuguesa.

Meu pai era um português piadista, fruto da autoconsciência que, imagino, se desenvolveu quando o jovem do interior foi para a cidade grande, Coimbra. É certamente dolorosa a sensação de não fazer parte da turma, mas o que se perde em afeto se ganha em resiliência. Meu pai falava sempre que os homens portugueses do tempo dele eram medidos pelo tamanho da pança. A barriga desenvolvida era sinal de fartura burguesa. Não foi a fome que fez do seu Azenha comunista, foi a sensação de não pertencimento.

Foi também o que tirou meu pai de Portugal. Para escapar de servir ao exército salazarista, sob o risco de defender, logo quem, Hitler!, meu pai embarcou em um navio com destino a Santos.

Curiosamente, quando eu era menino, em Bauru, duas coisas me fascinavam. Em primeiro lugar, as locomotivas pintadas em vermelho e amarelo da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Depois percebi que gostava era do movimento delas, sempre em direção a algum lugar indefinido. Outro fascínio, na verdade um sonho, era seguir um rio até a nascente.

Eu viajava ao mesmo tempo em direção à origem e ao futuro.

Seo Azenha era, também, uma contradição ambulante.

Tinha tino para o comércio e tornou-se, a certa altura da vida, um rico empresário de Osvaldo Cruz, no interior de São Paulo. Dono ao mesmo tempo de uma fábrica de camisas e de outra, de laminados de madeira, no norte do Paraná. Dava-se ao luxo de ir a São Paulo e pegar o avião da Panair para ver o Vasco jogar no Maracanã.

Ainda assim, nunca abandonou a militância. Com amigos, mantinha gráfica clandestina para imprimir os panfletos usados em campanhas para apoiar candidatos simpáticos ao Partidão ou atacar os adversários. Já de idade, meu pai se lembrava gargalhando da ocasião em que os militantes encomendaram ao Bessinha de então a imagem de um adversário político como se fosse um urubu.

O Partidão, como vocês bem sabem, sempre foi um partido moderado, aliancista. “Etapista”, dizíamos nós, com desdém, nos tempos da Universidade de São Paulo, quando — eu e meu irmão — nos acreditávamos verdadeiramente revolucionários. Ah, os jovens!

O fato é que cresci filho de comunista em Bauru, o que não foi fácil.

Durante a ditadura militar, ser filho de comunista em cidade pequena equivalia a padecer, aos olhos dos outros, de alguma doença grave.

Não havia margem para errar, por exemplo, na escola. É filho de comunista, tadinho… mas tira 10.

O que os cinco irmãos não herdaram da autoconsciência do pai, foram forçados a desenvolver crescendo vermelhinhos em Bauru.

Na verdade, foi um tempo maravilhoso. Acompanhávamos de perto a leitura rigorosa que meu pai fazia, aos domingos, do Estadão; à noite, ele ligava a eletrola Semp para ouvir a emissão em português da BBC de Londres e da rádio de Moscou. Três visões, digamos, bem distintas do mundo — e lá fora, a realidade de Bauru.

Aprendemos todos a conviver com uma alta dose de ansiedade. Vocês sabem o que é arbítrio, de perto? É alguém entrar na sua casa, a qualquer hora, armado e sem mandado, para fazer uma busca. É óbvio que o disciplinado comunista pouco contava de sua militância à família, como forma de evitar que, sob pressão, alguém desse com a língua nos dentes. De certa forma, aquele meu fascínio pelas locomotivas da Noroeste expressava também um sonho de fuga.

Havia uma silenciosa cumplicidade entre todos de casa. Os livros, vamos dizer, “perigosos”, eram escondidos entre o forro e o telhado, razão pela qual até a gata Sebrentina tinha noções de marxismo. Havia poucos comunistas em Bauru e os policiais locais subordinados ao DOPS precisavam mostrar serviço. Quando a coisa esquentava, prendiam os suspeitos de sempre. Acho que foi em 1968, depois do AI5, que meu pai resolveu enterrar alguns livros no fundo do quintal. Eu e meu irmão o ajudamos na tarefa, mas quando a coisa esfriou descobrimos que o lusocomunismo tinha sofrido um grave revés. Toda aquela linda coleção USA x URSS, da Editora Abril, se perdeu, mofada.

O seo Azenha se foi no dia 21 de abril de 2005. Antes de uma cirurgia, me instruiu: se houver problemas, quero ser cremado e que minhas cinzas sejam jogadas na baía de Santos. E lá se foi seo Azenha, alimentar os peixes, no mar em que a vida dele se transformou. Às vezes revolto, às vezes calmo. Contraditório sempre, como todos nós.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

THE ECONOMIST, A GRANDE MÍDIA BRASILEIRA E O TERRORISMO INFLÁCIONÁRIO

Quando se observa com atenção as fortes pressões sobre o governo federal e sobre o Comitê de Política Monetária (COPOM) para a elevação das taxas de juros, nota-se que a essência da pressão não se restringe ao combate da inflação. Por mais que a elevação das taxas de juros possa ter influência na demanda agregada, a experiência brasileira em muitos momentos apontou para uma situação paradoxal: na maior parte do governo Fernando Henrique Cardoso as taxas de juros eram extremamente elevadas, alcançando 49.5% no final de 1998, e nem assim o governo conseguiu manter a taxa de inflação dentro das metas por ele estabelecidas.

O cerne da questão é que a elevação da taxa básica de juros implica uma maior remuneração ao capital rentista, aquele que aposta sua riqueza na valorização não produtiva. Ao invés do esquema de valorização produtiva (D-M-D´), nota-se o esquema especulativo (D-D`), tal como definira Marx.

