sexta-feira, 15 de novembro de 2013

China Abrirá o Setor Bancário ao Capital Privado

Dentre as novas medidas liberalizantes anunciadas pelo Partido Comunista Chinês, causa perplexidade a abertura do setor bancário para o capital privado. Ver: China to allow private capital to set up banks: CPC document. Disponível em: http://news.xinhuanet.com/english/china/2013-11/15/c_132891917.htm

Esta tendência já havia sido sinalizada por Wen Jiabao, ex-Primeiro Ministro da China, em 22 de janeiro deste ano. Veja a reportagem do Diário do Povo: Chinese premier calls for financial reform push. Disponível em: http://english.peopledaily.com.cn/90785/8101393.html

Comentário

O objetivo da abertura, já delineado durante o governo anterior, de Hu JIntao e Wen Jiabao, era o de abrir o setor bancário para o capital privado com vistas a trazer à luz um setor bancário informal no país. Muitas pequenas empresas buscavam recursos junto a redes informais de bancos que não eram controlados pelo Banco Popular da China, o banco central do país. Ademais, a abertura do setor bancário se insere numa perspectiva estratégica de médio e longo prazos de internacionalizar o Reminbi ou o yuan, a moeda chinesa. Para que isto ocorra, é preciso criar junto à comunidade financeira internacional a "respeitabilidade" que pode atrair a confiança das grandes corporações e garantir parte de sua riqueza financeira possa ser nominada em títulos da moeda chinesa.

Se pode parecer paradoxal a medida (e é), no entanto, é preciso compreender a história do socialismo para tentar compreender a política chinesa. Durante as duas últimas décadas de existência, a economia da União Soviética enfrentava a ameaça de um mercado negro que acabou por solapar o poder do PCUS. Com os preços congelados e a oferta estrangulada, formou-se um mercado paralelo que está na origem dos grupos ditos "mafiosos" da Rússia atual. Para um país como a URSS, onde o aparato policial era bastante respeitável, parecia ser impossível que grupos mafiosos atuassem no mercado negro sem o conhecimento de autoridades governamentais. Se assim o faziam, era porque contavam com o apoio de setores do próprio Partido Comunista. O problema se mostrou insolúvel quando Gorbatchev tentou instituir uma economia de mercado no país e arejar a economia. Sua derrocada, e a derrocada da própria União Soviética, se deveu porque as máfias de dentro e fora do Partido já eram mais poderosas do que o próprio sistema. Muitas das hoje mega-corporações capitalistas russas tem sua origem nesses grupos mafiosos.

O governo da China, preocupado muito mais com questões pragmáticas, como o desenvolvimento econômico e a acumulação de capital, abandonou a ideologia e trata de trazer à luz sua economia paralela. Dessa forma, controlará os novos grupos econômicos com maior vigor.

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