domingo, 9 de março de 2014

DEMOCRACIA E LIBERDADE DE IMPRENSA

Em 21 de janeiro de 2014, o Prêmio Nobel de Literatura, o peruano Mario Vargas Llosa, escreveu um artigo no jornal espanhol El Pais contestando a concentração da mídia em seu país. Segundo ele: “o fato de haver uma economia de mercado e respeito à propriedade privada não basta para, por si só, garantir a liberdade de imprensa em um país. Esta se vê ameaçada também se um grupo econômico passa a controlar de maneira significativamente majoritária os meios de comunicação escritos ou audiovisuais”.

Cabe lembrar que Vargas Lllosa não é nenhum esquerdista para falar mal da imprensa, logo, aqueles mais reacionários jamais poderão acusá-lo de ofender as liberdades individuais. Quando os governos de Venezuela, Bolívia e Equador criam uma legislação para democratizar a mídia e evitar a concentração, são acusados de ditadores. Quando o governo da Argentina cria uma “Ley de Medios” para quebrar o monopólio do Grupo Clarin, trata-se de uma medida de perseguição política da parte de um governo populista.

Agora, o que podem falar os reacionários quando o governo de direita do México, dirigido por Enrique Peña Nieto, promulga uma lei para desconcentrar a mídia, algo de afeta dois gigantes do mercado: a TELEVISA, maior grupo de televisão da América Latina, e a América Movil, do bilionário Carlos Slims, que aqui no Brasil controla a Claro, a Embratel e a NET. Tal lei surgiu de um pacto entre todos os partidos mexicanos para evitar que o poder midiático corrompa o sistema democrático.

Já no Brasil, o último país que acabou com a escravidão, o único país da região que se tornou um Império depois da independência, o único país da América do Sul a criar uma Comissão da Verdade, um país reacionário por natureza, quando se menciona quebrar o monopólio das organizações Globo o mundo vem abaixo. Não há como pensar em democracia no Brasil sem enfrentar o poder que poucas famílias têm de manipular e distorcer informações. Veja o exemplo da Petrobrás: comparativamente à Chevron, Exxon, Shell e BP, a empresa vai muito bem, obrigado! Mas por que a mídia quer desmoralizar a Petrobrás? Para comprar ações baratas ou para fustigar o governo? Ou ambos?

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