Não à toa, em setembro de 2013, uma reportagem de capa da revista britânica The Economist se mostrava muito pessimista com relação à economia brasileira, depois de mostrar o Cristo Redentor decolando, em 2009, ao sugerir a emergência do país. A pergunta da capa era: “O Brasil estragou tudo?”, fazendo alusão aos supostos erros de política econômica que haviam inviabilizado a decolagem da economia brasileira.

Quando se faz uma análise de conjuntura, é importante conhecer melhor os atores envolvidos na tessitura dos fatos. De um lado está um governo de centro-esquerda, apoiado por uma ampla coalisão partidária e com maiores preocupações sociais e industrialistas. Do outro lado, a grande mídia, nacional e estrangeira, capitaneada pela The Economist. Afinal, cabe perguntar, a revista inglesa representa quais interesses?

Para responder a esta questão, retornemos à sua fundação, em 1843, quando a revista já defendia um ponto de vista liberal sobre política e economia, atacando naquela época as Corn Laws, porque estas protegiam os interesses da agricultura em detrimento da acumulação industrial e das finanças. Desde então, ela se tornou a porta-voz dos interesses da haute bourgeoisie e da haute finance inglesas, especificamente da London City, espaço da cidade que ainda hoje concentra as empresas financeiras. Mesmo com a ascensão de Wall Street como a principal praça, a revista inglesa não perdeu seu prestígio, tornando-se então a porta-voz do capitalismo financeiro em escala global.

No entanto, esse poder de pressão dos bancos não se restringe às opiniões vindas da metrópole. Na mídia de todos os países estão enraizados os defensores do interesse do capital financeiro. No caso brasileiro, há uma unanimidade entre a grande imprensa em ancorar sua linha editorial com os postulados liberais. Assim, as criticas do exterior são potencializadas por editoriais, artigos e entrevistas com “especialistas” detratores de políticas econômicas não afinadas com o interesse metropolitano. Logo, torna-se “natural” o papel da grande imprensa em boicotar um projeto que lhe é inconveniente. Seria cansativo reproduzir as centenas de comentários depreciativos nos veículos da grande imprensa. Creio que a opinião de Folha de São Paulo seja esclarecedora:

"O experimentalismo econômico do governo trouxe uma conta indigesta. Menor controle de gastos, aumento desmedido de crédito público e intervencionismo setorial excessivo não levaram à aceleração do crescimento. Ao contrário, minaram a confiança de investidores e consumidores e, até aqui, resultaram em mais inflação". (Folha de São Paulo – 02/10/13)

Conforme ressaltamos, apesar de toda a fundamentação técnica ou o discurso defensor de uma “boa prática econômica”, o que está por detrás da crítica liberal ao governo é a luta por dinheiro: quanto menor a taxa de juros e quanto menor o poder oligopolista das grandes empresas, menor será a remuneração do capital rentista.

A despeito de se concordar ou não com a receita liberal, o fato é que a pressão para aumentar as taxas de juros possuía outra motivação, qual seja, a de garantir a rentabilidade do capital rentista. Façamos uma conta bastante simples, descontando nesta conta qualquer outro “custo”, como a corretagem dos papeis do governo:

Se a taxa de juros SELIC é de 7,25%, como em março de 2013, e a taxa de inflação anualizada era de 6,59%, a remuneração real do capital rentista seria de apenas de 0,66 ao ano! Dito de outra maneira, para os setores acostumados com ganhos fáceis no mercado financeiro, ver seu capital remunerado a uma taxa inferior a 1% AO ANO seria um descalabro.


Logo, minar a estratégia do governo de forçar a migração do capital rentista para a produção estava no centro da campanha midiática. Do ponto de vista do capital financeiro mundial, a situação era pior ainda, visto que, antes da política monetária do governo Dilma, um especulador padrão poderia tomar um empréstimo a juros baixíssimos no mercado europeu ou dos Estados Unidos, investir em títulos brasileiros e ainda sair um robusto ganho.

Então, pode se concluir que a baixa remuneração dos juros no Brasil afastou temporariamente o capital especulativo, o que desencadeou a agressividade dos editores de The Economist e de seus sócios locais.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

China Abrirá o Setor Bancário ao Capital Privado

Dentre as novas medidas liberalizantes anunciadas pelo Partido Comunista Chinês, causa perplexidade a abertura do setor bancário para o capital privado. Ver: China to allow private capital to set up banks: CPC document. Disponível em: http://news.xinhuanet.com/english/china/2013-11/15/c_132891917.htm

Esta tendência já havia sido sinalizada por Wen Jiabao, ex-Primeiro Ministro da China, em 22 de janeiro deste ano. Veja a reportagem do Diário do Povo: Chinese premier calls for financial reform push. Disponível em: http://english.peopledaily.com.cn/90785/8101393.html

Comentário

O objetivo da abertura, já delineado durante o governo anterior, de Hu JIntao e Wen Jiabao, era o de abrir o setor bancário para o capital privado com vistas a trazer à luz um setor bancário informal no país. Muitas pequenas empresas buscavam recursos junto a redes informais de bancos que não eram controlados pelo Banco Popular da China, o banco central do país. Ademais, a abertura do setor bancário se insere numa perspectiva estratégica de médio e longo prazos de internacionalizar o Reminbi ou o yuan, a moeda chinesa. Para que isto ocorra, é preciso criar junto à comunidade financeira internacional a "respeitabilidade" que pode atrair a confiança das grandes corporações e garantir parte de sua riqueza financeira possa ser nominada em títulos da moeda chinesa.

