segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A REUNIÃO DE DAVOS


Anualmente, a estação de esqui da Suíça, Davos, recebe o Fórum Econômico Mundial. O evento reúne a fina flor do capitalismo mundial: grandes financistas, presidentes de empresas multinacionais, economistas da moda e também diversos Chefes de Estado do mundo inteiro. O objetivo do Fórum é o de debater os grandes desafios da economia global e também articular investidores e governos para impulsionar novos negócios. É uma festa concorrida, mas os convidados são poucos.

Como diz o ditado, quem organiza a festa escolhe os comensais, os pratos e também a música ambiente. O Fórum de Davos reflete a visão do capitalismo financeiro, predominantemente neoliberal. As ideias lá discutidas dão o tom com que a grande imprensa mundial formará a opinião pública, tornando palatável para a população medidas que são tomadas justamente para prejudicar o seu interesse frente ao interesse do capital. Muitas vezes, quando a população de Portugal ou da Espanha sai às ruas, a grande imprensa doura a pílula amarga do desemprego como se isso fosse o ÚNICO caminho a seguir.

Esta mesma imprensa no Brasil tratou de dar ampla cobertura à participação da Presidente Dilma Rousseff no Fórum. Segundo seus articulistas, a presidente deveria ir a Davos para beijar a cruz do neoliberalismo financeiro e fazer “mea culpa” de sua política econômica que mantem baixo o nível de desemprego, que garante aos pobres o acesso ao consumo e ainda mantém a inflação mais baixa do que nos governos de FHC e Lula. Por outro lado, ela busca emparedar o governo com o objetivo de realizar reformas, como a trabalhista, que tem justamente o efeito de retirar direitos dos trabalhadores.

Seguindo a visão de Davos, recente editorial do jornal O Globo desfiava um rosário de críticas à política de valorização do salário mínimo, alegando que isto elimina a competitividade do Brasil. A menos que se queira reduzir o nível de vida do nosso povo ao nível de um haitiano médio, para com isso competir com a produção manufatureira do Vietnam ou de Bangladesh, a solução não está em arrochar os salários, mas sim melhorar a qualidade da formação de nossa força de trabalho, aumentar investimentos em ciência e tecnologia e fortalecer o nosso mercado interno, justamente com políticas que elevem o nível de renda no país mais desigual do mundo.

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