sexta-feira, 30 de agosto de 2013

MARÍLIA: UMA CIDADE INCULTA E DOENTE

O título do artigo desta semana pode chocar a alguns, mas está baseado na mais crua constatação: em nossa cidade se consume remédios com voracidade, mas se lê livros com a parcimônia de quem faz dieta. Alguém já contou a quantidade de farmácias que existe na Av. Sampaio Vidal, no trecho entre a Av. Rio Branco e a Rua São Carlos? Passa de uma dezena. Se a essas somássemos as das ruas no entorno, o número seria o dobro. No entanto, quantas livrarias há nesse mesmo trecho, a área nobre do comércio de Marília? Eu não levantei esta lebre, mas sim um professor da Universidade de Córdoba (Argentina) que estagiou na Unesp por um mês. Isto me fez pensar numa brincadeira dos colegas argentinos que dizem que na Av. Corrientes, no centro de Buenos Aires, há mais livrarias e teatros do que em todo o Brasil. Com vergonha reconheci que isso é muito próximo da realidade. Não vamos discutir sobre teatro porque “não se fala de corda em casa de enforcado”... Voltemos para os livros. No primeiro semestre de 2013, a cidade perdeu mais uma livraria: a do campus da Unesp, que faliu por falta de demanda. Não adianta falar das cópias de capítulos de livros, porque o problema é mais básico: a população brasileira é semianalfabeta, não apenas os pobres, mas também os “universitários”, a classe média e a elite. É mais rápido sorver um copo de Chopp do que ler uma página de livro. Apesar de tudo, há os heróis que ainda tentam sobreviver vendendo livros, mas a tarefa é tão inglória que tiveram que rechear suas livrarias com vinhos, instrumentos musicais, bolsas da Barbie e até mesmo confecções. Vender livro numa cidade doente e inculta é duro! Se por acaso a população que se diz alfabetizada lesse um livro POR ANO, seriam vendidos mais de 200 mil exemplares, considerando aí livros didáticos, de autoajuda, de dietas, religiosos e de vampiros. Se isso ocorresse, talvez tivéssemos menos farmácias (e também menos botequins), já que vender cultura também poderia ser uma atividade lucrativa. Publicado no Jornal Bom Dia Marília em 18/08/2013

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