Se pode parecer paradoxal a medida (e é), no entanto, é preciso compreender a história do socialismo para tentar compreender a política chinesa. Durante as duas últimas décadas de existência, a economia da União Soviética enfrentava a ameaça de um mercado negro que acabou por solapar o poder do PCUS. Com os preços congelados e a oferta estrangulada, formou-se um mercado paralelo que está na origem dos grupos ditos "mafiosos" da Rússia atual. Para um país como a URSS, onde o aparato policial era bastante respeitável, parecia ser impossível que grupos mafiosos atuassem no mercado negro sem o conhecimento de autoridades governamentais. Se assim o faziam, era porque contavam com o apoio de setores do próprio Partido Comunista. O problema se mostrou insolúvel quando Gorbatchev tentou instituir uma economia de mercado no país e arejar a economia. Sua derrocada, e a derrocada da própria União Soviética, se deveu porque as máfias de dentro e fora do Partido já eram mais poderosas do que o próprio sistema. Muitas das hoje mega-corporações capitalistas russas tem sua origem nesses grupos mafiosos.

O governo da China, preocupado muito mais com questões pragmáticas, como o desenvolvimento econômico e a acumulação de capital, abandonou a ideologia e trata de trazer à luz sua economia paralela. Dessa forma, controlará os novos grupos econômicos com maior vigor.

SUPERAÇÃO DE UMA BIRRA

Pensando nas palavras de Chico Buarque, em Choro Bandido:

"Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons"

Por conta disso, faço as pazes com o poeta, mas não com o político, Caetano Veloso.

Ouçam o Eclipse Oculto, de 1983, ano em que acreditávamos que o futuro seria bem melhor do que se tornou.


terça-feira, 12 de novembro de 2013

URGENTE: GOVERNO DA CHINA ANUNCIA REFORMAS ABRANGENTES


CHINA-BEIJING-18TH CPC CENTRAL COMMITTEE-THIRD PLENARY SESSION (CN)


Xi Jinping, general secretary of the Communist Party of China (CPC) Central Committee, addresses the third Plenary Session of the 18th CPC Central Committee in Beijing, capital of China, Nov. 12, 2013. The session lasted from Nov. 9 to 12. (Xinhua/Lan Hongguang)

BEIJING, Nov. 12 (Xinhua) -- The 18th Central Committee of the Communist Party of China (CPC) on Tuesday approved a decision on "major issues concerning comprehensively deepening reforms" at the close of their four-day meeting.

Entrusted by the Political Bureau of the CPC Central Committee, Xi Jinping, general secretary of the CPC Central Committee, delivered a work report to the third Plenary Session of the 18th CPC Central Committee, held from Nov. 9 to 12 in Beijing.

The general objective of the approved reforms is to improve and develop socialism with Chinese characteristics and push on with modernization of the country's governing system and capabilities, according to the communique issued after the session.

China must build on the paramount reality that it remains in the primary stage of socialism and will long remain so while pursuing comprehensive, deeper reform. China must stick to the strategic judgement that development is still the key to solving all problems in China, the communique said.

It is most important to adhere to the leadership of the CPC, it said.

Economic reform is key, and the core solution is the proper relationship between the government and the market, leaving the market to play the decisive role in allocation of resources and the government to play a better role, it said.

Decisive results must be achieved in key sectors, and a well-developed, scientific, procedure-based and effective framework must be in place by 2020 to ensure institutions in all sectors be more mature, according to the communique.

China will stick to the dominant role of public ownership, playing the leading role of the state-owned economy, while encouraging, supporting and guiding the non-public sector, enhancing its vitality and creativity, it said.

A united and open market system with orderly competition will be built so that the market will play a "decisive" role in allocating resources, according to the communique.

Government functions must be transformed in a manner to build a law-based and service-oriented government.

The reform also includes building a modern fiscal system that supports the initiative of both central and local governments.

China aims to improve a new type of relations between industry and agriculture and between urban and rural areas.

China will lower the investment threshold, step up the development of free trade zones and increase opening-up of inland, coastal and border areas.

Greater importance will be attached to perfecting a democratic system and enriching democratic forms to show the advantages of China's socialist political system.

China will deepen judicial system reform and step up building a socialist judicial system that features justice, high efficiency and authority to uphold the rights and interests of the people.

Power must be supervised by the people and exercised transparently.

China will follow the development path of a socialist culture with Chinese characteristics.

Reforms must be accelerated in the social sector including education, employment, income distribution, social security and public health.

The country will establish a state security committee, improving systems and strategies to ensure national security, according to the communique which called for the innovation of systems to effectively prevent and end social disputes and improve public security.

The communique also urged building of a comprehensive system for ecological progress that protects the environment.

Modern armed forces with Chinese characteristics will be built, the communique said.

The CPC will set up a central leading team for "comprehensively deepening reform." It will be in charge of designing reform, arranging and coordinating reform, pushing forward reform and supervising the implementation of plans.

A total of 204 full members and 169 alternate members of the CPC Central Committee attended the plenum.

Standing committee members of CPC Central Commission for Discipline Inspection, leading officials from relevant departments, some grassroots-level delegates to the 18th CPC National Congress as well as experts and scholars were also present at the plenary session as non-voting delegates.

COMENTÁRIO

A Terceira Seção do 18º Comitê Central do Partido Comunista Chinês terminou nesta terça-feira com o anúncio de reformas abrangentes. Reconhecendo que a garantia do crescimento econômico depende de reestruturações no modelo, foram anunciadas medidas de caráter genérico, que serão posteriormente detalhadas por um grupo de trabalho criado pelo Partido. Dentre elas, destacam-se:

1) O mercado exercerá um papel muito importante na economia chinesa, uma vez que é visto como mais eficiente e um melhor alocador de recursos;

2) O modelo econômico chinês será direcionado para o setor de serviços. A prioridade é aumentar o consumo interno e diminuir a dependência do setor externo. Cabe lembrar que enquanto países desenvolvidos possuem o setor terciário por volta de 75%, na China há muito espaço para crescer, visto que o setor responde por aproximadamente 50% do PIB, dados de 2012;

