sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O GOLPE E O ÓDIO QUE EMERGEM DAS RUAS

Há uma perplexidade geral com as manifestações que vem abalando o Brasil nos últimos dias. Elas começaram com um inexpressivo grupo que lutava pela gratuidade do transporte público e acabou por catalisar uma série de descontentamentos. Transporte, moradia, corrupção, educação, saúde, etc. são temas que todos os brasileiros gostariam de ver solucionados. Da mesma forma como são difusas as pautas, são difusos os manifestantes. Eles vão de militantes de grupelhos da extrema esquerda até grupos assumidamente neonazistas. No meio disso, uma massa fluída que não sabe qual será o desfecho de sua revolta. Chama atenção a postura da mídia. Quando a cobertura se restringia aos grupos do Movimento Passe Livre, ressaltava-se o radicalismo e a necessidade de a polícia agir com vigor. De uma hora para outra, a própria grande mídia passou a liderar a convocação de manifestantes e a incorporar no debate as pautas defendidas por seus editorialistas. Muito do que se vê como descontentamento, faz parte da pauta política destes grupos. É um ódio construído. A animosidade contra os grandes eventos internacionais vem de longe. Eu, que frequentemente passo por aeroportos, sempre deparo com alguém da elite torcendo o nariz contra a “nova classe média” e utilizando o bordão de “imagine na Copa?”. Uma revista semanal chegou a diagnosticar que os estádios só seriam entregues em 2037. De fato, as correntes que há tempos buscam desestabilizar o governo fizeram do limão limonada. Ao hostilizar os partidos e a classe política, indistintamente, jogam a massa no colo de fascistas, buscando viabilizar um golpe contra as instituições e quebrar o ciclo de governos progressistas, aqui e na América Latina. Derrubar o governo brasileiro será a senha para outros golpes. As pessoas que de boa vontade engrossam estas manifestações devem começar a refletir: para onde vai o movimento? As lideranças ditas “revolucionárias” tem algo a oferecer? O que fez a elite conservadora do Brasil, ao longo de cinco séculos, senão criar o país mais desigual do mundo? Vale o dito antigo acerca desse movimento: o que é bom, não é novo, e o que é novo não é bom! Melhor a chatice da normalidade democrática do que a adrenalina de ditaduras. Publicado no Jornal Bom Dia Marília em 23/06/2013

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