sábado, 2 de novembro de 2013

SOBRE ATIVISTAS E CACHORROS

Duas temáticas têm pautado a imprensa brasileira nos últimos dias. A primeira, a prisão de ativistas do Greenpeace na Rússia, entre os quais se encontra a brasileira Ana Paula Maciel. A outra, diz respeito à invasão de uma empresa de pesquisas que resultou na retirada de cachorros que eram utilizados como cobaias para experimentos científicos. Aparentemente, a simpatia com as duas causas é imediata: no primeiro, ativistas bem intencionados procuravam impedir a extração de petróleo e gás numa área sensível, como o é o Mar Ártico. O segundo, uma preocupação com a vida de animais inofensivos, como os cachorrinhos Beagles que eram utilizados nos experimentos. As almas mais caridosas se posicionam imediatamente contra a “truculência” do governo russo por prender ambientalistas e também contra o uso de animais em experimentos. No entanto, cabe uma pergunta: é possível analisar estes temas sem pieguice e de maneira mais racional? No caso do Greenpeace, onde está o direito de invadir o mar territorial de um país e interferir numa atividade produtiva e esperar isso não seja prontamente respondido por um governo soberano? E se os ambientalistas russos invadissem uma plataforma da Petrobrás em Campos com o argumento de que não se pode interferir no ecossistema marítimo em seu entorno. O que deveria fazer o governo brasileiro dentro das normas legais? Já com relação aos animais utilizados em experimentos, torna-se uma hipocrisia tentar evitar o teste de medicamentos em cachorros que podem curar vidas humanas. Quantos milhares de pessoas estão neste momento ansiosos por um medicamento que lhes dê alguma esperança de vida? Quanto das pessoas que se posicionam favoráveis à destruição de experimentos não utilizam os resultados de seus frutos? Este tipo de ativismo me faz lembrar uma tragédia: o trecho de duplicação da Rodovia Regis Bitencourt (BR-116), na Serra do Cafezal, está paralisado há anos por conta de licenças ambientais. Nesse período, as mortes vêm se multiplicando e daí eu pergunto: quanto vale uma vida humana... e centenas?

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