3) Mudanças nas formas de propriedade, diminuindo o papel do Estado e ampliando os setores não-públicos. As mega-empresas estatais, 112 ao todo, poderão contar com a participação de capital privado, adotando modelos de gestão corporativos;

4) O sistema jurídico será reformado com vistas a criar um "estado de direito" que proteja o direito dos cidadãos e das empresas;

5) Modernização da defesa. Asim como no período das reformas de Deng Xiaoping, o Partido reafirma a necessidade de continuar a modernização das forças armadas e de mantê-las sob o controle do PCCh;

6) Eco-civilização. Tal como definido na reforma do Estatuto do PCCH, em 2012, a construção de uma sociedade social e ambientalmente justa, melhorando a gestão dos direitos de propriedade sobre os recursos naturais e impondo taxas maiores sobre os direitos de uso de bens ambientais;

7) Novas relações cidade-campo. Serão estabelecidas novas relações entre os moradores do campo e da cidade com vistas a equilibrar o bem estar e o beneficiar camponeses. Atualmente, aqueles que deixam suas terras e rumam à cidades não possuem os mesmos direitos dos moradores registrados nas cidades. Apesar de não explicito, haverá uma reforma no sistema de registro de pessoas, o Hukou. Também haverá mudança na estrutura fundiária, permitindo a criação de empresas nas propriedades coletivas;

8) Relaxamento das regras sobre investimentos. Serão incentivados investimentos estrangeiros e ampliadas as Zonas de Livre Comércio no interior do país e nas áreas fronteiriças. Também serão criados incentivos tributários nos setores considerados prioritários pelo governo.

Assim que surgirem novos detalhes traremos informações mais detalhadas.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

From People´s Daily: Report shows jump in Chinese students going to the US

Link: http://english.peopledaily.com.cn/203691/8453255.html

By Chen Weihua and Zhao Xinying (China Daily) 07:55, November 12, 2013

A student gets advice about studying in the United States during the Beijing International Education Exhibition. More and more Chinese students have headed to the US for undergraduate and graduate study in recent years. (China Daily/A Jing)
Thanks to the rising family incomes, China continues to send more students to universities and colleges in the United States than any other nation.

During the 2012/13 academic year, Chinese student enrollments increased by a hefty 21.4 percent annually to more than 235,000, according to the 2013 Open Doors Report on International Educational Exchange, released on Monday.

According to the report from the Institute of International Education, the number of international students enrolled in US establishments of higher education in the academic year rose 7.2 percent to more than 819,000.

Of all international students in the US, 28.7 percent were from China. The rise in the number of undergraduate students from China was especially dramatic, increasing by 26 percent from the previous year.

Consultants said the number of Chinese students pursuing undergraduate education in the US had increased rapidly mainly because of the growing Chinese economy, as the cost of a four-year education in the US for a Chinese child is typically more than 1 million yuan ($163,000).

"As more families in China are becoming wealthy, an increasing number of Chinese parents can afford the high tuition and living expenses for their children to study for four years in the US," said Gao Yanding, founder of Yanding US-China Education, a consulting institute for Chinese students in the US.

Gao also said the advanced teaching and management methods, as well as the well-established knowledge systems in the US universities are attracting more and more Chinese students and their parents.

"The parents believe that in US universities, their children can get things domestic universities cannot offer," he said.

The ages of the students is another factor parents have to take into account when considering sending their children overseas, Gao said.

"Some Chinese parents don't want their children to study in the US too early, worrying that young kids cannot take good care of themselves, but when the children grow to 18 or 19 years old, it's time to let them go," he said.

A breakdown of the figures shows that 39.8 percent of Chinese students in the US were undergraduates, while 43.9 percent were graduates. The remainder included 10.2 percent in optional practical training, a US policy for international students on F-1 visas to work in the US for one year after graduation to get practical training to complement their field of study.

The report shows that students from the top three countries of origin — China, India and South Korea — now account for 49 percent of the total number of international students in the US.

But China was the only one of the three showing a rise in numbers, as enrollments from India and South Korea declined.

The number of Chinese students in the US started to grow in the 1980s. In the 1988/89 school year, the mainland beat Taiwan as the leading supplier and held that position until it was replaced by Japan in 1994/95. In 1998/99, China again became the leading source of foreign students for three years until it was replaced by India.

But in 2009/10, China topped the list again and has held first place ever since.

Life experience

Chinese students in the US said that one of the biggest attractions of getting an education there is the opportunity to experience something different in life.

"The most attractive thing within the US education system is that it gives students a lot of freedom and many opportunities," said Sun Siyi, a senior student at Penn State University majoring in energy business finance as well as broadcast journalism.

Sun said that choosing a double major in journalism after her sophomore year was a hard decision, because she only has two years left, and she hadn't taken any courses in journalism before.

"But the US universities allow students to arrange their own study schedule. Students have lots of opportunities to do a double or triple major, take a gap year, extend their graduation time or choose to be part-time students while working," she said.

Sun said the tuition fees at her university are about $32,000 and the living expenses are about $20,000 each year. She said her parents are able to handle the costs of her education in the US.

"They are very supportive of my studies in the US," Sun said. "They only hope that I can gain more personal growth and broaden my horizons by learning from other cultures here."

Comentário

Houve uma época em que os estudantes chineses nos Estados Unidos não tinham estímulo para voltar ao seu país. Muitos deles ajudaram a construir a reputação que hoje possui o Vale do Silício. Atualmente, a maior parte desses estudantes regressa à China onde ajudam no desenvolvimento científico e tecnológico de seu país.

Mesmo nos Estados Unidos, muito de sua enorme produção acadêmica se deve à excelência de estudantes vindos da China, da Índia, da Coréia do Sul e Taiwan. Sem poder importar cérebros, a liderança tecno-científica dos Estados Unidos não seria tão inconteste como ainda o é.


