quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O Fascismo “descolado” do Politicamente Incorreto

“Há algo de podre no Reino da Dinamarca”, dizia Shakespeare pela boca do personagem Hamlet, em peça teatral de mesmo nome. A tal conclusão também cheguei depois de passar dias atrás por dois diferentes aeroportos e verificar nas livrarias pilhas de livros que tinham por título algo como “politicamente incorreto” associado à História e Filosofia.

Aparentemente, a moda parece ser coisa inocente e “descolada”, de gente engraçada que não suporta a “ditadura” do politicamente correto. Na prática, é um movimento de extrema direita importando dos Estados Unidos, o chamado “neocon”, que não passa de uma versão moderninha de fascismo.

Esses “descolados”, que surgem com ares de celebridade, vivem de atacar valores caros à democracia, como o respeito à diversidade, a busca pela igualdade e justiça social, a liberdade de crença e também à nossa História. Esse festival de insultos se escora na liberdade de expressão, algo que para eles não deveria ter limites e tampouco ser objeto de questionamentos de ninguém, inclusive das vítimas de seus insultos.

Mas afinal, o que é politicamente correto para ser objeto de ataques tão vis por parte dos “descolados” incorretos? Em síntese, o conceito de politicamente correto surgiu em países mais avançados com o objetivo de garantir a dignidade humana, enxergando nos membros da sociedade a sua essência e tratando de respeitar com ações e palavras aquelas características importantes de cada um, como a cor da pele, a etnia, a cultura, as opções política e sexual, a religião, a deficiência física, etc.

Ao atacar e humilhar uma pessoa ou grupo por uma característica específica o tal politicamente incorreto ataca a própria democracia. Na visão deles, os torturados deveriam rir de suas próprias chagas e congratular-se com seus torturadores incorretos. Isso não é só sem graça, mas é fundamentalmente perigoso, pois ao banalizar valores essenciais da democracia, atenta-se contra a dignidade humana. Isso é fascismo!

Publicado no Jornal Bom Dia Marília de 06/09/2012

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