domingo, 1 de dezembro de 2013

A QUEM INTERESSA A INSTABILIDADE POLÍTICA NO EXTREMO ORIENTE?

Desde 2005, o governo chinês tem se esforçado em difundir sua estratégia pacífica de desenvolvimento. Em setembro de 2011, mais uma vez o Conselho de Estado da China (China, 2011) lançou um documento afirmando que a China necessita de um ambiente internacional de paz para garantir o seu processo de desenvolvimento e que não busca nenhuma proeminência, nem a nível regional e tampouco em nível mundial.

Não obstante, em outubro de 2011, no Havaí, a secretária de Estado norte-americana, Hilary Clinton, divulgava uma nova estratégia norte-americana de abandonar a conflitiva região do Oriente Médio para direcionar os esforços militares e estratégicos para a região da Ásia-Pacífico, local de maior potencial econômico e onde poderá ser garantida a sua liderança mundial. Desde então, os norte-americanos ampliaram a presença de tropas no porto de Darwin, na Austrália, e tem dado mostra de apreço aos países que desafiam a China nos conflitos territoriais no Mar da China Meridional.

Nessa região, chineses e outros países da Associação de Nações do Sudeste da Ásia (ASEAN), além de Japão e Coreia do Sul, disputam a posse de arquipélagos onde se presume existir jazidas de minerais estratégicos. Diante deste quadro, é preciso refletir sobre os possíveis desdobramentos desse eventual conflito de interesses entre China e Estados Unidos, além de especular sobre a viabilidade de uma superação de hegemonia dentro da ordem, evitando a ocorrência de perturbações de largas proporções, como ocorrera no período de 1870 a 1914.

É nesse contexto que se insere a mais nova "crise" no Extremo Oriente, desta vez relacionada à diretriz chinesa de incluir as Ilhas Diaoyu (ou Senkaku, para os japoneses) no controle do espaço aéreo chinês. Tal medida, anunciada em 22 de novembro passado, já foi testada com o sobrevoo de aviões norte-americanos sobre a área sem aviso prévio ao controle de voo chinês.

Cabe perguntar: os Estados Unidos estariam interessados em "testar" a estratégia pacífica da China ao agudizar uma relação tão tumultuada como a sino-japonesa? A quem interessaria uma nova Guerra Fria (ou Quente) na região? Os focos de atrito são inúmeros. Há disputas territoriais envolvendo a China com a Índia, com o Vietnam, com a Malásia, com as Filipinas e com o Japão. Ademais, a tensão na Península Coreana é sempre intensa, sendo um problema por si só, assim como o é o "problema" de Taiwan.

Penso que com paz e concentrada no seu crescimento a China não se converte em ameaça aos seus vizinhos. No entanto, ao exacerbar tensões, pode se levar a um improvável conflito de proporções catastróficas.

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