Por que não o Brasil?

Na última viagem à China, em outubro de 2013, fiz dois deslocamentos de trem de alta velocidade (TAV). O primeiro, entre Pequim e Wuhan, de aproximadamente 1200 km.; o segundo, entre Wuhan e Xangai, de aproximadamente 1000 km. Ambas as viagens duraram 5 horas. Em termos de Brasil, seria como viajar de São Paulo a Porto Alegre ou de Salvador a Brasília em 5 horas.

Por aqui, o TAV entre Campinas e Rio de Janeiro é apenas uma possibilidade. E veja que estamos tratando de uma distância inferior a 500 km em linha reta. Na China, a rede de TAV começou a ser montada em 2005 e hoje ela conta com quase 10.000 km.

Me chamou atenção também uma ponte em construção na cidade de Wuhan, mais uma que corta o Rio Yangtsé naquela cidade. A primeira, rodo-ferroviária, foi construída na década de 1950 com forte apoio soviético. Esta mais nova será a quinta. Sua construção teve início no ano passado e já está prestes a ser concluída.

Por aqui, os gaúchos sonham com a ponte sobre o estuário do Guaíba, assim como os caiçaras sonham com uma ponte ligando Santos a Guarujá, uma distância bem menor do que cruzar o terceiro maior rio do mundo. Há até uma foto da ponte, distribuída em 2010 nas vésperas da eleição para governador. Vejam como as coisas ficam bonitas no photoshop:

Agora vejam a maior ponte do mundo, localizada na Baia de Qingdao, província de Shandong, com 41,58 km de extensão. Sua construção durou três anos, entre 2007 e 2011. Maiores informações: http://en.wikipedia.org/wiki/Jiaozhou_Bay_Bridge

Uma pergunta: poderia um promotor ou um juiz de primeira instância bloquear uma obra das dimensões de Belo Monte na China?

domingo, 10 de novembro de 2013

RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA BUSCAM ESTREITAR LAÇOS POLÍTICOS - LEIAM O COMUNICADO CONJUNTO

Joint Communiqué of the 12th Meeting of Foreign Ministers of Russia-India-China held in New Delhi
November 10, 2013
The Foreign Ministers of the Republic of India, the Russian Federation and the People’s Republic of China met in New Delhi on 10 November 2013 for their 12th Meeting. The meeting was held in an atmosphere marked with cordiality and warmth.

2. The Ministers reiterated the importance attached to the Russia-India-China Trilateral format as a platform to foster closer dialogue and practical cooperation in identified areas among the three countries. They stressed that this cooperation was not directed against any other country. They expressed their resolve to strengthen the trilateral dialogue for consultation and coordination on regional and global issues of mutual interest in the spirit of openness, solidarity, mutual understanding and trust.

3. The Meeting took place in the backdrop of evolving political scenario in the Middle East and North Africa, upcoming 9th WTO Ministerial Conference in Bali, numerous challenges in putting the world economy back on growth track, concerns relating to terrorism, transnational organized crime, illicit drug trafficking, natural and man-made disasters, food security and climate change. The Ministers agreed to continue to consult and coordinate with each other to contribute to addressing these regional and global challenges in a responsible and constructive manner.

4. The Ministers expressed their condolences and sympathy to the people and the Government of the Republic of Philippines at the loss of lives following the typhoon that struck the country recently.

5. The Foreign Ministers of the Russian Federation and the People’s Republic of China recalled successful outcomes of the recent bilateral visits of India’s Prime Minister Dr. Manmohan Singh to Russia and China.

6. The Ministers agreed that the world had entered a new era of establishing a multipolar international system in line with the realities and needs of the 21stcentury.The Ministers reiterated commitment to work together for a more stable, secure and fair system of international relations based on the rule of international law, equal partnerships between states and respect for the purposes and principles of the UN Charter. They agreed to remain engaged with each other with a view to strengthening the central role of the UN in maintaining international peace and security and ensuring steady social and economic development.

7. The Ministers welcomed the 12thTrilateral Academic Conference held in New Delhi on 20-22 November 2012. This marked the conclusion of the 4thround of trilateral exchanges commenced in 2001 amongst scholars from the Institute of Chinese Studies (ICS), Delhi; the Institute of Far Eastern Studies (IFES) Russian Academy of Sciences and China Institute of International Studies (CIIS).

8. The Ministers noted with satisfaction that the 5th Trilateral RIC experts meeting on Disaster Relief was held in Chengdu, China on 13-14 November 2012. The meeting agreed to further enhance the trilateral cooperation on information sharing, technology exchanges and personnel training in this area.

9. The Ministers reiterated that terrorism is a threat to international peace and security and a grave violation of human rights and a crime against humanity. They condemned terrorism in all its forms and manifestations, committed by whomever, wherever, and for whatever purposes. The Ministers affirmed the need for all States to join efforts in combating terrorism under the auspices of the United Nations, based on the UN Charter, the relevant UN Security Council (UNSC) resolutions, the Global Counter-Terrorism Strategy and relevant principles and norms of international law.They condemned in the strongest terms the terrorist attack in Beijing on 28 October 2013.
10. The Ministers agreed that there cannot be ideological, religious, political, racial, ethnic, or any other justification for acts of terrorism.They underlined the need to bring to justice perpetrators, organizers, financiers and sponsors of terrorist acts.
11. The Ministers expressed deep concern about the deterioration of the security and humanitarian situation in Syria and condemned the increasing violations of human rights and of international humanitarian law as a result of continued violence. The Ministers welcomed the adoption of UNSC resolution which endorsed the Organization for the Prohibition of Chemical Weapons (OPCW) Executive Council decision calling on Syria to comply with all aspects of the OPCW decision. They further welcomed the framework agreement reached between Russia and the US on the time-bound safeguarding and destruction of Syria’s chemical weapons stockpiles and also the recent steps taken by Syria to accede to the Chemical Weapons Convention. The Ministers urged for early convening of International Conference on Syria (Geneva-II), to take forward the Geneva-I Communiqué adopted on 30 June 2012, which will bring all Syrian parties to the conflict to the negotiating table. Any settlement of the crisis should meet the legitimate aspirations of all sections of Syrian society and respect for Syrian independence, territorial integrity and sovereignty. The Ministers reiterated that there is no military solution to the conflict.

12. The Ministers reaffirmed that the Israeli-Palestinian conflict remains an urgent and key issue for the international community, the resolution of which is a prerequisite for building a sustainable and lasting peace in the Middle East region. The Ministers expressed support to the resumed Palestinian-Israeli negotiations and called on the international community to assist both Israel and Palestine to work towards a two-state solution resulting in a sovereign, democratic, independent, united and viable Palestinian state, with East Jerusalem as its capital, existing side by side in peace with Israel, within secure borders, on the basis of relevant UNSC resolutions, the Madrid Principles and the Arab Peace Initiative.

13. The Ministers discussed the evolving situation in Egypt. They viewed Egypt as a stabilising factor in the Middle East region and wished Egypt to promote national reconciliation as soon as possible to continue to play that role, contributing to peace and prosperity in the region.

14. The Ministers expressed deep concern over the continuing situation in Afghanistan and acknowledged that the main threat to Afghanistan's security, stability and prosperity is terrorism, radicalism and violent extremism. They stressed upon the need for joint and concerted efforts to combat terrorism in all its forms and manifestations, including elimination of terrorist bases and safe havens and cutting off all financial and tactical support to terrorism.
15. The Ministers stressed the importance of the international community remaining engaged in Afghanistan and fulfilling its commitments on civilian and security assistance during the period of transition and through the decade of transformation in Afghanistan. In this context, they called upon developing the capability of Afghan National Security Forces so as to enable it to shoulder the responsibility for security of Afghanistan. The Ministers reaffirmed the imperative need for the international community to continue to actively support Afghanistan’s peaceful reconstruction and help Afghanistan to achieve peace, stability and prosperity. They emphasized the importance of Afghanistan’s regional integration through expanding its trade and transit networks as well as its regional connectivity.

16. The Ministers stressed the core coordinating role of the UN in promoting peace and stability in Afghanistan. They reaffirmed readiness to closely interact on Afghanistan in the framework of the UN and within other international fora and regional initiatives, including the Istanbul Process, the Regional Economic Cooperation Conference on Afghanistan, the Shanghai Cooperation Organization (SCO), the Collective Security Treaty Organization (CSTO) and the South Asian Association for Regional Cooperation (SAARC). Russia and India welcomed and expressed full support to China for hosting the Fourth Ministerial Meeting of the Istanbul Process in 2014.

17. The Ministers held the view that the evolving situation in Afghanistan is closely linked with security of the region. They believed that achieving broad and inclusive reconciliation is the key to enduring peace and stability of Afghanistan. The Ministers reiterated that the national reconciliation in Afghanistanshould be Afghan-led, Afghan-owned and Afghan-driven, as laid out in the 20 July 2010 Kabul Conference Communiqué and further elaborated in the 5 December 2011 Bonn Conference Conclusions supported by the Government of Afghanistan and the international community.

18. The Ministers expressed concern about the scale of illicit drug production and trafficking in Afghanistan. They underlined that revenue from drug trafficking is one of the main sources of financing terrorist organizations. The Ministers emphasized the urgent need for the international community to counteract illicit production and trafficking of drugs of Afghan origin in line with the provisions of the Paris Pact and the SCO Anti-Drug Strategy.
19. The Ministers reaffirmed that being responsible States that possess advanced nuclear technologies, Russia, India and China considered it as their common task to prevent proliferation of nuclear weapons and contribute actively to strengthening the nuclear non-proliferation regime. They welcomed progress on nuclear security and underlined the importance of upholding and implementing the consensus understandings reached at the 2010 Washington and 2012 Seoul Nuclear Security Summits.

20. The Ministers called for the early resolution of the Iranian nuclear issue through political and diplomatic means on the basis of a step-by-step approach and reciprocity to restore international confidence in the peaceful nature of Iran’s nuclear programme. They recognized Iran’s right to peaceful uses of nuclear energy, including for uranium enrichment under strict IAEA safeguards and consistent with its international obligations. The Ministers supported the intensification of the negotiation process to resolve this issue.
21. The Ministers expressed concern at the growing threat of the use of information and communication technologies for criminal and terrorist purposes, as well as for purposes that are inconsistent with the UN Charter.They reiterated that it is important to contribute to and participate in a peaceful, secure, and open cyberspace and emphasized that security in the use of Information and Communication Technologies (ICTs) through universally accepted norms, standards and practices is of paramount importance.
22. The Ministers considered the UN to be the foremost multilateral forum entrusted with bringing about hope, peace and sustainable development to the world. They expressed strong commitment to multilateral diplomacy with the United Nations playing the leading role in dealing with global challenges and threats. In this context, they reaffirmed the need for a comprehensive reform of the UN, including its Security Council, with a view to making it more effective, efficient and representative, so that it can deal with today's global challenges more successfully.

23. The Ministers reiterated the importance attached by their countries to cooperation within BRICS. In this context, they reaffirmed their determination to work together to further strengthen BRICS as a mechanism for consultation, coordination and cooperation on global and regional political and economic issues of mutual interests.

24. The Foreign Ministers of China and Russia supported India's active engagement with and positive contributions to the Shanghai Cooperation Organization.

25. The Ministers stressed the need to develop an open, inclusive and transparent security architecture in the Asia Pacific region based upon universally agreed principles of international law. They underscored the importance of the East Asia Summit as a forum for dialogue and cooperation on broad strategic, political and economic issues of common interest with the aim of promoting peace, stability and economic prosperity in East Asia. They underlined the necessity to further strengthen coordination and cooperation in various regional fora such as the ASEAN Regional Forum (ARF), ASEAN Defense Ministers Plus (ADMM-Plus), Asia-Europe Meeting (ASEM), Shanghai Cooperation Organization (SCO), Conference on Interaction and Confidence Building Measures in Asia (CICA) and Asia Cooperation Dialogue (ACD).India and Russia expressed their support to China for hosting the CICA Summit in 2014.

26. The Ministers noted the rising role of the Asia-Pacific region in international affairs and supported regional integration and cooperation. The Ministers recognized the important role played by Asia-Pacific Economic Cooperation (APEC) towards creating conducive environment for promoting trade and investment as well as regional integration in the Asia-Pacific region. Foreign Ministers of China and Russia noted India's growing economic profile and its important role in the global economic growth and its significant economic and trade linkages with APEC members and supported the openness of APEC.

27. The Ministers recognized that the world economic growth was facing vulnerabilities and numerous challenges. They underlined the need to boost multilateral cooperation in order to tackle these challenges. The Ministers welcomed the outcomes of the G20 Saint Petersburg Summit held under the Russian Presidency. They stressed that the continuous implementation of its recommendations with respect to the decisions aimed at accelerating world economic growth, midterm fiscal consolidation, higher employment, building an open world economy and promoting development will facilitate the resolution of the key global economic issues.

28. The Ministers stressed the need for the G20 to remain focused on the core issues of addressing coordination of macro-economic policies to deal with the evolving global economic and financial issues as well as the reform of institutions of global economic governance including the IMF quota and governance reforms.

29. The Ministers noted the significance and relevance of Millennium Development Goals [MDGs] and the contribution to the social and economic development of countries across the globe. Emphasizing the need to accelerate the implementation of MDGs, the Ministers reiterated their commitment to the overarching goal of poverty alleviation and, in that context, expressed hope that the post-2015 Development Agenda will be focused on poverty eradication, economic growth, job creation, social inclusion and sustainable development. They emphasized that it should be applicable to both developed and developing countries and at the same time preserve the national policy space and priorities of developing countries. They recalled all the principles of Rio Declaration on Environment and Development, including the principle of common but differentiated responsibilities. The Ministers underscored that provision of additional financial resources, technology development and transfer as well as capacity building assistance from developed to developing countries are key components of any international compact for development cooperation.

30. The Ministers reiterated the need for Members to work with an open mind and show flexibility to achieve successful outcomes at the forthcoming WTO Ministerial Conference (MC9) in Bali, in December 2013 which would be a stepping stone to future progress in the Doha Development Agenda negotiations, in accordance with its development mandate.

31. The Foreign Ministers of Russia and China appreciated India’s active role and contribution to further the goals and objectives of Asia-Europe Meeting (ASEM) and to provide a renewed relevance to ASEM by re-orienting its discussions towards tangible cooperation among ASEM partners in key areas of mutual interest. In this context, they congratulated and extended their full support to the External Affairs Minister of India for hosting the 11th ASEM Foreign Ministers’ Meeting (ASEM FMM11) in New Delhi on 11-12 November 2013.

32. The Foreign Ministers of the Russian Federation and the People’s Republic of China extended their warm appreciation and sincere gratitude to the External Affairs Minister of the Republic of India for hosting and making excellent arrangements for the meeting in New Delhi.

33. The Foreign Ministers of the Russian Federation and the External Affairs Minister of the Republic of India thanked the Foreign Minister of the People's Republic of China for his offer to host the next Trilateral meeting in 2014 and pledged their full support.

New Delhi
10 November 2013

COMENTÁRIO

As três potências nucleares buscam superar suas históricas diferenças e garantir a estabilidade política na Euro-Ásia. Tratam de assuntos globais, como os conflitos na Síria, Afeganistão e a crise política no Norte da África. Buscam criar um corredor de comércio na antiga "Rota da Seda" e também reafirmar a importância do Grupo dos BRICS como um espaço estratégico para a cooperação entre os parceiros e para lutar por uma maior democratização das organizações internacionais.

Veja como a Agência Xinhua tratou deste tema: http://news.xinhuanet.com/english/china/2013-11/11/c_132876354.htm



sábado, 9 de novembro de 2013

Grande expectativa com a Terceira Sessão Plenária do 18º Comitê Central do Partido Comunista Chinês

Leia a seguir interessante artigo do Global Times, da China:
Hopes run high for historic meet: Link: http://www.globaltimes.cn/content/823575.shtml#.Un6n2_mc8Z4

"The 18th Central Committee of the Communist Party of China (CPC) will convene Saturday in Beijing for a key meeting which is expected to lay out a blueprint for China's reform in the next decade.

The four-day Third Plenum of the 18th CPC Central Committee will have participants review draft decisions on major issues. The incumbent CPC Central Committee's nearly 380 members and alternate members will attend the meeting.

The third plenary session comes a year after China completed its once-in-a-decade leadership transition. Such a plenum after the transition often serves as a critical juncture for pushing reform and opening-up.

Reuters commented that the plenum is a more important event for the world economy and for global geopolitics than the budget battles, central bank meetings and elections that attract much more attention in the media and financial markets.

In the run-up to the plenum, top Chinese leader Xi Jinping has repeatedly vowed that reform will be carried out using an all-around approach.

An editorial published Friday in the People's Daily, a publication of the CPC Central Committee, said China's economy is in urgent need of sustainable development, its society in desperate need of solution to outstanding conflicts, and people yearn for fairness and justice.

"None of these can be done without deepening reform," said the editorial. "The reform is shifting from addressing specific economic issues to being intertwined with socioeconomic conflicts, and it is now expanding from the economic system to comprehensive reforms to the nation's economic, political, cultural, social and ecological systems."

Wang Qinwei, a China economist with London-based Capital Economics, told the Global Times, "Just 10 or 20 years ago, China pushed reform in the fashion of 'crossing the river by feeling the stones,'" he said, referring to a Chinese proverb which indicates a cautious approach to experimentation. "However, in the current situation, reforms in certain areas can hardly be pushed forward alone. It needs compatible reforms on other fronts to move ahead under a comprehensive framework."

The anticipated measures include reforms to income distribution, social security, rural land ownership and systems of administration to unleash growth potential.

Derek M. Scissors, a resident scholar at the American Enterprise Institute, wrote on The National Interest journal that China is not anywhere close to becoming the world's leading technological power.

However, Scissors said "another decade or two of true market reform could make China a competitor of the US at the high end, over the next breakthroughs in telecom, biotechnology and energy."

Experts agree China's reform process has entered unchartered territory.

"With the low-hanging reform fruits having mostly been picked, the new leaders have to confront more protracted problems, such as the need for reform of the social security system, land ownership and the SOE sector, under a more complicated social and economic environment," Chang Jian, a Hong Kong-based economist at Barclays, said in a research note sent to the Global Times earlier this month.

Compared with the Third Plenum of the 11th CPC Central Committee convened in 1978, the diversification of social groups over the past 35 years has made it more difficult to forge a consensus on the path of reform, Jiang Yong, a research fellow with the Beijing-based National Strategic Research Center, told the Global Times.

"The 18th National Congress of the CPC held in 2012 set the tone for the mid- and long-term path for China, so we can expect a continuation of those policies," Jiang said.

In another article in the People's Daily, the CPC's Party History Research Center said to those who "preach the indiscriminate copying of the Western system" that the Party will "uphold its leadership."

"Given the potential for social instability, it is only realistic to expect that most reforms will involve gradual steps, rather than a rapid overhaul of the current system," Chang noted."


Comentário:

Está claro que o sentido das reformas a serem anunciadas indica para uma maior liberalização da economia. No entanto, diante de tensões sociais criadas pelo rápido crescimento, como o aumento da desigualdade de renda, a falta de direitos sociais para os trabalhadores migrantes e ainda a insegurança dos camponeses frente a eventuais desapropriações de terras, levarão o Comitê Central do PCCh a dosar o processo de maior abertura com ampliação dos direitos sociais.

Sou testemunha de que como o rumo da nova rodada de reformas não é consenso na sociedade chinesa. Em reunião realizada no Instituto de Estudos Latino-americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais, em 11 e 12 de outubro de 2013, pudemos verificar como o debate intelectual é bastante difuso. Enquanto um grupo de acadêmicos defendia a mercantilização da posse da terra, conferindo títulos de propriedade aos camponeses, ou defendendo a adoção de um modelo previdenciário similar ao chileno, outro se levantava contra este processo advertindo sobre os perigos decorrentes da especulação com as terras por parte de indivíduos e governos locais e pelo risco de uma ocidentalização sem controle social.

Os resultados dessa reunião são aguardados com ansiedade nos principais centros decisores do mundo. Terça-feira nossa ansiedade acaba.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Chinese president meets Brazilian VP in Beijing

O Vice-Presidente Michel Temer se encontra em viagem oficial à China para discutir avanços na cooperação biliteral no bojo da III Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). De acordo com o Ministério de Relações Exteriores, em Pequim, o Vice-Presidente será recebido pelo Presidente da República Xi Jinping; manterá reunião de trabalho com o Vice-Presidente da República Li Yuanchao; e participará de encontros empresariais. Durante a visita, será avaliada a implementação do Plano Decenal de Cooperação Brasil-China 2012-2021, com destaque à área econômico-comercial, com ênfase na promoção do agronegócio e de oportunidades de investimentos em programas brasileiros de infraestrutura. Será também discutida a evolução da agenda bilateral em ciência, tecnologia e inovação; cooperação espacial; e em educação e cultura. Em Cantão, o Vice-Presidente presidirá, juntamente com o Vice-Primeiro-Ministro Wang Yang, a III Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). A Cosban é o mecanismo de diálogo político de mais alto nível entre Brasil e China. Integram sua estrutura onze Subcomissões, que cobrem todo o universo das relações bilaterais. Já em Macau, participará da cerimônia de abertura da IV Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau). O Fórum de Macau foi criado em 2003 e reúne a China e os países de língua portuguesa, com o objetivo de promover o comércio, os investimentos e a cooperação educacional e cultural. O portal de notícias Xinhua fez a seguinte reportagem: BEIJING, Nov. 7 (Xinhua) -- Chinese Vice President Li Yuanchao on Thursday held talks with his Brazilian counterpart, Michel Temer, in Beijing, vowing to promote solidarity and cooperation among BRICS countries. Li said China and Brazil are both at an important period of economic and social development, having broad potential in developing a bilateral comprehensive strategic partnership. He expressed hope that the two sides could strengthen political and strategic mutual trust, and push forward cooperation in the economy and trade, investment, energy, mining, infrastructure, finance and agriculture. He also called on both sides to enhance coordination on major international and regional affairs, so as to jointly boost solidarity and cooperation among BRICS countries and push for an in-depth development of the China-Latin America comprehensive partnership of cooperation. Temer said bilateral relations have been uplifted comprehensively in recent years. Brazil hopes the two sides can maintain the momentum of high-level exchanges, expand pragmatic cooperation and strengthen coordination on multilateral affairs, so as to benefit people from the two countries, he added. Before the talk, Li held a welcome ceremony for Temer at the Great Hall of the People. Link: http://news.xinhuanet.com/english/china/2013-11/07/c_132868074.htm